domingo, 26 de dezembro de 2010

De Belém ao Egipto


Neste Domingo dentro da Oitava de Natal celebramos a Festa da Sagrada Família. Depois dos momentos difíceis vividos por Maria e José, em Belém, quando tudo prometia regressar à normalidade, eis que a Família de Nazaré tem de se refugiar no Egipto.
Com a Sagrada Família aprendamos a enfrentar as dificuldades com que se deparam as nossas famílias, procurando "viver no Senhor".
Estamos em tempo de Natal! Ontem festivamente celebrávamos a Solenidade do nascimento do Filho de Deus. No meio de muitas dificuldades, depois de uma penosa viagem desde Nazaré até Belém, quando chegou o momento de Maria dar à luz, todas as portas e hospedarias se fecharam, e o Menino Deus viu a luz numa pobre manjedoura! No entanto aquele acontecimento não ficou silenciado entre as paredes da pequena gruta de Belém. Os Anjos encarregaram-se de comunicar aos pastores o anúncio de tão sublime acontecimento. E depois da tempestade veio a bonança!
Uma nova vida se iniciava para Maria e José, e naquela noite começaram a sonhar com o amanhã. Pensavam regressar, quanto antes, a Nazaré, para retomar os trabalhos que tinham sido suspensos devido à viagem feita para o recenseamento. Sonharam que iriam trabalhar com mais entusiasmo para alimentar aquele Menino; Maria pensava fiar e tecer alguns paninhos! Maria e José sonharam na educação que teriam de incutir naquela criança, que não é nada fácil quando falta a experiência e a ajuda dos avoengos.
Mas, tudo se alterou, quando José, avisado por um Anjo, tem de explicar a Maria que devem, quanto antes, fazer as trouxas e fugir para o Egipto. Sim, para aquela terra onde há muitos séculos os seus antepassados tinham vivido na escravidão. Tudo, porque Herodes queria matar o Menino!
Não sabemos se tudo aconteceu como nos narra São Mateus, pois o trecho que nos fala da fuga para o Egipto pertence aos Evangelhos da Infância, onde mais que a questão histórica se situa a interpretação das Escrituras!
No entanto, fala-se da crueldade de Herodes, que, diz-se, mandou matar três dos seus filhos; também a "fuga" para o Egipto, poderia não ter passado de uma necessidade de emigrar, pois já desde o século. VI a.C. existia no Egipto una comunidade judaica em contínuo crescimento. O Egipto não era para os judeus somente o país da antiga escravidão, mas também um lugar de refúgio em tempos de perseguição. Além disso, no século primeiro surge a acusação de Jesus ter aprendido a magia no Egipto, pelo que o relato de São Mateus pode ser realmente histórico.
Mas para Mateus o exílio a Egipto tem, uma finalidade simbólica: O filho de Deus, Filho de Israel, tem de experimentar o Êxodo. Assim o Pai poderá chamar o seu Filho de Egipto.
Neste Domingo da Sagrada Família, somos convidados a meditar nos problemas que hoje se abatem sobre a instituição denominada "Família".
Começaria por lembrar que a Família de
Nazaré, não era tipicamente a família ideal judaica. De facto os filhos eram para os judeus uma "bênção de Deus", e a família de Maria e José tinha unicamente um filho, pelo que de alguma maneira se assemelharia às famílias dos nossos dias. Mas o sentimento de família é o mesmo, seja a família muito ou pouco numerosa, desde que os sentimentos sejam verdadeiros.
No entanto, os problemas da família não se dissipam com o passar dos tempos: Houve, há e haverá sempre problemas nas famílias, como, aliás, há em qualquer sociedade ou grupo organizado. Se hoje os problemas quotidianos da família são inegáveis, não pensemos que não os houve na família de Nazaré, como nos recorda o Evangelho deste Domingo.
Possivelmente os habituais problemas familiares se tornem mais acutilantes nos tempos de hoje. De facto nos tempos que correm deparamo-nos com tantas famílias desfeitas, tantas separações, tantos divórcios, acalentados por uma legislação, que se diz ser progressista, mas que pouco tem defendido a família. (Hoje o Estado, quando nos debatemos com uma falta de natalidade, parece preferir as uniões temporárias e os casamentos de pessoas do mesmo sexo, a pretexto da não discriminação social!).
A Família de Nazaré, é justamente chamada Sagrada, porque soube "viver no Senhor", sabendo enfrentar com fé todas as contrariedades, inclusive o exílio; foi uma família que soube dialogar, soube perdoar e, sobretudo, soube alimentar-se na oração.
Para as nossas famílias, hoje tão apoquentadas por problemas económicos e sociais, com as suas nefastas consequências, convidamos a tomar a Sagrada Família como modelo, procurando "viver no Senhor".
Chama Viva do Carmo | nº 776 | 26 Dezembro 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

