sábado, 26 de março de 2011

AVISOS

DOMINGO | 27
O ofertório das missas deste fim de semana destina-se à Cáritas Portuguesa

QUINTA | 31
Quinta-feira do Menino Jesus
 » 18H.00:  O  Clube do Menino Jesus recita a coroinha em honra do seu Patrono.

SEXTA | 01
» 18h.00: Devoção da Via-sacra

Seminário de Vida Nova no Espírito
Na próxima Quarta-feira, dia 30,  às 21H.15,  o Dr. José Luís, abordará o tema “Ocultismo e Renúncia”

Estão em distribuição as listas de Leitores e Ministros da Comunhão para os próximos meses.

Viagem à Rússia
De 19 a 26 de Julho, sob a orientação do Fr. Silvino, vai realizar-se um passeio à Rússia, concretamente  às cidades de Moscovo e São Petersburgo. 
Os interessados podem pedir informações junto do Fr. Silvino.

Chama n.º 789 | 27 Março ‘11

CÁRITAS

A Quaresma é um convite à caridade. Já na Quarta-feira de Cinzas, no Evangelho, Jesus nos convidava à partilha: “Quando deres  esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita, para que a tua esmola fique em segredo; o teu Pai, que vê o que está oculto,  te dará a recompensa”.
A Igreja convida-nos a olhar para os mais necessitados neste terceiro Domingo da Quaresma, recolhendo para a Cáritas o ofertório das missas deste Domingo, promovendo ainda outras iniciativas, como os peditórios de rua, para este mesmo fim.
A Cáritas Portuguesa, presente em todas em dioceses, e ainda em diversas paróquias, é, pois, uma instituição da Igreja que procura dar auxílio aos mais carenciados.
Em Aveiro a Cáritas Diocesana, que tem a sua sede  na denominada “Casa do Bispo”, na  Rua do  Carmo, nº 42,  quase em frente ao quartel da G..N.R, tornou-se um local aonde acorre muita gente em busca de ajuda. Quem se der ao cuidado de passar  naquela zona quase sempre encontra pessoas à porta dessa instituição: uns vêm pedir ajuda económica, outras ajuda alimentar; outros dinheiro para aviar receitas ou  para pagar o gás, a electricidade,  a água, etc.
Mas a Cáritas Diocesana não se limita a essas necessidades; em Esgueira mantém o centro de Emergência Infantil de Aveiro, onde são recolhidas crianças em risco, e na sua sede tem em funcionamento um pequeno “abrigo”, onde pernoitam alguns “deserdados” da sociedade.
Embora seja uma instituição da Igreja Católica, a Cáritas não se limita a ajudar e apoiar unicamente  os seus membros, pois, todos, independentemente da sua crença ou religião, aí encontram uma porta amiga, mesmo aqueles que muitas vezes vociferam contra a Igreja e a religião!
Neste Domingo da Cáritas, procuremos ser generosos, embora vivamos em tempos de crise económica, e agora, também política, que certamente terá as suas consequências, cientes de que  estaremos a pôr em prática o mandamento do amor, permitindo que muitos pobres possam esboçar um sorriso!
Sinceramente espero que nunca   tenhamos necessidade de bater  às suas portas!

Chama n.º 789 | 27 Março ‘11

O POÇO DE ÁGUA VIVA

Passava um dia jesus na Samaria, quando chegou à cidade de Sicar. Estava cansado e  sedento, e junto do poço de Jacob, esperava  que alguém viesse em busca de água.
Chegou uma mulher samaritana a quem Jesus pediu água para beber. Perante a recusa da samaritana Jesus convidou-a a procurar a verdadeira água, aquela que mata a sede para sempre, apresentando Ele mesmo como o Poço da água Viva!  


