domingo, 30 de janeiro de 2011

Reler as Bem-aventuranças

Neste Quarto Domingo do Tempo Comum iniciamos a leitura do denominado “Sermão da Montanha”, na narração do Evangelho de São Mateus.
É texto fundamental dos ensinamentos de Jesus, que iremos lendo durante todos os domingos que antecedem a Quaresma. O chamado “Sermão da Montanha”, é uma colecção de máximas e sentenças que Mateus põe nos lábios de Jesus, no início da sua pregação, à maneira de um resumo programático de toda a mensagem cristã.
E antes e prosseguirmos aqui transcrevemos a proclamação solene das Bem-aventuranças, com que se inicia o referido discurso de Jesus:
«Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem
perseguição por amor da justiça,

porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha
causa, vos insultarem, vos perseguirem e,
mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai,porque é grande
nos Céus a vossa recompensa».
Segundo alguns autores as Bem-aventuranças não são uma “lei”, mas sim “Evangelho”, porque a “lei” põe o homem perante as suas próprias forças e pede-lhe que as use até ao limite, enquanto o Evangelho situa o homem diante do dom de Deus pedindo-lhe que converta verdadeiramente esse dom inefável no alicerce da sua vida.
Isto implica que as Bem-aventuranças não sejam um código jurídico, nem mesmo um rol de normas morais; trata-se, sim de anúncio gozoso das condições que fazem possível o seguimento do caminho do Reino de Deus, traçado por Jesus; não são, portanto, o resumo das normas legais e éticas que regem a vida cristã, mas sim, a proclamação das consequências, simultaneamente exigentes e libertadoras, da vivência da fé cristã.
Há quem diga que as Bem-aventuranças são a “Carta de Ouro” do cristão, vendo as mesmas como pautas da vida do discípulo de Cristo, como o caminho indispensável para seguir a Cristo, o que parece não ser verdade pois a Jesus não se segue chorando ou sendo pobre, pois há muitos pobres, que até choram, e não é por isso que se pode dizer que sejam seguidores de Cristo.
Também não se pode entender as bem-aventuranças como o código de ética cristã, ou como os mandamentos da nova lei (apesar dos paralelismos do Evangelho de hoje com a cena do Sinai), pois Cristo unicamente nos deixou uma Lei: o Mandamento do Amor.
As bem-aventuranças não são um seguro para a felicidade, nem indicam o caminho a seguir para alcançar a felicidade, nem são uma bênção que cause a felicidade; a experiência demonstra-nos que centenas de pessoas sofrem, choram, passam fome... e não são felizes.
Relendo as Bem-aventuranças, constatamos que as mesmas se aplicam às pessoas e não às situações. A observação é pertinente porque isso significa que as bem-aventuranças não validam ou consagram situações sociológicas de injustiça e dor ou de perseguição, mas enaltece as pessoas activas, que levam por diante uma tarefa dolorosa ou que fizeram uma opção dolorosa.
Em definitiva, as Bem-aventuranças não são algo anterior a um encontro com Cristo, algo que nos aproxime d’Ele, pelo contrário, as bem-aventuranças são algo «a posteriori» do encontro pessoal com Cristo; não são outra coisa que a nova realidade dos que optaram por Cristo.
Quando o homem toma a decisão de seguir a Cristo, torna-se ditoso quando vive na pobreza, porque compreende que a sua pobreza é uma consequência da sua adesão a Cristo; sente-se bem-aventurado, por ser perseguido pela sua fé; chora porque o seguir Jesus o faz compreender a razão das suas lágrimas!
Bem-aventurados os que assim vivem a sua fé!
Chama viva do Carmo nº 781, 30 Janeiro '11

Avisos

SEGUNDA | 31
São João Bosco, presbítero (MO)

QUARTA | 02
Apresentação do Senhor (Festa)
» Dia dos Consagrados
» Nas missas deste dia faremos a bênção das velas.

QUINTA | 03
São Brás, bispo e mártir (MF)
» Primeira Quinta-feira do mês
17H.45: Exposição e Adoração do Santíssimo. Nesta oração, orientada pelos Ministros da Comunhão, rezaremos pelas vocações, e de um modo especial pelas vocações à nossa Ordem.