AVISOS

SEXTA | 24
» 08H.00: Eucaristia
» Por ser Véspera de Natal será suprimida a Eucaristia das 18H.30
» Às 24H.00  será celebrada a missa da Vigília de Natal (MISSA DO GALO)

SÁBADO | 25
SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR
O horário das missas será o mesmo o mesmo dos domingos. Haverá missa às 10H.00, 11H.30 e às 18H.30
» 18HH.00: Oração de Vésperas

DOMINGO | 26
Sagrada Família (Festa)

NOVENA DE NATAL
Até ao dia 24, continuaremos a celebrar a Novena de Natal

Chama n.º 775 | 19 Dezembro ‘10

PREPARANDO O NATAL

Poucos dias faltam para a grande festa de Natal! Foram já muitas as canseiras que tivemos de enfrentar: a escolha das prendas e os cartões de boas festas; foram  os convites que fizemos para a Ceia ou almoço de Natal! Foram ainda as viagens que programamos, enfim tantas fadigas!
Estará, provavelmente tudo pronto,  ou quase, mas nem por isso vai diminuir a azáfama, pois falta sempre  um pormenor.  Mas, se tivermos um pouco de tempo, que sempre  se encontra,  meditemos no hino que se segue:



A Virgem espera o Messias!
Sonhar divino!
A Virgem pressente a aurora,
Do seu Menino.
De Nazaré a Belém;
Viagem dura!
Maria vive o Mistério
Com que ternura!

Vós que sonhais e esperais
Pela luz sem par,
Acolhei a Jesus Menino,
Que vai chegar!
O Senhor vai chegar!
É o Príncipe da paz!

O povo espera o Messias,
Em longo afecto,
Em breve, Jesus vai chegar.
Feliz o tempo!
Chegam José e Maria,
Já noite feita.
Procuram onde ficar;
Ninguém os aceita!

A noite já O adivinha:
“Estou alerta”!
O sol entoa à lua:
“Está Desperta”!
Sobre Belém de Judá, Virá uma Estrela,
Anunciar o Messias!
Brilhante e bela.


Chama n.º 775 | 19 Dezembro ‘10 


SÃO JOSÉ NOS CAMINHOS DE DEUS

O Quarto Domingo de Advento é dedicado a Maria, a Mãe de Jesus. Contudo, neste Ciclo A ao lado de Maria sobressai a figura de São José. Cremos ser legítimo que tal aconteça, pois José ocupa um lugar privilegiado no Mistério da Salvação. Como Maria ele é convidado a dar o seu “Sim”; Deus confiou-lhe a missão de ser o “Pai” de Jesus aqui na terra, missão que ele tão amorosamento desempenhou!