Neste ciclo A, a liturgia oferece-nos o trecho da Samaritana.Para que possamos compreender o alcance e doutrina deste relato, devemos ter em conta um pouco a História de Israel. Sabemos que quando o povo Hebreu entrou na terra Prometida o território foi divido por doze tribos. Cada tribo, com o seu respectivo território tinha a sua identidade e a sua independência. Mas para se defenderem contra os antigos habitantes, particularmente contra os Filisteus, foram-se agrupando, até que todas as tribos formaram um único reino no tempo de rei David.
No entanto depois de Salomão o reino dividiu-se em dois: a Samaria a norte, composto por dez tribo e Judá a sul, somente com duas únicas tribos. Ambos os reinos tiveram as vicissitudes até que a Samaria, ou reino do Norte, viu desterrada uma grande parte da sua população, sendo repovoada com homens trazidos de cinco nações que trouxeram consigo os seus respectivos deuses. No entanto o rei deu-lhes um sacerdote que lhes ensinara o culto ao Deus daquela terra, e assim aprenderam o culto a Javé.  Construíram-Lhe um templo no monte Garizin. Destruído o templo de Jerusalém, então adoravam a Deus no santuário que naquele  monte tinham. Apesar de serem pouco versados na Escritura, e só aceitavam os  livros da Torah, ou seja os cinco primeiros livros da Bíblia, denominados Pentateuco, tinham uma  veneração por Moisés e  esperavam o Messias. Contudo, eram considerados cismáticos por parte dos judeus, como recordam os evangelhos: “Não se falavam os judeus e samaritanos”. 
Entretanto, muitos anos depois os samaritanos da região da Galileia, uniram-se aos Judeus tendo como centro de culto não o templo de Garizin mas o Templo de Jerusalém, onde todos os anos peregrinavam. 
Os Galileus para se dirigirem a Jerusalém tinham de cruzar o território da Samaria, onde muitas vezes eram hostilizados, pelo que não admira que os samaritanos tenham negado ao próprio Jesus o sagrado direito oriental da pousada, unicamente porque ia a caminho de Jerusalém.
É neste contexto que devemos situar o encontro de Jesus com a Samaritana. Era por volta do meio-dia, quando Jesus chegou a uma cidade da Samaria chamada Sicar, onde estava o chamado poço de Jacob. Jesus estava cansado e sentou-se à beira do poço!
Entretanto veio uma mulher da Samaria para tirar água do poço, e Jesus, quebrando todas as regras, pois um judeu não podia dirigir a palavra a uma mulher que estivesse sozinha, diz-lhe: “Dá-me de beber”. A samaritana, ciente dos preceitos da sua religião responde: “Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana?” 
Então Jesus aproveita para falar de outra água, contestando-lhe: “Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna”.
Ao princípio a samaritana, parece nada compreender, e pede a Jesus que lhe dê daquela água para que uma vez dessedentada nunca volte a ter sede, e não tenha de ir tantas vezes, com o balde, tirar água do profundo poço.
No entanto, vai-se-lhe abrir o entendimento quando Jesus lhe começa a falar da sua vida; afinal ela era uma mulher insatisfeita; tinha tido já cinco maridos, e o homem com quem actualmente vivia não era seu marido! 
Sem se dar conta a samaritana começa a beber  da fonte da água viva, começando por reconhecer em Jesus um profeta, e chegando à convicção que Ele era o Messias.
Cristo é a água viva, que lava os nossos pecados, convidando-nos também a mudar a de vida, deixando os antigos ídolos, para adorar a Deus em Espírito e Verdade. 
O cristão deve continuar a procurar as fontes de água viva. É verdade que já bebemos das fontes da água viva, quando mergulhámos nas águas da fonte  baptismal. No entanto, à semelhança da samaritana, continuamos insatisfeitos; ela fê-lo, durante muito tempo,  trocando de marido (aliás como hoje infelizmente vai acontecendo), nós, procurando novos “ídolos”, esquecendo-nos que Cristo é o único poço de água da vida, que nos pode dar a plena felicidade!  

Chama n.º789 | 27 Março ‘11

sábado, 19 de março de 2011

AVISOS

DOMINGO | 20
Procissão dos Passos:  Se o tempo o permitir , às 16H.00  realizar-se-á a procissão do Senhor Jesus dos Passos.

QUINTA | 24
» 18h.00: Oração de I Vésperas da Solenidade da Anunciação do Senhor.

SEXTA | 25
Anunciação do Senhor ( Solenidade)
» 18H.00: Devoção da Via-sacra
» Exposição do Santíssimo desde o fim da missa da 18H.30 até 21H.45.

Seminário de Vida Nova no Espírito
Na próxima Quarta-feira, dia 23,  às 21H.15,  O Pe. Rocha abordará o tema “Caminhar no Espírito.

Mudança de hora: No próximo fim de semana, na noite de Sábado para Domingo,  entramos na chamada hora de Verão, pelo que os relógios  devem ser adiantados uma hora.

Cáritas: O ofertório das missas do próximo fim de semana destina-se à Cáritas Portuguesa.

