sexta-feira, 25 de junho de 2010

EXIGÊNCIAS DE UMA VIAGEM


Ser discípulo de Jesus, embora tenha as suas exigências e muitas dificuldades, não é uma coisa de heróis. Segui-l’O está ao nosso alcance, aliás, como esteve ao alcance de tantos e homens e mulheres que ao longo de vinte séculos souberam fazer do Evangelho de Cristo a sua cartilha de vida.

O trecho do Evangelho que hoje nos é oferecido marca o início de um longo caminho de Jesus que só termina no insondável encontro com o Pai. Todo o caminho tem, naturalmente, um trajecto material, mas o caminho que Jesus percorre até Jerusalém, é sobretudo um arquétipo, um modelo, no qual São Lucas vai expondo traços da peregrinação de todo o discípulo de Cristo.
O trajecto começou certamente na Galileia, onde durante alguns anos Jesus calcorreara os caminhos das terras confinantes com o lago de Genesaré, e algumas incursões em terras pagãs, como Tiro e Sidónia, Decápole, entre outras. O destino era Jerusalém, onde eram apedrejados e mortos os profetas.
A cena que queremos comentar tem lugar num lugar de Samaria, cujo nome é ignorado por Lucas. Samaria era a região situada entre a Galileia ao norte e Judeia, com capital Jerusalém, ao sul. Convém recordar que as relações entre judeus e samaritanos não eram precisamente as mais cordiais. Os samaritanos eram judeus de categoria inferior: tinham criado tradições próprias e só aceitavam os cinco primeiros livros da Bíblia, o denominado Pentateuco, e além disso tinham um templo próprio.
Tomara Jesus a decisão de se dirigir a Jerusalém, e mandara mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de encontrarem uma casa onde se pudesse hospedar o Mestre. No entanto aqueles samaritanos não os quiseram receber porque iam a caminho de Jerusalém, a capital da região dos seus inimigos de estimação.
Feridos no seu amor próprio de judeus, Tiago e João recordam a Jesus uma velha tradição judaica que falava do extermínio de uns samaritanos no tempo do profeta Elias, e eles estavam dispostos a fazer outro tanto: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?” Mas Jesus voltou-se e repreendeu-os. E continuaram viagem para outra povoação.
Mas o caminho como traçado geográfico continua, porque o que realmente importa é a vontade do seguimento. E se aqueles samaritanos não quiseram acolher Jesus outros homens estão dispostos a acolhê-l’O. Alguém oferece-se para O Seguir, mas Jesus responde-lhe: “As raposas têm as suas tocas e as aves do céu os seus ninhos”. A um outro é o próprio Jesus que lhe diz: “Segue-Me”, mas este pede a Jesus pede-Lhe que deixe primeiro sepultar os pais, o que não é consentido pelo Mestre. E Finalmente um terceiro, disposto a ser discípulos de Jesus pede-Lhe somente que o deixe despedir da família, ao que Jesus contesta: “Quem tiver deitado as mão ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus”.
Como podemos ver o caminho que nos é proposto a percorrer é simplesmente o caminho da vida cristã e não o da vida consagrada. Devemos lembrar que Lucas dedica o seu Evangelho a Teófilo, que quer dizer amigo de Deus. Cada cristão é um “Teófilo”. Já é tempo de devolver à vida cristã a perfeição que requer, pois a perfeição não deve um exclusivo da vida consagrada, como tantas vezes pensamos. Isto seria criar classes de cristãos, e simultaneamente desvirtuar o Evangelho.
O cristão, ao olhar à a sua volta, vê outros caminhantes que não são cristãos. E em certas ocasiões estes até se metem connosco, chegando inclusive à chacota e à rejeição, e até nos provocam, e por vezes à semelhança de Tiago e João, até desejaríamos extermina-los, tendo a tentação de também implorar a “ira divina”, para que lançasse chamas de fogo, ou qualquer outra calamidade e os destruísse, sem deixar rastos, mas Jesus diz-nos: “Segui o vosso caminho!”, pois só assim poderemos construir um mundo com novos valores, que como um pouco de fermento deve levar toda a humanidade.
Ser discípulo de Jesus, embora tenha as suas exigências e muitas dificuldades, não é uma coisa de heróis. Embora a atitude que teve com aqueles três homens que pretendiam segui-l’O pareça demasiado radical, e eu até diria mesmo, desumana, está ao nosso alcance, aliás, como esteve ao alcance de tantos e homens e mulheres que ao longo de vinte séculos, na sua simplicidade souberam fazer do Evangelho de Cristo a sua cartilha de vida.