Ao caminharmos para o fim do tempo de Advento a Liturgia não poderia esquecer uma personagem, que embora, mantida, no silêncio, ocupa um espaço privilegiado na História da Salvação. Referimo-nos naturalmente a São José, o Esposo de Maria.
Estava Maria desposada, ou se quisermos prometida em casamento, a José, um homem do povo, humilde e trabalhador, que para uns era um ancião, enquanto outros defendem que era um jovem, mas para o caso pouco interessa. No entanto, ainda não tinham vivido em comum, quando após a anunciação, Maria, por obra e graça do Espírito Santo se encontra grávida!
José sabia que o filho que Maria trazia no seu ventre não lhe pertencia. Certamente, a primeira ideia que lhe veio à cabeça, foi pensar que a sua noiva lhe tinha sido infiel. Eram severas as leis judaicas em relação às mulheres adúlteras. Se recordarmos aquele episódio em que uns fariseus apresentaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada a cometer adultério, para que o Mestre, de acordo com a lei de Moisés, sentenciasse que a mesma fosse delapidada, isto é apedrejada até à morte, bem podemos imaginar as consequências da reacção do carpinteiro.
No entanto, José era um homem justo, e por isso para poupar Maria à desonra e difamação (no tempo de Jesus praticamente já não havia delapidações, pelo delito de adultério), resolve repudiá-la em segredo. Naturalmente que Maria passaria por uma vítima do despotismo de José, e José seria, certamente, censurado por todos por ter deixado a noiva com um filho, que todos pensariam ser dele!
Esta é leitura mais comum desta passagem deste trecho do Evangelho, mas há cada vez mais biblista que defendem uma nova leitura da figura de José. Para esses São José é um exemplo do homem aberto a Deus e aos seus planos, e as suas dúvidas não se fundam na hipotética infidelidade de Maria ou por ignorar tudo o que com Ela tinha acontecido.
Precisamente porque José já conhecia o mistério sucedido sabia que o filho concebido por Maria é obra de Deus, por isso, na sua humildade, não quer usurpar para si uma paternidade que já sabe que ser do Espírito.
Quer sair de cena, não compreende que ele possa ser incluído nos projectos de Deus. Como na Anunciação é um Anjo, mas desta vez em sonhos,  quem lhe revela que ele foi escolhido para cooperar no plano salvador de Deus, pedindo-lhe que aceite Maria por esposa, permitindo, assim, que o Messias seja descendente da  dinastia de David. 
José aceita a missão que de Deus lhe confia, tornando-se para todos, nós um modelo de disponibilidade à palavra de Deus.
Independentemente desta abordagem, evitando qualquer extrapolação, este trecho do Evangelho de Mateus, revela-nos a grandeza de São José, e a gloriosa missão que  Deus lhe confia.
São Mateus, começa por nos definir São José como um homem “justo”. Quem não se sentiria enaltecido com este atributo, que na Bíblia tantas vezes é atribuído ao mesmo Deus? 
Em segundo lugar, José torna-se um confidente de Deus; o Anjo revela-lhe os projectos de Deus, tornando-se o primeiro homem a conhecer as maravilhas que Deus iria operar em favor do Seu povo.
Em terceiro lugar há um pormenor, que por vezes nos passa desapercebido. O Anjo diz-lhe:”Maria dará à luz um Filho e tu pôr-lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados”.  Dar o nome aos filhos, era em Israel uma missão do pai, pois o mesmo aceitava a paternidade do recém- nascido! Assim Deus, como pediu a Maria que fosse a Mãe do Seu Filho, agora pede a José que aceite ser o “pai” do Menino que vai nascer.
Sempre se falou muito do “Sim” de Maria,  que bem merece os nossos louvores, mas nem sempre se reconhece o papel de José na história da Salvação, talvez, porque ele era  o homem da acção e não da palavra, como recorda São Mateus: “Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa”.
Como José e Maria, procuremos nós também, dizer “Sim” a Deus, ultrapassando egoísmos  e comodismos, pois só com entrega, amor, dedicação e doação é que acontece Natal, para nós e para todos os homens! 

Chama n.º 775 | 19 Dezembro ‘10 

sábado, 11 de dezembro de 2010

AVISOS

SEGUNDA | 13
Santa Luzia, virgem e mártir (MO)
» 18H.00: Oração de Vésperas de S. João da Cruz
» Após a Eucaristia das 18H.30, Exposição do Santíssimo e Vigília de Oração atè as 23H.00

TERÇA | 14
São João da Cruz, presbítero e doutor da Igreja (Solenidade).
» 18H.00: Coroa de São João da Cruz
» 18H.30: Solene concelebração eucarística em honra de São João da Cruz.

QUINTA | 16
Bem-aventurada Maria dos Anjos, religiosa (MF)

SEXTA | 17
» Início da Novena de Natal

CONCERTOS DE NATAL NA NOSSA IGREJA
» Dia 15: Concerto de Natal com a Filarmonia das Beiras e Coro do Departamento de Comunicação e Artes da Universidade de Aveiro, às 21H.30.
» Dia 18: Concerto   de Natal com a participação do Coral Vera Cruz e Coro Infantil Carmo de Aveiro (KICA), 21H.30.

Os Vicentinos encontram-se à saída da Igreja, a fazer  o peditório de Natal para os pobres daVera Cruz.


