segunda-feira, 7 de junho de 2010

Comentário

Já há largas semanas desde que, aos Domingos, perdemos o contacto com o Evangelho de São Lucas, que nos devia fazer companhia ao longo deste ciclo litúrgico.
O Evangelho lucano é denominado, por muitos autores, como o Evangelho da misericórdia. De facto este evangelho oferece algumas parábolas que nos elucidam acerca da bondade de Deus, como seja a parábola da ovelha perdida ou a parábola impropriamente conhecida como parábola do Filho Pródigo.
Hoje atrever-me-ia cognominar o Evangelho de Lucas como o “Evangelho da compaixão”. De facto, já na parábola do bom samaritano é-nos dito que aquele homem se “encheu de compaixão”, e hoje vemos que é Jesus quem se “enche de compaixão”.
Tudo aconteceu naquele dia em que Jesus, no seu afã evangelizador, se dirigiu a uma cidade chamada Naim. Possivelmente iria a pensar nos “discursos” que teria de dirigir a todos aqueles que se dispusessem a escutá-l’O. Mas quando chegou à cidade deparou-se com um cenário que é sempre doloroso: levavam um corpo a sepultar.
Os pormenores foram chegando até Jesus. Soube em primeiro lugar que era o funeral de um jovem. A morte na flor da vida torna-se mais comovente. Depois soube que era um “filho único”, e certamente esse dado terá enternecido mais Jesus, pois terá pensado que ele seria o amparo dos pais na sua velhice. E finalmente, inteirou-se que o jovem era filho de uma viúva.
Sabemos quão dolorosa é a vida de uma viúva nos dias de hoje, especialmente quando não se tem mais ninguém. Mas no tempo de Jesus tal situação era o que de pior poderia acontecer a uma pessoa. Possivelmente por isso não admira que Jesus se tenha enchido de compaixão e tenha realizado a ressurreição daquele jovem, entregando-o à mãe, fazendo renascer a esperança num futuro menos doloroso. Mas a ressurreição do filho da viúva de Naim, é acompanhada por uma novidade: é a primeira vez que no Evangelho de Lucas se chama a Jesus “Senhor”, um título que no Antigo Testamento era reservado a Deus, pelo que podemos afirmar que Jesus é o “Senhor” da vida.

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