Chama n.º 788 | 20 MARÇO ‘11

A ANUNCIAÇÃO

Celebramos no próximo dia 25 a Solenidade da Anunciação do Senhor.  É um momento grande na História da Salvação, o momento em que o Filho de Deus encarna no seio de Maria.
Foi por Eva que o pecado entrou no mundo, quando se deixou seduzir pela serpente, pelo que não admira que Deus  tenha também  escolhido uma mulher, Maria, para reparar o mal, outrora,  cometido.
Deus podia certamente prescindir do homem na sua acção salvífica, mas não o quis fazer  para mostrar que o próprio homem pecador pode colaborar na salvação do mesmo homem.
Também cada um de nós pode colaborar na salvação da humanidade, se imitarmos Maria no seu gesto de doação ao Senhor, quando  na sua humildade diz ao Anjo: “Eis a escravo do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”.
E para que possamos imitar Maria, procuremos rezar  todos os dias a Oração do Anjo, que aqui transcrevemos:

V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria.
R. E Ela concebeu do Espírito Santo.
Ave Maria…

V. Eis a escrava do Senhor.
R. Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra.
Ave Maria…

V. E o Verbo divino encarnou.
R. E habitou no meio de nós.
Ave Maria…

V. Rogai por nós Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos 
Infundi, Senhor, como Vos pedimos, a Vossa graça nas nossas almas, para que nós, que pela Anunciação do Anjo conhecemos a Encarnação de Cristo, Vosso Filho, pela sua Paixão e Morte na Cruz, sejamos conduzidos à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Ámen.

Chama n.º 788 | 20 MARÇO ‘11

A TRANSFIGURAÇÃO E A PAIXÃO

O Evangelho deste Segundo Domingo da Quaresma narra-nos o episódio da Transfiguração. Jesus já tinha mostrado sobejamente  o seu poder  taumatúrgico, e pregava com autoridade, pelo que  nos poderia parecer desnecessára a Transfiguração.  No entanto Ele achou importante mostrar a sua grandeza para que os Apóstolos não vacilassem  diante da sua Paixão que estava para acontecer. 

O segundo Domingo da Quaresma é chamado o Domingo da Transfiguração, pois todos os anos lemos um trecho do Evangelho que nos narra este episódio.
O trecho que  São Mateus nos oferece neste Domingo é  precedido pelo primeiro anúncio da paixão. De facto, em Cesareia de Filipe, Jesus  perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” Os discípulos lá foram enumerando o que pensavam os homens da pessoa de Jesus. Depois dirigiu a pergunta aos seus companheiros, e Pedro, tomando a palavra disse: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”.
Perante este crescimento na fé, Jesus achou oportuno, dissipar quaisquer dúvidas, esclarecendo-os que tinha de subir a Jerusalém e sofrer muito, da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos doutores da Lei, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.  
O anúncio da viagem a Jerusalém, em direcção à cruz, deixou desalentados os discípulos. Eles descobriram a identidade de Jesus, reconheceram n’Ele o Messias, mas têm enormes dificuldades para seguir o seu caminho. Ficam desapontados perante a perspectiva do Calvário. Naturalmente que todos os discípulos ansiavam subir com Jesus a  Jerusalém,  mas  sonhavam  com    uma viagem triunfal!
Neste contexto de medo e incerteza, de dúvidas, Jesus introduz um situação esclarecedora.   Para ajudá-los a superar o escândalo da cruz, faz saborear a três dos seus apóstolos uma antecipação   da ressurreição; para animá-los a “suportar” as trevas ameaçadoras faz brilhar ante os seus olhos um deslumbrante resplendor da futura luz. 
Assim acompanhado de Pedro, Tiago e João, sobe a um alto monte. A montanha é, por excelência o símbolo da proximidade de Deus, e também é o lugar habitual das  revelações divinas. Eis então que se Jesus se transfigura: “o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes brancas como a luz. E apareceram Moisés e Elias a falar com Jesus […], uma nuvem luminosa os cobriu e da nuvem uma voz dizia: ‘Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência: escutai-O’”.
Do relato da transfiguração para além da imagem resplandecente de Jesus, que nos faz lembrar a figura de Moisés, quando no Sinai, recebia as Tábuas da Lei, devemos ressaltar as personagens que aparecem a falar com Jesus: Moisés e Elias.
Para os judeus Elias era o ideal do profeta, aquele que defende a fé em Javé contra toda 
a idolatria e os falsos profetas, por isso tem o privilégio de se encontrar cara a cara com Deus no monte  Horeb.
Moisés é o libertador, aquele que recebe no Sinai a Lei, e que conduz o povo Hebreu  durante quarenta anos, pelo deserto, ensinando o povo escolhido a ser dócil à voz de Deus.
Moisés e Elias eram, sem dúvidas, as grandes figuras do povo Hebreu, e consequentemente do judaísmo. Mas aquando da Transfiguração, a voz da nuvem, a voz do Pai, revela que doravante, quer Moisés quer Elias  estão ultrapassados, pois somente devemos dar ouvidos, devemos escutar a voz do Filho, a voz de Jesus!
Para Mateus a transfiguração cumpre uma função bem precisa na progressiva revelação do mistério de Cristo e no itinerário da fé do discípulo. Os discípulos já tinham compreendido que Jesus é o Messias e estão persuadidos de que o seu caminho conduz à cruz. Mas, contudo, não conseguem compreender que a sua cruz pode encobrir a glória. Por isso Deus concede-lhes, por um instante antecipar a Páscoa. Porém trata-se de uma antecipação passageira e fugaz; o caminho que temos que percorrer continua ser o caminho da cruz. De facto, os três discípulos predilectos (Pedro, Tiago e João), chamados a ver antecipadamente a glória de Cristo são os mesmos que dentro de algum tempo, no Getsémani, serão chamados a ver sua debilidade. 
A Transfiguração de Jesus é um “remédio”, para  os discípulos enfrentarem a realidade nua e crua da Paixão. Se os apóstolos, no Calvário, sentiram abalada a sua fé, o que teria acontecido se não tivessem contemplado a sua glória no alto do monte? 