Chama n.º 774 | 12 Dezembro ‘10

COMENTÁRIO

Neste terceiro Domingo de Advento, tradicionalmente conhecido como Domingo “Gaudete”, o trecho do Evangelho proposto, mais uma vez nos fala de João Baptista, mas que vai desaparecendo de cena para dar o lugar a Jesus. 
A pregação do Baptista tinha desassossegado muitas pessoas, tinha colidido com interesses instalados, pelo que não admira que os visados procurassem silenciar a sua voz. E, não tardou muito, pois hoje encontramo-lo na prisão. Aí ele continua inquieto, e sente-se de alguma maneira frustrado porque anunciara a vinda de “alguém maior do que ele”. 
Entretanto, as notícias vão correndo por todo o lado, e não demoram muito a chegar ao cárcere onde se encontrava João, pois todos falavam das obras que realizava Cristo. Para desfazer as dúvidas que tinha, envia alguns dos seus discípulos com a missão de investigar se Cristo é realmente “aquele que havia de que vir”. Esta expressão usada pelo Baptista, tomada do livro do Profeta Isaías, pressupõe a vinda de um Messias violento, que usará a força para atingir os seus fins, e é essa imagem que está na mente de João, como, aliás, nos dizia o trecho do Evangelho do passado Domingo. 
No entanto, Jesus desmente essa imagem realçando que as suas obras messiânicas estão cheias de doçura e de salvação; em vez de julgar e de condenar, cura e liberta: “os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres”.
Mas, por estranho que pareça quer uma quer a outra visão do Messias, estão previstas na Escritura. De facto, naquela época havia dois conceitos opostos: uns esperavam os últimos dias como tempos de poder e de violência, outros, aguardavam tempos de libertação de felicidade. 
Se a visão que o Baptista tinha do Messias, a mesma que ele transmitira aos seus discípulos, é contrária à imagem e personalidade de Jesus, é o próprio Jesus que sai em defesa do profetismo de João, elogiando o seu Precursor, afirmando que ele é o maior dos profetas, já que “entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista”.
Procuremos seguir os caminhos Jesus para conseguir ser, pelo menos,  “o menor no reino dos Céus”.

Chama n.º 774 | 12 Dezembro ‘10

À PROCURA DO AMADO!

Após a reforma litúrgica, levada a cabo após o Concílio Vaticano II, a Solenidade de São da Cruz foi colocada no dia da sua morte, ou seja no dia 14 de Dezembro.  Para nós carmelitas, é mais um momento que nos é oferecido para intensificar a vivência do Advento, e consequentemente mais uma motivação para preparar o Natal do Senhor.


Felizmente, após a reforma litúrgica, levada a cabo após o Concílio Vaticano II, a Solenidade de São da Cruz foi colocada no dia da sua morte, ou seja no dia 14 de Dezembro (antes do Concílio a Solenidade de São João da Cruz tinha lugar no dia 24 de Novembro). Pelo menos, para nós carmelitas, é um momento que nos é oferecido para intensificar a vivência do Advento, e consequentemente mais uma motivação para preparar o Natal do Senhor.
São João da Cruz, ou melhor, João de Yepes, nasceu em Fontiveros, na província de Castela, em Espanha, possivelmente no dia 24 de Junho do ano de 1541, filho de Gonçalo de Yepes  e de Catarina Alvarez.
As crianças quando nascem sentem-se felizes, independentemente de nascerem numa família rica ou pobre, desde que se sintam amadas! Cremos foi isso que aconteceu com o pequenino João. Mas, ainda não tinham passado muitos anos e João sentiu um vazio na sua vida. Não sabia ainda o que era a morte, mas sentiu a tristeza quando de um momento para outro deixou de ter as carícias e os mimos do pai. Possivelmente não terá compreendido a ausência do pai! Talvez, pensaria, tenha ido a uma qualquer feira comprar tecidos para o seu labor de cada dia, estava a demorar-se! Não, Joãozinho estava enganado; o pai falecera, e ele 
doravante seria um órfão. Por isso,  não admira que João,  tivesse um olhar  sombrio, pesado, tristonho, pois nunca mais recebera as carícias  e os beijos do pai, e às vezes, tinha fome, e era pouca a comida.
Pouco tempo depois deixou de ter a companhia do seu irmãozinho, com quem tantas vezes brincara, o Luís, a quem, na sua inocência, Deus levar para si. Tinham-se acabado algumas brincadeiras, e se a tristeza de João aumentava, mais aumentavam as dores e preocupações de sua mãe. Nada corria bem; o negócio ia de mal em pior, os familiares não lhe prestavam ajuda, e tinha duas crianças para alimentar!
Catarina Alvarez não se resigna, não cruza os braços, e como a mulher forte, de que nos fala a Bíblia, deixa Fontiveros, e em 1548 parte para Arévalo, procurando uma sorte diferente. Foi uma desilusão, e por isso não admira que passados três anos a encontremos na então próspera cidade de Medina del Campo, famosa pelas suas feiras. 
Não aconteceu qualquer milagre, mas alguma coisa mudou!  João, graças à sua simpatia e dedicação, encontrou um mecenas que lhe proporcionou os estudos, a par de um trabalho de menino de recados. Após as primeiras letras, estuda humanidades com os Jesuítas de Medina del Campo de 1559 a 1563. Neste ano ingressa na Ordem do Carmo e prossegue os seus estudos na Universidade de Salamanca e no Colégio carmelita de Santo André, da mesma cidade.
Ordena-se sacerdote em 1567 e em Setembro celebra sua Primeira Missa em Medina, onde se encontra com Santa Teresa de Jesus, que lhe fala do seu projecto de Reforma da Ordem… e 28 de Novembro de 1568 começa uma vida nova para Fr. João. É certamente em Duruelo que se reforça, em João da Cruz, a busca do encontro íntimo com Deus. Talvez aí tenha começado a meditar nos primeiros versos que iriam dar corpo ao seu “Cântico Espiritual”,  que mais tarde iria redigir quando esteve encarcerado no Convento de Toledo, desde aquele tenebrosa noite de 3 de Dezembro de 1577 até ao dia da “Senhora de Agosto” do ano seguinte.
Aquele Poema, a que chamaram “Cântico Espiritual”, e que inicia com os versos: “Aonde é que tu Amado, Te escondeste deixando-me em gemido? Fugiste como o veado, havendo-me ferido; clamando fui por Ti; tinhas partido!”, narram-nos as vicissitudes que a alma [o homem] percorre a até se unir com Deus [o Amado].
Inspirado no “Cântico dos Cânticos”, aliado à poesia pastoril, então bastante em moda, ao longo de vários anos, São João da Cruz vai compondo o poema, que mais tarde irá glosando, e explicando.
O Cântico Espiritual  tem como pano de fundo a experiência pessoal do seu autor, São João da Cruz, sendo uma síntese da sua vida interior e exterior vivida em  íntimo amor.
Foi em momentos  de profunda vivência  mística que São João da Cruz escreveu a maior parte dos poemas da sua obra mais querida, a quem ele com ternura chamava: “As Canções”.
Como Ele continuemos a procurar o Amado!

