quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Uma bandeira pequenina

Nesta Festa de Nossa Senhora do Carmo de 2007, hasteamos a nossa bandeira como sinal de reconhecimento, agradecimento e cidadania. Não hasteamos apenas uma, mas seis. Porque somos cidadãos europeus, portugueses e aveirenses. Porque somos Igreja unida ao Bispo de Roma, inscritos na Diocese de Aveiro e somos não mais que uma pequena gotinha.
É isso que somos, uma pequenina gotinha. Não pretendemos ser mais do que somos, mesmo se, chegada a manhã, corremos o risco de ver chegar também o sol que queima a gota. Porém, somos também conscientes de que se tirássemos todas as gotas ao mar, até o mar deixaria de ser o imenso mar. E ainda: somos uma pequenina gota, mas dispostos a deixar de o ser, quando fôr chegada a hora de prestar contas do serviço que, sem mais, houveramos de fazer.
Passemos, brevemente, à descrição dos elementos que constituem a nossa bandeira:
AS CORES CASTANHO E O BRANCO
Um galão de um belo castanho térreo circunda o branco imaculado da bandeira. Estas sãos as cores naturais da Ordem do Carmo a que pertencemos. Branco, porque em esperança somos já concidadãos da família do Céu; castanho, porque muito em nós é ainda baixo e sujo, ainda que campo fértil onde desponta a santidade.

E UMA GOTA AZUL
No centro e seio da bandeira está inscrita uma grande gota de água. É azul esta gota. Azul de mar e azul de ria; azul de céu e azul de água azul. Porque estamos em Aveiro este azul tem todas estas cambiantes que banham e refrescam a nossa alma. Mas é ainda o azul de Nossa Senhora, que desde a sua conceição imaculada se veste de céu; e cuja afirmação e defesa deste privilégio teve nos Carmelitas a primeira iniciativa. E também azul, porque a Senhora do Carmo é Marinheira e corajosa Loba dos Mares; e ainda Stella Maris, estrela e guia serena; e ainda Stilla Maris, pequena gotinha de água do mar, como nós, mas sem mancha do salitre do pecado. Ela é nossa e do nosso povo; é pequenina como nós e nossa honra.

E DOIS MOLICEIROS E UM MONTE
Os moliceiros são de Aveiro e da nossa Ria. É por isso que ali estão, porque é aqui que nós estamos. É nestas margens que vivemos, rezamos, abençoamos, peregrinamos, confessamos. As duas proas apostas frente a frente, perfazem um monte: o Carmelo. Desse monte vimos, ali nascemos e jamais dele perdemos a memória. E esse é também o místico Monte para onde peregrinamos. Enquanto isso, bem sabemos só lá verdadeiramente haveremos de ver a glória de Deus, que resplandece noite e dia sem cansar nem se cansar.

E UMA CRUZ
No cimo do Monte do Carmo jamais falta uma cruz. Ela é o nosso sinal, o sinal que por mínimo que seja maximamente nos identifica. É ela que anunciamos, seja escândalo para uns ou perturbação para muitos. Na cruz esteve suspensa a Vida, que com a sua morte nos regalou a salvação. Por ela temos a certeza da ressurreição. A sua presença jamais em nós pode ser esquecida ou obnubilada.

E TRÊS ESTRELAS
DUAS DOURADAS E UMA PRATEADA
O Escudo do Carmo tem três estrelas. Naturalmente que as transplantamos para a nossa bandeira do Carmo de Aveiro. As duas douradas significam os nossos pais. Foram eles quem receberam do Espírito Santo o dom fundacional que nos gerou. Pela sua maternidade e paternidade espiritual deram à luz para o serviço da Igreja uma família que a ama e serve pela oração e pela contemplação. Nosso pai São João da Cruz e nossa mãe S. Teresa de Jesus são os nossos maiores e os nossos melhores, por isso orgulhosamente os inscrevemos a ouro nos brasões que erguemos.
A estrela prateada evoca mais uma vez a Imaculada, a Mãe do Céu e do Carmo, que nos deu o Santo Escapulário. Evoca ainda a primeira igrejinha dedicada à Senhora do Carmo e a gruta onde o Profeta Elias contemplava o Senhor.
(Chama 639, 15 de Julho de 2007)

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