Chama n.º 788 | 20 MARÇO ‘11

sábado, 12 de março de 2011

AVISOS

SEXTA | 18
» 18h.00: Devoção da Via-sacra
» 21H.00: Oração a Nossa Senhora da Soledade
» 21H.30: Transladação da Imagem de Nossa Senhora da Soledade desde a Igreja do Carmo para a Igreja da Vera Cruz

SÁBADO | 19
São José,  Esposo da Virgem Santa Maria e Patrono da Igreja (Solenidade)
» 18H.00: Oração das dores e alegrias de São José
» 21H.00: Visita às Igrejas do Carmo e da Vera Cruz, onde serão entoados os cânticos do ‘Miserere’ 

DOMINGO | 20
PROCISSÃO DOS PASSOS:
Se o tempo o permitir, sairá pelas 16H.00 , desta Igreja do Carmo, que  percorrerá  o itinerário habitual. No final será proferido o Sermão do Calvário.

Seminário de Vida Nova no Espírito
Na próxima Quarta-feira, dia 16,  às 21H.15,  a Irmã Paula (Schoenstatt) abordará o tema “Maria e a Oração”.

Chama nº 787 | 13 Março ‘11

A QUARESMA E O BAPTISMO

Estamos a viver a Quaresma, tempo litúrgico que nos conduz à Páscoa. No seu zelo pastoral o Papa, para ajudar os cristãos a viver mais intensamente este tempo penitencial, costuma dirigir uma Mensagem a toda a Igreja.
Este Ano o Santo Padre põe em relevo a íntima relação da Quaresma com o Baptismo. Dessa mensagem vamos partilhar convosco alguns parágrafos.  
Neste primeiro Domingo da Quaresma, em jeito de comunhão com o Santo Padre, e consequentemente com toda a Igreja, na nossa Chama Viva vamos oferecer alguns pensamentos extraídos da Mensagem de Bento XVI  para esta Quaresma.