Chama n.º 774 | 12 Dezembro ‘10

sábado, 4 de dezembro de 2010

AVISOS

TERÇA | 07
Santo Ambrósio, bispo e doutor da Igreja (MO)

QUARTA | 08
Imaculada Conceição de Maria, Padroeira Principal de Portugal (Solenidade).
É dia de preceito. O horário das missas é o mesmo dos domingos. 
Haverá misssa às 10,00;  11H.30 e às 18H.30. 
(A Eucaristia das 18H.30 de Terça-feira, serve par cumprir o preceito).
» 18H.00: Oração de Vésperas

SÁBADO | 11
Santa Maravilhas de Jesus, religiosa carmelita  (MF)
»  Aniversário da restauração da Diocese de Aveiro (1938).

NOVENA DE SÃO JOÃO DA CRUZ
Contiuamos a fazer a nossa preparação para a Solenidade de São João da Cruz.

Chama n.º 773 | 05 Dezembro ‘10

HINO À PADROEIRA

Na próxima Quarta-feira, dia 8, celebramos a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, a quem D. João IV, o Restaurador, proclamou, em Vila Viçosa no dia 25 de Março de  1646,  Padroeira e Rainha de Portugal, como fora deliberado nas Cortes de Lisboa em 1645.
Em homenagem à nossa Padroeira, aqui deixamos um hino  do Ofício de Nossa Senhora:


Rainha celestial,
Reparo das nossas dores,
Grandes são os teus louvores.

Senhora , como nasceste,
Tua virtude foi tanta
Que aquela embaixada santa
Com grande fé mereceste.
Tão continente viveste
Que não bastam oradores
Recontar os teus louvores.

A mercê que alcançaste
Nossa vida reparou,
Pois com teus peitos criaste
Aquele que te criou,
Foste causa que mudou
O grão senhor dos senhores
Em prazer as nossas dores.

Ó fonte de piedade, 
E mãe de misericórdia,
Quem de ti não faz memória
Vai muito longe da verdade.
És cheia de caridade
E de tamanhos primores
Que são grandes teus louvores.

Mitiga nossos tormentos
Que com tantos males crescem,
Pois nossos merecimentos
Sem os teus nada merecem.
Socorro dos que padecem
Que sejamos pecadores
faze-nos merecedores.

Chama n.º 773 | 05 Dezembro ‘10 

CONTINUAR A ESPERAR!