nº 760 I 27 junho ‘10

SÃO PEDRO E SÃO PAULO


O mês de Junho, que caminha para o seu termo, é denominado entre nós como o mês dos Santos Populares. De facto há três santos cujas festas ocorrem neste mês e de quem os portugueses, e diria mesmo os cristãos, têm um particular simpatia pelos mesmos; refiro-me a Santo António de Lisboa, ou de Pádua como é conhecido na maioria dos países, e que para evitar quezílias e atritos o Papa Pio XII chamou Santo António de todo o Mundo, São João Baptista, a quem evocamos na nossa Chama Viva da semana passada, e São Pedro. Este apóstolo não precisa de “cartas de apresentação”, pois o próprio Jesus o declarou “pedra” sobre a qual edificaria a sua Igreja. Por isso desde muito cedo se apresenta como um dos discípulos predilectos do Mestre, a quem acompanha nos momentos mais íntimos, como seja a ressurreição da filha de Jairo ou o momento da Transfiguração. Também foi ele o primeiro a confessar que Jesus era o Messias, o enviado do Pai.
No entanto, no dia 29 de Junho a Igreja une a festa de São Pedro ao martírio de São Paulo. Este último, que começou por perseguir os cristãos, embora não tenha pertencido ao grupo dos doze, integra o grupo dos apóstolos, pelo papel preponderante que à semelhança de Pedro, teve na difusão do Evangelho, como poeticamente descreve o prefácio da missa destes apóstolos, que a seguir transcrevemos:

Vós [Deus] concedeis a alegria de celebrar
a festa dos santos apóstolos Pedro e Paulo:
Pedro, que foi o primeiro a confessar a fé em Cristo,
e Paulo, que a ilustrou com a sua doutrina;
Pedro, que estabeleceu a Igreja nascente entre os filhos de Israel,
e Paulo, que anunciou o Evangelho a todos os povos;
ambos trabalharam, cada um segundo a sua graça,
para formar a única família de Cristo;
agora, associados na mesma coroa de glória,
recebem do povo fiel a mesma veneração.

nº 760 I 27 junho ‘10

AVISOS

SEGUNDA I 28
Santo Ireneu, bispo e mártir (MO)

TERÇA I 29
São Pedro e São Paulo, apóstolos (Solenidade)

QUINTA I 01
Primeira Quinta-feira do mês
» 17H.45: Exposição e Adoração do Santíssimo
Nesta Oração, orientada pelos Ministros Extraordinários da Comunhão, vamos rezar, de um modo especial pelas vocações da nossa Ordem e da nossa Província Religiosa.

SÁBADO I 03
São Tomé, apóstolo (Festa)

Peregrinação Carmelitana a Fátima
Informamos que as pessoas que se inscreveram na peregrinação Carmelitana a Fátima, que se realiza no próximo Sábado, dia 3 de Julho, já podem levantar os respectivos bilhetes. A partida será às 7H.45, junto à Pastelaria Latina.

LISTAS DE LEITORES E MINISTROS DA COMUNHÃO
Estão em distribuição as listas de Leitores e de Ministros da Comunhão para os próximos meses. As mesmas podem ser procuradas na sacristia.


nº 760 I 27 junho ‘10

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Avisos

SEGUNDA 21
São Luís Gonzaga, religioso (MO)

QUINTA 24
Nascimento de São João Baptista ( Solenidade)

Quinta-feira do Menino Jesus
» 18H.00: Recitação da Coroinha do Menino Jesus
com a colaboração dos meninos do Clube do Menino Jesus.

