sábado, 5 de março de 2011

RESISTIR ÀS TEMPESTADE

Vivemos  numa época em que inúmeras tem sido as catástrofes naturais. Sofremos com a imagem dos que sofrem. Somos incansáveis na recolha  de bens para minorar o sofrimento daqueles nossos irmãos, especialmente quando nos estão afectivamene mais próximos.
Também tempestades se podem abater sobre os crentes.  Para resistir às mesmas só há uma saída: “ouvir da Palavra de Jesus e pô-la em pratica”.  


Estamos a chegar ao fim do Sermão da Montanha que temos vindo a ler ao longo dos últimos domingos. Foram palavras exigentes que Jesus foi dirigindo aos seus discípulos, pelo que o trecho que hoje nos é proposto surge como um “epílogo” do seu discurso: “como entrar no Reino dos Céus?”
“Entrar no Reino”, outra coisa não significar que “poder salvar-se”. Jesus começa por alertar que não basta escutar a sua palavra para que o homem se possa salvar.  
Muitas vezes pensamos que basta crer em Jesus ou receber auditivamente a sua mensagem, mas isso não é suficiente: é necessário transformar em obras essa mensagem.
E assim começa por esclarecer, que há nítida diferença da fé e das obras. Este será um problema que mais tarde estará em cima da mesa das discussões teológicas entre católicos e protestantes, e que também é aflorado pelo Apóstolo Tiago.
Basta ter fé para se salvar? É essa a pergunta que tantas vezes colocamos, como consequência do aforismo: “a fé salva”. Jesus no trecho do Evangelho de hoje, começa por dizer aos seus discípulos, que “nem todo  aquele que diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que faz de meu Pai que está nos céus”.
Das palavras de Jesus podemos chegar a uma primeira conclusão: não basta crer … é necessário fazer! 
Então Jesus conta uma parábola, que reflecte uma certa desconfiança das primeiras gerações cristãs em relação a certos movimentos que se aferravam a determinados carismas, como o dom dos milagres ou das curas, mas pouco comprometidas com a caridade cristã do dia a dia. Pretende-se combater um verbalismo religioso e uma vã pretensão que podiam causar danos na concepção da fé primitiva, também já aflorada por São Paulo nas cartas aos Coríntios. Pretende-se eliminar a tendência de fazer da fé algo fácil e bonito, mas que não termina numa prática consentânea com a mesma.
A parábola situa-se na antiga linha sapiencial do Oriente, em que a sabedoria ou prudência era a educação no sentido prático da vida humana, em ordem ao seu fim, partindo de convicções teóricas, em oposição à ignorância ou necessidade.
Então Jesus começa por afirmar: “Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha”.
Ao contrário de quem constrói sobre rocha firme há quem construa sobre a areia, ou talvez seria melhor dizer “construir junto ao leito de um torrente ou linha de água seca”, o que certamente aconteceria, nesse tempo com frequência, e que passados tanto séculos, após tantos avisos da natureza, ainda continua a acontecer, mesmos nos denominados países desenvolvidos. Quando assim acontece, quando há uma tormenta ou tempestade, vemos como essas casas se desmoronam, causando grandes tragédias. 
Aos que têm a leviandade de construir em tais circunstâncias, Jesus adverte: “Todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática  é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre areia; caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína”.
Nos últimos tempos muitas têm sido as catástrofes naturais que se  têm abatido nos mais diversos locais do planeta, e esquecendo algumas idas nos tempo, mas que ainda aconteceram há alguns meses, recordo as inundações  recentes na Austrália, que alagaram uma área superior à superfície de França e Alemanha juntas. Não é de admirar que muitas casas, e algumas construídas sob as melhores normas de segurança, tenham ruído para sempre.
Também os mesmos perigos se abatem sobre os discípulos de Cristo. Hoje, num tempo tão incaracterístico, muitas tempestades assolam a Igreja. Tantos cristãos, na debilidade da sua fé, deixaram-se levar pela torrente! 
Por isso, devemos fazer do Evangelho uma prática de vida, para resistir às tempestades que ardilosamente, desde os mais diversos ângulos,  se vão abatendo sobre a Igreja.

Chama nº 786 | 06 Março ‘11

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