Depois de afirmar que a Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante, porque  “a Comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor”, o Santo Padre escreve:
“Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Baptismo, quando, ‘tendo-nos tornado partícipes da morte e ressurreição de Cristo’  iniciou para nós ‘a aventura jubilosa e exaltante do discípulo’. São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada neste lavacro. O facto que na maioria dos casos o Baptismo se recebe quando somos crianças põe em evidência que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência ‘os mesmos sentimentos de Jesus Cristo’ é comunicada gratuitamente ao homem.[...]
O Baptismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do baptizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.
Um vínculo particular liga o Baptismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar ‘mais abundantemente os elementos baptismais próprios da liturgia quaresmal’. De facto, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Baptismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos. Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Baptismo como um acto decisivo para toda a sua existência.”
De seguida, o Santo Padre, meditando sobre os textos evangélicos que nos são propostos ao longo dos vários domingos da Quaresma, oferece-nos uma catequese das diversas etapas do ‘caminho a iniciação cristã’, escrevendo:
“O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição do homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida. [...] 
O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, ‘em particular, a um alto monte’.[...] É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus [...]
O pedido de Jesus à Samaritana: ‘Dá-Me de beber’, que é proposto na liturgia do terceiro Domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da ‘água a jorrar para a vida eterna’ [...]. Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, ‘enquanto não repousar em Deus’, segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.
O Domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: ‘Tu crês no Filho do Homem?’. ‘Creio, Senhor’, afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso Salvador.
Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: ‘Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?’ [...].  A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos e a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência: Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia.”
E Bento XVI depois de reafirmar a íntima união  da Quaresma e o Baptismo  que se torna mais evidente na Renovação das Promessas do Baptismo na Vigília Pascal, lembra-nos algumas práticas religiosas a ter em conta neste tempo litúrgico: a esmola, o jejum e a oração.
E o Papa conclui: “Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é ‘fazer-se conformes com a morte de Cristo’, para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela acção do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.”
Enfim, a Quaresma é um convite à renovação!

Chama n.º 787 | 13 Março ‘11

sábado, 5 de março de 2011

AVISOS

DOMINGO | 06
»17H.30: Adoração das Quarenta Horas

SEGUNDA | 07
» Adoração das Quarenta Horas: desde o final da missa das 18H.30 até às 21H.45.

TERÇA | 08
» Adoração das Quarenta Horas: desde o final da missa das 18H.30 até às 21H.45.

QUARTA | 09
» Em Quarta-feira de Cinzas, dia de Jejum e Abstinência, inicimos o Tempo da  Quaresma.
 » Nas missas deste dia haverá a cerimónia da Imposição das Cinzas.

SEXTA | 11
» 18h.00: Devoção da Via-sacra

Seminário de Vida Nova no Espírito
Na próxima Quarta-feira, dia 9, às 21H.15, a Aldeir, ajudará a reflectir  no tema Fé e Conversão.

Dia dos Leprosos:
O pedtório realizado nesse dia rendeu €601,04

Chama nº 786 | 06 Março ‘11

TIRAR A MÁSCARA

A Grécia Antiga foi uma civilização, que há séculos soube impor a sua cultura a todos os povos vizinhos. Como qualquer civilização, embora muitas hoje pareçam estar esquecidas, ofereceram à humanidade sua sabedoria e ciência, a sua arte e encantos. Falar da Grécia Antiga é lembrar os arquitectos, que desenvolveram os mais diversos estilos artísticos; é falar dos seus grandes poetas e historiadores, como Homero, de heróis, como Ulisses, dos seus Filósofos como Sócrates, Aristóteles e Platão.
Não seria justo não recordar igualmente o contributo da Antiga Grécia no  campo do teatro, onde sobressaíram, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes na tragédia, e Aristófanes na comédia.
No entanto na Antiga Grécia numa peça de teatro um mesmo actor representava três ou quatro personagens, e  a cada personagem correspondia uma máscara!
Hoje os homens já não usam máscaras, a não ser nalguns assaltos (o que se compreende) e outros só a usam  em dia de Carnaval. Os assaltantes fazem-no para se esconderem, seja das câmaras de videovigilância ou de eventuais testemunhas, enquanto no Carnaval estou em crer que o fazem porque querem mostrar a sua verdadeira imagem, porque querem deitar cá para fora o verdadeiro homem (ou mulher) que há no seu interior!
De facto vivemos num mundo mascarado, num mundo de aparência, onde atrás da maquilhagem se esconde a verdadeira essência do homem.
No próximo dia 9, Quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma. Nas celebrações  desse dia, quando sobre as nossas cabeças são depostas as cinzas, dizem-nos: “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” ou “Lembra-te, homem,  que és pó e que ao pó hás-de voltar”.
Este gesto é um convite a retirar  a máscara que encobre a nossa vida. De facto, às vezes julgamo-nos tão importantes, tão sábios,  tão inteligentes, e esquecemo-nos do que somos por dentro pó e mais pó, e que um dia teremos de voltar ao pó da terra!
Que a Quaresma  que nesse dia iniciamos seja um convite à conversão, à mudança de vida, pois efémera e transitória é a vida  sujeita à morte! 
Só podemos descobrir a imagem de Deus quando descobrirmos quem realmente somos!