CONVÍVIO (SARDINHADA) DO CARMO
No próximo Sábado, dia 26, vamos realizar o habitual Convívio do Carmo. Haverá caldo verde, sardinha assada, fêveras, bebidas e muita animação. Desde já contamos, e agradecemos a vossa presença. Vamos construir comunidade!

PEREGRINAÇÃO À EUROPA CENTRAL
Ainda há lugares para a viagem à Europa Central, concretamente Hungria, Eslováquia e Áustria, visitando Budapeste, Hollóko, Bratislava, Viena, Dumstein, etc., que se vai realizar de 20 a 27 de Julho.

Peregrinação Carmelitana a Fátima
Estão abertas as inscrições para a Peregrinação Carmelitana a Fátima que se vai realizar em 3 de Julho, sábado. Os interessados podem inscrever-se na sacristia.

São João Baptista

Celebramos no próximo dia 24 de Junho a Solenidade do Nascimento de São João Baptista. É verdade que João Baptista não foi discípulo de Jesus, mas coube-lhe a missão de ser o precursor do Messias, e ele mesmo teve o privilégio de O apresentar aos homens como o “Cordeiro de Deus”.
A sua simplicidade e humilde obrigam a que ele tenha um lugar de destaque na Igreja, o que não escandaliza que ainda hoje haja homens que o imitam no seu estilo de vida, convencidos de que ele era o verdadeiro “Profeta”.
Como bem dissera Jesus, ele é “o maior nascido de mulher”, pelo que nos sentimos na obrigação de continuar a responder aos seus apelos, de preparar os caminhos do Senhor.
A sua grandeza, e missão, está bem expressa neste hino/poema que aqui deixamos, esperando que os seus apelos não nos passem ao lado:

Fugira São João na juventude
Ao confuso rumor das multidões
E procurando os longes do deserto
Viveu sem mancha.

Com a lã de camelo se vestia,
Bebia apenas água da fonte;
Comendo gafanhotos, mel silvestre,
Matava a fome

Foi profeta do fogo; ergueu ao alto,
Nas suas mãos ardentes, uma chama:
“Preparai os caminhos do Senhor”
Foi seu brado.

Não houve em Israel homem mais santo,
Nem voz mais forte a ressoar aos ventos,
Sofreu até à morte no holocausto
Do próprio sangue.

Celebrando o seu nome, damos graças
E imploramos de Vós, Deus uno e trino,
Que perdoeis a todos a quem destes
A redenção.

E vós quem dizeis que eu sou?