Neste Segundo Domingo de Advento encontramo-nos com o Profeta Isaías que “promete” um Mundo Novo, um Mundo de Paz com um Rei Sábio, Justo e Leal. Nesta perspectiva situa-se a pregação do Baptista, que nos convida a preparar os caminhos do Senhor. Embora esse reino tenha já sido  instaurado por  Cristo, constatamos que ainda não se realizou na sua plenitude. Por isso devemos continuar a esperar, cientes de que Jesus aguarda a nossa colaboração.
O tempo de Advento é um convite a abrir-nos à contínua vinda de Deus às nossas vidas. Por isso, cada ano, no segundo Domingo de Advento, recordamos como dirigidas a cada um de nós as palavras de profeta João Baptista: «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas».

O trecho do Evangelho deste Domingo é um apelo à conversão, porque “está perto o Reino dos Céus”. E, porque “um exemplo vale por mais de mil palavras”, é o próprio Baptista, que com o seu modo de agir e de viver, nos dá o primeiro exemplo: “João tinha uma veste tecida com pêlos de camelo e uma cintura de cabedal à volta dos rins; o seu alimento era gafanhotos e mel silvestre”.
A conversão a que nos convida o Baptista não se limita a uma mera mudança de comportamentos: esta conversão deve começar pelo reconhecimento da nossa condição de pecadores; quem reconhece que é pecador sente a necessidade da salvação; quem busca a salvação tem de se voltar para Deus, o único e verdadeiro salvador. Não é possível regressar a Deus se não mudarmos o nosso coração, a nossa maneira pensar, de ser e de agir, ou seja eliminar tudo aquilo nos leva à condição de pecadores.
Naturalmente que esta transformação, que passa necessariamente pela conversão de 
coração, tem de manifestar-se nas obras e acções de cada dia; se a nossa conversão não produzir frutos, significa que não houve qualquer mudança.
É a partir desta conversão pessoal que nós podemos instaurar aquele reino sonhado pelo Profeta Isaías. É verdade que já saiu um “ramo do tronco de Jessé” e um “rebento brotou das  suas raízes”. Daquele tronco envelhecido e carcomido pelo passar dos séculos, surgiu um rebento, um novo rei, mais forte do que David, mais sábio que Salomão.
Sobre Ele repousará o Espírito do Senhor que lhe conferirá sabedoria e inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Deus; será um rei justo e leal, que não se deixará iludir pelas aparências.
Estas palavras de Isaías, de uma grandeza mística, revelando uma enorme veia poética, são fruto de uma profunda experiência que o profeta tem do Deus vivo. No entanto, realizaram-se em Jesus Cristo, de forma surpreendente e plena, mas simultaneamente humana. A plenitude do Espírito apareceu nas palavras de Jesus, na sua Morte e Ressurreição. 
Esse Rei, e o seu reino, surgiu há cerca de dois mil anos, mas o seu reino vai crescendo muito lentamente, com avanços e recuos, porque ainda não conseguiu atingir o coração de todos os homens, pelo que não podemos considera-lo uma utopia!
Já o mesmo não se pode dizer da paz cósmica, que o profeta nos oferece quando diz: “o lobo viverá com o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos e um menino os poderá conduzir; a vitela e a ursa pastarão juntos, suas crias dormirão lado a lado; e o leão comerá feno como o boi”, pois Isaías nesta profecia, anuncia para o «fim dos tempos», um regresso ao paraíso primitivo: assim vivia Adão no meio dos animais. O que se nos promete é, pois, uma «nova criação», onde não haverá forças hostis ao homem; onde o homem não sentirá temor; onde os instintos agressivos estarão dominados; onde todos os homens poderão conviver em paz uns com os outros. 
E verdade que continuamos muito longe de atingir tais objectivos, mas devemos continuar a esperar, mas sobretudo devemos deixar que Jesus venha até nós, para que tomemos consciência que é nosso dever empenharmo-nos nessa missão!
Enquanto baptizados temos a obrigação de dar os frutos que Deus espera de nós, porque como diz João Baptista: “o machado já está posto à raiz das árvores [porque] toda a árvore que não dá fruto será cortada e lançada ao fogo”.
Se por um lado a mensagem de Isaías está repleta de esperança para os pobres, as palavras do Baptista surgem como um convite à conversão e mudança de vida, embora com um tom intimidatório, mas o importante é continuar a esperar, porque um dia, não sabemos quando, o Reino surgirá!

Chama n.º 773 | 05 Dezembro ‘10