SEXTA | 04
São João de Brito, presbítero e mártir (MO)

SÁBADO | 05
Santa Águeda, virgem e mártir (MO)

SEMANA DOS CONSAGRADOS
De 30 de Janeiro a 6 de Fevereiro decorre a Semana dos Consagrados.

Rezar com os salmos - Salmo 145

Ler ou cantar os salmos é uma maneira de orar. O Salmo 145 narra-nos as obras que Deus realiza em favor de todos aqueles que n’Ele confiam, especialmente os pobres, os oprimidos, os famintos, os escravos e todos os que carecem de liberdade. Por isso os cegos, todos os que se sentem abatidos e os justos podem contar com o amor de Deus.
Ao longo da sua vida, Jesus, que experimentou continuamente a protecção do Pai, apercebeu-se de uma maneira espontânea e vital dos sentimentos contidos neste salmo. Para Ele seria grato louvar o Pai entoando este mesmo hino de louvor.
Não obstante, sendo esta a verdade, é sobretudo durante a vivência da sua paixão que Ele experimenta mais intensamente esta bondade de Deus-Pai.
Deus continua a manifestar a sua bondade, apesar das nossas muitas dúvidas, que surgem naturalmente, porque muitas vezes nos sentimos injustiçados. Mas, só pode sentir a bondade de Deus, quem se acolhe à sua protecção:

Refrão: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus.

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.

O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.

O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.

O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.

sábado, 22 de janeiro de 2011

AVISOS

SEGUNDA | 24
São Francisco de Sales, bispo e doutor da Igreja (MO)

TERÇA | 25
Conversão de São Paulo, apóstolo (Festa)
» Encerramento do Oitavário de Orações pela Unidade dos Cristãos.
» Adoração do Santíssimo:  Desde as 15H00 até às 21H45 haverá Exposição do Santíssimo Sacramento. Neste tempo de Oração rezaremos,  de um modo especial, pela a unidade dos Cristãos.

QUARTA | 26
São Timóteo e São Tito, bispos (MO)

QUINTA | 27
Santo Henrique de Ossó, presbítero (MF)
» Quinta-feira do Menino Jesus
» 18H.00: O Clube do Menino Jesus orientará a Coroinha do Menino Jesus, em honra do seu Patrono

SEXTA | 28
São Tomás de  Aquino, presbítero e doutor da Igreja (MO)


Chama n.º 780 | 23 Janeiro ‘11

IMITAR A IGREJA DE JERUSALÉM NO CAMINHO DA UNIDADE!

Estamos a celebrar o Oitavário de Orações pela Unidade dos Cristãos. A perícope dos Actos dos Apóstolos: “[os cristãos] eram assiduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna,  à Fracção do Pão e às orações”, escolhida pelas comunidades cristãs de Jerusalém como tema de Reflexão para este acontecimento eclesial, também nos serve para meditar nos passos que devemos dar em prol da Unidade dos Discípulo de Cristo.