Um dia, Jesus orava sozinho, estando com ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: ‘E vós, quem dizeis que Eu sou?’.
A pergunta que fez aos seus seguidores, também hoje, e em cada momento, no-la faz a cada um de nós: ‘Quem sou Eu?'
Desde há muitos de séculos as pessoas que se julgavam importantes, gostavam de saber o que os outros pensavam delas. Muitas outras pagavam a historiadores para escrever a sua biografia, mas com a condição de empolgarem as suas virtudes e ocultarem os seus defeitos. Historiadores mais sérios pagaram com a vida por não seguirem tais critérios.
Também hoje algo semelhante se passa. Em tempo de eleições cada partido político encomenda as suas próprias sondagens, e os meios de comunicação não se cansam de, periodicamente, apresentar o ter e haver de cada figura política, com os denominados barómetros de popularidade (ou não seria melhor chamar-lhes barómetros de impopularidade?).
Mais ainda, nossos dias não faltam pessoas que pertencem à denominada “socialite” que pagam a jornalistas para escreve as suas biografias, que por vezes sem qualquer pejo intitulam “autobiografia”!
No tempo de Jesus não havia empresas de marketing ou de sondagens, mas isso não queria dizer que não houvesse pessoas mais importantes e famosas do que outras. Sabemos, pelos relatos evangélicos que milhares de pessoas seguiam atrás de Jesus, porque naturalmente se tornara uma pessoa famosa.
E aquelas multidões que seguiam o Mestre, o que é que pensavam d’Ele?
Um dia, como tantas vezes fazia, Jesus tinha-se retirado para rezar sozinho. Os evangelistas informam-nos frequentemente da oração de Jesus, quer do modo como orava quer do seu conteúdo. Naturalmente, Jesus, como bom israelita, frequentava o culto sabático da sinagoga, subia a Jerusalém em peregrinação, celebrava a Páscoa judaica e, em geral, participava na oração litúrgica do povo. Isto era perfeitamente normal e não devia causar estranheza a ninguém. Também era normal que Jesus, em momentos culminantes e decisivos da sua vida pública, se retirasse das pessoas para orar em solidão; mas o que nos chama a atenção é o modo e o conteúdo dessa oração privada de Jesus, já que Ele tinha uma preferência por orar sozinho. Pelo menos, os evangelistas não mencionam nem uma só vez em que Jesus tenha reunido os seus discípulos para orar com Ele em particular. Diríamos que Jesus não só se retira das multidões para evitar o bulício e procurar a adequada tranquilidade, mas também se afasta dos seus discípulos, nem que seja mais a “um tiro de pedra” , como em Getsémani para estar a sós com o Pai.
Depois de ter estado mais “comunhão” com o Pai, pergunta, frontalmente, aos discípulos: “Quem dizem as multidões que Eu sou?” Eles não tinham que discorrer muito, pois bastava recordar o que tinham ouvido nas conversas que, entretanto, tinham estabelecido com as pessoas, ou lembrar-se de alguma conversa ou comentário que a gente ia trocando entre si. Embora não houvesse unanimidade acerca da pessoa de Jesus, todos O consideram uma pessoa importante; uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias; e outros que é um dos antigos profetas que tinha ressuscitado.
Talvez Jesus se pudesse sentir lisonjeado com aquelas respostas, mas, de chofre, pergunta aos discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” Era, certamente, uma pergunta inesperada (ou mesmo inoportuna), e estou a ver os discípulos a coçar a cabeça e a barba, ou a apertar os lábios com os dentes, já que não sabiam o que responder. Foi então, que Pedro, vendo o embaraço dos companheiros, deu um passo em frente e disse: “És o Messias de Deus”.
Sem o saber Pedro tinha feito a maior profissão de fé, embora confundisse a messianidade de Jesus com os anseios do povo judeu, pelo que o mesmo Jesus, os exorta a que guardem silêncio para que sejam evitados equívocos entre os projectos dos homens e os projectos de Deus, como Ele o corroborou ao dizer a Pilatos: “O meu reino não é deste mundo”.
Se a pergunta nos fosse feita hoje a cada um de nós, provavelmente quase todos responderíamos com a prontidão de quem se submete a una pergunta da Catequese: “Jesus é Filho de Deus, Deus e homem verdadeiro, Redentor e nosso Salvador”.
Sim, Jesus é Cristo é o Filho de Deus, mas quando o confessamos devemos testemunha-lo com nosso viver de cada dia.
Chama Viva do Carmo 759 I Junho 20, 2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Avisos

TERÇA 16
Missa e Ofício pelos Defuntos do Carmo

Neste dia celebraremos a Eucaristia, bem como o Ofício Divino, em sufrágio de todos os defuntos da família carmelita: religiosos, religiosas, membros do Carmelo Secular, e de outras associações unidas à nossa família religiosa, bem como todos os devotos do Escapulário, sem esquecer igualmente os nossos benfeitores.

AJUDA À IGREJA QUE SOFRE
À saída da Igreja será distribuído um pequeno livro intitulado “Adoração Eucarística”. Cada um dará o que quiser, sendo o montante recolhido enviado para a Fundação Ais

PEREGRINAÇÃO À EUROPA CENTRAL
Ainda há lugares para a viagem à Europa Central, concretamente Hungria, Eslováquia e Áustria, visitando Budapeste, Hollóko, Bratislava, Viena, Dumstein, etc., que se vai realizar de de 20 a 27 de Julho.