Chama nº 786 | 06 Março ‘11

RESISTIR ÀS TEMPESTADE

Vivemos  numa época em que inúmeras tem sido as catástrofes naturais. Sofremos com a imagem dos que sofrem. Somos incansáveis na recolha  de bens para minorar o sofrimento daqueles nossos irmãos, especialmente quando nos estão afectivamene mais próximos.
Também tempestades se podem abater sobre os crentes.  Para resistir às mesmas só há uma saída: “ouvir da Palavra de Jesus e pô-la em pratica”.  


Estamos a chegar ao fim do Sermão da Montanha que temos vindo a ler ao longo dos últimos domingos. Foram palavras exigentes que Jesus foi dirigindo aos seus discípulos, pelo que o trecho que hoje nos é proposto surge como um “epílogo” do seu discurso: “como entrar no Reino dos Céus?”
“Entrar no Reino”, outra coisa não significar que “poder salvar-se”. Jesus começa por alertar que não basta escutar a sua palavra para que o homem se possa salvar.  
Muitas vezes pensamos que basta crer em Jesus ou receber auditivamente a sua mensagem, mas isso não é suficiente: é necessário transformar em obras essa mensagem.
E assim começa por esclarecer, que há nítida diferença da fé e das obras. Este será um problema que mais tarde estará em cima da mesa das discussões teológicas entre católicos e protestantes, e que também é aflorado pelo Apóstolo Tiago.
Basta ter fé para se salvar? É essa a pergunta que tantas vezes colocamos, como consequência do aforismo: “a fé salva”. Jesus no trecho do Evangelho de hoje, começa por dizer aos seus discípulos, que “nem todo  aquele que diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que faz de meu Pai que está nos céus”.
Das palavras de Jesus podemos chegar a uma primeira conclusão: não basta crer … é necessário fazer! 
Então Jesus conta uma parábola, que reflecte uma certa desconfiança das primeiras gerações cristãs em relação a certos movimentos que se aferravam a determinados carismas, como o dom dos milagres ou das curas, mas pouco comprometidas com a caridade cristã do dia a dia. Pretende-se combater um verbalismo religioso e uma vã pretensão que podiam causar danos na concepção da fé primitiva, também já aflorada por São Paulo nas cartas aos Coríntios. Pretende-se eliminar a tendência de fazer da fé algo fácil e bonito, mas que não termina numa prática consentânea com a mesma.
A parábola situa-se na antiga linha sapiencial do Oriente, em que a sabedoria ou prudência era a educação no sentido prático da vida humana, em ordem ao seu fim, partindo de convicções teóricas, em oposição à ignorância ou necessidade.
Então Jesus começa por afirmar: “Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha”.
Ao contrário de quem constrói sobre rocha firme há quem construa sobre a areia, ou talvez seria melhor dizer “construir junto ao leito de um torrente ou linha de água seca”, o que certamente aconteceria, nesse tempo com frequência, e que passados tanto séculos, após tantos avisos da natureza, ainda continua a acontecer, mesmos nos denominados países desenvolvidos. Quando assim acontece, quando há uma tormenta ou tempestade, vemos como essas casas se desmoronam, causando grandes tragédias. 
Aos que têm a leviandade de construir em tais circunstâncias, Jesus adverte: “Todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática  é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre areia; caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína”.
Nos últimos tempos muitas têm sido as catástrofes naturais que se  têm abatido nos mais diversos locais do planeta, e esquecendo algumas idas nos tempo, mas que ainda aconteceram há alguns meses, recordo as inundações  recentes na Austrália, que alagaram uma área superior à superfície de França e Alemanha juntas. Não é de admirar que muitas casas, e algumas construídas sob as melhores normas de segurança, tenham ruído para sempre.
Também os mesmos perigos se abatem sobre os discípulos de Cristo. Hoje, num tempo tão incaracterístico, muitas tempestades assolam a Igreja. Tantos cristãos, na debilidade da sua fé, deixaram-se levar pela torrente! 
Por isso, devemos fazer do Evangelho uma prática de vida, para resistir às tempestades que ardilosamente, desde os mais diversos ângulos,  se vão abatendo sobre a Igreja.

Chama nº 786 | 06 Março ‘11