Peregrinação Carmelitana a Fátima
Estão abertas as inscrições para a Peregrinação Carmelitana a Fátima que se vai realizar em 3 de Julho, sábado. Os interessados podem inscrever-se na sacristia.

Comentário

O Trecho do Evangelho deste XII Domingo oferece-nos duas situações bastante distintas, embora unidos pelo facto dos intervenientes serem mulheres.
Começa o trecho por nos apresentar o ambiente. Um fariseu convidara Jesus para comer com ele. Jesus aceitou o convite e tomou o seu lugar na mesa. Cremos que seria em dia de Sábado, pois era costume as pessoas importantes convidarem os “oradores” que comentavam as leituras nas sinagogas, em dia de celebração.
Entretanto, e possivelmente ainda não tinham iniciado o repasto, entra uma mulher, que parece ser conhecida de todos, não pelas suas boas obras, mas, pelo contrário, sua má conduta. Colocou-se atrás de Jesus, começa a chorar, banhando os pés do Mestre com as suas copiosas lágrimas, beija-os, unge-os com perfume, e com os seus longos cabelos começa a enxugá-los!
Era um cena, creio, pouco usual, o que levou o generoso anfitrião, a julgar que se tinha equivocado ao ter dirigido o convite a Jesus, pois, pensou que se Jesus fosse de facto um ‘profeta’ conheceria a pecaminosa vida daquela mulher, que afinal todos os santos e pecadores da cidade conheciam!
Jesus, ao conhecer o íntimo de Simão, era esse o nome do fariseu que O convidara, faz-lhe uma dura reprimenda porque aquela mulher outra coisa não fizera que reproduzir os gestos de que o fariseu deveria ter feito: receber condignamente Jesus, como era normal então… por isso o Mestre apressa-se a levar a cabo a sua missão: perdoar os pecados daquela pobre pecadora.
E Lucas aproveita este episódio para dizer que outras mulheres, que a quem Jesus tinha curado de espíritos impuros e de outras doenças também acompanhavam Jesus, fazendo parte dos seus discípulos, citando os nomes de Maria Madalena, Joana e Susana.
É verdade que no tempo de Jesus já se conheciam casos de mulheres que contribuíam generosamente para a sustentação de rabinos, mas não há conhecimento de mulheres que integrassem o grupo de discípulos de um rabino.
Embora outras fontes nos informem que esse grupo de mulheres ajudavam Jesus e os seus discípulos com os seus haveres, cabe-nos ressaltar o facto das mesmas integrarem o grupo dos discípulos de Cristo, o que põe em relevo o papel da mulher na Igreja.

Made em Portugal

Há nos dias de hoje portugueses que ocupam as primeiras páginas dos jornais. Outros já há muito tempo têm lugar na História, ou porque “deram novos mundos ao mundo”, como os navegadores Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral ou Fernão de Magalhães, entre outros, ou inclusive foram papas como João XXI. Mas Santo António de Lisboa é possivelmente o Português mais conhecido e famoso no mundo inteiro.
Foi notícias nos jornais, e em outros meios de comunicação social, o recente contrato de José Mourinho com o Real Madrid, pelos montantes em jogo. Certamente nos dias que correm José Mourinho é um dos portugueses com maior sucesso, e certamente com prestígio em todo o mundo, o mesmo sucedendo igualmente com o futebolista Cristiano Ronaldo.
Há outros portugueses que granjearam um lugar na História, quer pelos seus escritos quer pelas suas epopeias, como é o caso dos descobridores, em que sobressaem Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, sem esquecer o grande mentor dos descobrimento, o Infante Dom Henrique.
E se até houve um papa Português, Pedro Hispano, que foi sucessor de São Pedro com o nome de João XXI, no entanto, creio que o português mais conhecido em todo o mundo é Santo António de Lisboa, cuja festa litúrgica ocorre precisamente neste Domingo.
Santo António, que recebeu na pia baptismal o nome de Fernando, era filho de Martim de Bulhões e Maria Teresa Taveira Azevedo, nasceu em Lisboa provavelmente em 1191-1192, numa casa próxima da Sé de Lisboa, às portas da cidade, no local, assim onde posteriormente se ergueu a Igreja sob sua invocação. A tradição fixa o seu nascimento no dia 15 de Agosto, Festa da Assunção de Nossa Senhora
Fez os primeiros estudos na Igreja de Santa Maria Maior (hoje a Sé de Lisboa), ingressando mais tarde, em 1210 ou 1211, como noviço, na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Convento de São Vicente de Fora.
Aí permaneceu cerca de três anos, tendo 18 ou 19 anos quando foi transferido para o Convento de Santa Cruz de Coimbra, a casa-mãe da Ordem em Portugal, e que então era um importante centro de cultura medieval e eclesiástica da Europa, realizando aí os estudos em Direito Canónico, Filosofia e Teologia.
No entanto o ambiente da comunidade e o apostolado no Convento de Santa Cruz de Coimbra vai ser sacudido e perturbado pelos conflitos entre o rei de Portugal, D. Afonso II, e a Santa Sé, pois no próprio convento havia bandos e discórdias entre grupos de cónegos de uma e outra facção. Esta tensão leva Fernando de Bulhões a questionar-se se deveria ou não abraçar outra forma de vida religiosa, concretamente a dos franciscanos que entretanto tinham fundado em Santo António dos Olivais, nos arrabaldes de Coimbra.
Um acontecimento o animou a dar o passo decisivo para ingressar na nova ordem mendicante: a chegada a Coimbra, e precisamente a Santa Cruz, dos restos mortais dos franciscanos martirizados em Marraquexe, no Norte África. Contando com a presença em Portugal do Provincial dos Franciscanos de Espanha, troca o hábito branco dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho pelo saial cinzento dos franciscanos, mudando o seu nome para António, recolhendo-se ao Eremitério dos Olivais.
Talvez tocado pelo exemplo dos Mártires de Marrocos, também António de dispõe a partir para essas terras de missão. A viagem acontece por volta de 1219. No entanto, mal tinha atracado em terras de África os ideais missionários do franciscano são ceifados , pela “irmã” doença, com febres muito altas, a febre malária. Os Superiores, temendo pela sua saúde, decidem que volte para Portugal.
Mas no regresso, uma forte tempestade arrastou o barco para as costas da Sicília. É aqui, na Itália, que António se notabilizaria como exímio teólogo e grande pregador.
Em Março de 1222, em Forlì, dissertou para religiosos Franciscanos e Dominicanos de forma tão fluente e admirável que o Provincial da Ordem o destinou de imediato à evangelização e difusão da doutrina.
Fixou-se então em Bolonha onde se dedicou ao ensino da Teologia e à pregação, nomeadamente contra as heresias dos Cátaros e Valdenses.
Seguiu depois para França com o objectivo de pregar contra os Albigenses e em 1225 é pregador em Toulouse. Na mesma época foi-lhe confiada a guarda do Convento de Puy-en-Velay e teria à sua guarda igualmente a Província de Limoges. Dois anos mais tarde instalou-se em Marselha, mas brevemente seria escolhido para Provincial da Romanha, em Itália.
No ano de 1228, prega em a Ferrara, Bolonha e Florença, e no ano seguinte as suas pregações dividiram-se entre Varese, Bréscia, Milão, Verona e Mântua. Esta actividade absorvia-o de tal maneira que passou a dedicar-se exclusivamente a pregação.
Em 1231, regressou a Pádua, onde faleceu a 13 de Junho de 1231 no Oratório de Arcela. Os seus restos mortais repousam em Pádua.
Foi canonizado em 30 de Maio de 1232.
Em 1946 Pio XII declarou-o Doutor da Igreja, com o título de ‘Doutor Angélico’.
Chama Viva do Carmo 758 I Junho 13, 2010

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Avisos

AVISOS
DOMINGO | 06
Dia da Igreja Diocesana: As celebrações decorrem no recinto do Parque de Exposições de Aveiro, onde D. António Francisco presidirá à Eucaristia às 11h.30. Na nossa Igreja do Carmo haverá missa às 10H00 e 19H.00
» Realiza-se hoje a Peregrinação Nacional ao Santuário do Menino Jesus de Praga, em Avessadas.

SEGUNDA | 07
Bem-aventurada Ana de São Bartolomeu, Religiosa (MO)

QUINTA | 10
Santo Anjo da Guarda de Portugal (MO)
» 16H.30: Reunião de Avaliação do Ano Pastoral

SEGUNDA | 07
Bem-aventurada Ana de São Bartolomeu, Religiosa (MO)

QUINTA | 10
Santo Anjo da Guarda de Portugal (MO)
» 16H.30: Reunião de Avaliação do Ano Pastoral

SEXTA | 11
Solenidade do Sagrado Coração de Jesus
» Encerramento do Ano Sacerdotal
» Exposição do Santíssimo desde as 15h.00 até às 21H.45.

SÁBADO | 12
Imaculado Coração de Maria (MO)

Peregrinação Carmelitana a Fátima
Estão abertas as inscrições para a Peregrinação Carmelitana a Fátima a realizar em 3 de Julho.

Comentário

Já há largas semanas desde que, aos Domingos, perdemos o contacto com o Evangelho de São Lucas, que nos devia fazer companhia ao longo deste ciclo litúrgico.
O Evangelho lucano é denominado, por muitos autores, como o Evangelho da misericórdia. De facto este evangelho oferece algumas parábolas que nos elucidam acerca da bondade de Deus, como seja a parábola da ovelha perdida ou a parábola impropriamente conhecida como parábola do Filho Pródigo.
Hoje atrever-me-ia cognominar o Evangelho de Lucas como o “Evangelho da compaixão”. De facto, já na parábola do bom samaritano é-nos dito que aquele homem se “encheu de compaixão”, e hoje vemos que é Jesus quem se “enche de compaixão”.
Tudo aconteceu naquele dia em que Jesus, no seu afã evangelizador, se dirigiu a uma cidade chamada Naim. Possivelmente iria a pensar nos “discursos” que teria de dirigir a todos aqueles que se dispusessem a escutá-l’O. Mas quando chegou à cidade deparou-se com um cenário que é sempre doloroso: levavam um corpo a sepultar.
Os pormenores foram chegando até Jesus. Soube em primeiro lugar que era o funeral de um jovem. A morte na flor da vida torna-se mais comovente. Depois soube que era um “filho único”, e certamente esse dado terá enternecido mais Jesus, pois terá pensado que ele seria o amparo dos pais na sua velhice. E finalmente, inteirou-se que o jovem era filho de uma viúva.
Sabemos quão dolorosa é a vida de uma viúva nos dias de hoje, especialmente quando não se tem mais ninguém. Mas no tempo de Jesus tal situação era o que de pior poderia acontecer a uma pessoa. Possivelmente por isso não admira que Jesus se tenha enchido de compaixão e tenha realizado a ressurreição daquele jovem, entregando-o à mãe, fazendo renascer a esperança num futuro menos doloroso. Mas a ressurreição do filho da viúva de Naim, é acompanhada por uma novidade: é a primeira vez que no Evangelho de Lucas se chama a Jesus “Senhor”, um título que no Antigo Testamento era reservado a Deus, pelo que podemos afirmar que Jesus é o “Senhor” da vida.

Um coração apaixonado

“Deus enviou o seu Filho ao mundo para o salvar e não para o condenar”. De facto Jesus morreu na cruz por puro amor para com a humanidade. Isso mesmo Jesus confessa nas revelações que fez a Santa Margarida Maria Alacoque. E podemos afirmar que o Coração de Jesus continua apaixonado pelos homens, embora, infelizmente, continuem a não saber retribuir-Lhe esse amor!
Celebramos na próxima Sexta-feira a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, dia em que encerramos o Ano Sacerdotal.
Embora a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus tenha sido instituída como festa universal para toda a Igreja Católica, em 1856 pelo Papa Pio IX, à raiz das aparições a Santa Margarida Maria Alacoque, em Paray–le-Monial ente 1673 e 1675, já desde os tempos apostólicos, sempre existiu na Igreja algo semelhante à devoção ao amor de Deus, que tanto amou o mundo que lhe entregou o seu Filho unigénito, e ao amor de Jesus, que tanto nos ama que se entregou a Si mesmo, por nós como nos narram os escritos do Evangelista São João e do Apóstolo Paulo.
No entanto, é somente nos séculos XI e XII que encontramos sinais irrefutáveis de uma certa devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Tratava-se de um aproximar-se ao Coração Ferido através do lado aberto de Jesus, simbolizando a chaga do Coração a ferida do Amor, estando esta devoção muito arraigada entre os monges beneditinos e cistercenses, graças ao pensamento de Santo Anselmo e de São Bernardo de Claraval.
No entanto também não podemos esquecer o papel de Santa Gertrudes e de Santa Matilde, que viveram na segunda metade do século XIII, no incremento desta devoção.
A partir do século XIII até ao século XVI, embora a devoção ao Sagrado Coração de Jesus se tenha propagando um pouco por todo o lado, no entanto, foi sempre uma devoção individual ou de carácter místico.
Parece ter sido no século XVI que a devoção passou do domínio místico ao da ascese cristã, tendo sido São João Eudes o primeiro a celebrar com grande solenidade a festa do Sagrado Coração de Jesus, no Seminário de Rennes, em França, no dia 31 de Agosto de 1670, passando depois para outras dioceses tendo ainda sido adoptada por várias comunidades religiosas.
Contudo Cristo escolheu Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), uma humilde religiosa da Visitação do mosteiro de Paray-le-Monial, para lhe revelar os desejos do seu Coração e para lhe confiar a tarefa de dar novo impulso a esta devoção. Nada nos indica que esta piedosa religiosa tenha tido conhecimento desta devoção antes das revelações, ou pelo menos, que tenha prestado qualquer atenção à mesma. Foram várias as revelações do Sagrado Coração a Santa Margarida Maria sendo as mais importantes as seguintes: a que teve lugar na festa de São João Evangelista, a 27 de Dezembro de 1673, em que Jesus permitiu a Margarita Maria, como antes o tinha feito com Santa Gertrudes, recostar a cabeça sobre o seu Coração, revelando-lhe as maravilhas do seu Amor, dizendo-lhe que desejava que fossem conhecidas pela humanidade inteira e que os tesouros da sua bondade fossem difundidos: “o meu Coração está tão apaixonado pelos homens, que não pode conter por mais tempo as chamas que o inflamam e necessita de expandir-se; escolhi-te como abismo de indignidade e ignorância, a fim de tudo ser meu”.
Em uma outra, provavelmente em Junho ou Julho de 1674, Jesus pediu-lhe ser honrado sob a imagem do seu Coração de carne. Em outra ocasião, apareceu radiante de amor e pediu-lhe que se instituísse uma prática devocional ao amor expiatório: a comunhão frequente, a comunhão das primeiras sextas-feiras, e a observância da Hora Santa. Naquela que é conhecida como a “grande aparição”, que teve lugar na oitava do “Corpo de Deus” de 1675, provavelmente em 16 de Junho, disse-lhe Jesus: “Eis o meu Coração, que tanto amou os homens e que a nada se negou até se esgotar e consumir para mostrar-lhes o seu amor, e em reconhecimento não recebe senão ingratidão, quer pelas suas irreverências e sacrilégios, quer pela sua frieza e desprezo com que Me tratam neste sacramento de amor”.
O Coração de Jesus continua apaixonado pelos homens; continua a amar todos os homens sem distinção e a derramar copiosas graças sobre todos os seus devotos. Mas infelizmente, os cristãos continuam a virar-Lhe as costas, e recordando a bela poesia de São João da Cruz, “Um Pastorinho”, podemos dizer que Jesus continua com o Coração ferido e “chora por pensar que é olvidado!”.
Não neguemos o amor a quem tanto nos ama!
Chama Viva do Carmo I 757 I Junho 6, 2010