Está a decorrer o Oitavário de Orações pela Unidade dos Cristãos, ou como alguns preferem hoje, a Semana da Unidade do Cristãos. 
Este ano os textos e as orações do guião para as celebrações foram preparados pelos cristãos de Jerusalém, o que tem um significado muito especial, pois foi em Jerusalém onde nasceu a Igreja de Cristo, e, ao mesmo tempo, porque nessa cidade as mais diversas comunidades cristãs aí marcam a sua presença partilhando inclusive os mesmos templos, o que nem sempre se tem feito com um verdadeiro ecumenismo.
Permitam-me que comungue convosco alguns parágrafos do mesmo guião, que nos estimulem a alimentar, nas nossas orações e na nossa vida concreta, a tarefa ecuménica:
“As Igrejas em Jerusalém oferecem-nos hoje uma visão do que significa buscar a unidade, mesmo em meio de grandes problemas. Elas mostram-nos que a chamada à unidade pode ser mais do que meras palavras e que, de facto, pode-nos orientar para um futuro no qual antecipamos e ajudamos a construir a Jerusalém celeste.
É preciso realismo para transformar tal visão em modo concreto de viver. A responsabilidade pelas nossas divisões é nossa; elas são o resultado de nossas próprias acções. Precisamos de mudar a nossa oração, pedindo a Deus que nos transforme para que possamos trabalhar activamente pela unidade. Estamos bastante dispostos a rezar pela unidade, mas isso pode tornar-se um substitutivo para a acção que vai fazer com que ela aconteça. Será possível que estejamos sendo, nós próprios, um bloqueio ao Espírito Santo porque somos obstáculos à unidade, porque o nosso orgulho vaidoso é uma barreira à unidade?”
E o texto prossegue:
“Este ano, o chamamento à unidade, para as Igrejas do mundo inteiro, vem de Jerusalém, a Igreja mãe. Conscientes das suas próprias divisões e da sua própria necessidade de fazer mais pela unidade do corpo de Cristo, as Igrejas em Jerusalém fazem um apelo a todos cristãos para a redescoberta conjunta dos valores que mantinham unida a comunidade primitiva em Jerusalém, quando os cristãos se uniam ao ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações. Esse é o desafio que está diante de nós. Os cristãos de Jerusalém convocam os seus irmãos e irmãs para fazer desta Semana de Oração uma ocasião de renovar o compromisso de trabalho por um genuíno ecumenismo, enraizado na experiência da Igreja dos primórdios.”
Os cristãos das comunidades  de Jerusalém  escolheram  para a  Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2011 o tema Actos 2,42: Eles eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações, sendo um convite a regressar às origens da primeira Igreja em Jerusalém; é uma chamada à inspiração e renovação, um regresso ao essencial da fé; é um chamamento a relembrar o tempo em que a Igreja tinha  ‘só coração e uma só alma’.
No mesmo documento são-nos  apresentados quatro elementos que eram  os marcos da primeira comunidade cristã e que são essenciais à vida da comunidade cristã, onde quer que ela exista:
“Primeiramente, temos a palavra que era comunicada pelos apóstolos. Em segundo lugar, a comunhão fraterna (koinonia) era um sinal importante entre os primeiros fiéis sempre que se reuniam. Uma terceira marca da Igreja primitiva era a celebração da Eucaristia (a fracção do pão), lembrando a Nova Aliança que Jesus realizou através de seu sofrimento, morte e ressurreição. O quarto aspecto é a atitude constante de oração. Esses quatro elementos são os pilares da vida da Igreja e de sua unidade.
A comunidade cristã na Terra Santa deseja dar proeminência a esses elementos essenciais básicos ao elevar a Deus as suas preces pela unidade e vitalidade da Igreja no mundo. Os cristãos de Jerusalém convidam as suas irmãs e irmãos do mundo inteiro a unirem-se a eles em oração enquanto trabalham pela justiça, paz e prosperidade para todos os povos da terra.”
E o respectivo  documento esclarece:
“Há uma caminhada de fé que pode ser detectada nos temas [propostos]. Desde os seus inícios na “sala superior”, a primitiva comunidade cristã experimenta o derramamento do Espírito Santo, que lhe permite crescer na fé e na unidade, na oração e na acção, de modo a tornar-se verdadeiramente uma comunidade da Ressurreição, unida a Cristo na sua vitória sobre tudo que nos divide uns dos outros e nos separa d’Ele. Então a própria Igreja de Jerusalém  torna-se um farol de esperança, uma degustação antecipada da Jerusalém celeste, chamada a reconciliar não somente  as nossas Igrejas, mas todos os povos.
Essa caminhada é guiada pelo Espírito Santo, que conduz os primeiros cristãos ao conhecimento da verdade sobre Jesus Cristo e que enche a Igreja primitiva de sinais e prodígios, para a admiração de muitos. À medida que prosseguem na caminhada, os cristãos de Jerusalém  reúnem-se com devoção para ouvir a Palavra de Deus pregada no ensinamento dos apóstolos, e  juntam-se em comunhão para celebrar a sua fé no sacramento e na oração. Cheia do poder e da esperança que vêm da Ressurreição, a comunidade celebra  a sua vitória certa sobre o pecado e a morte, e assim tem a coragem e a visão para ser ela própria um instrumento de reconciliação, inspirando e desafiando todos os povos a superar as divisões e injustiças que os oprimem.”

A primitiva comunidade de Jerusalém, torna-se um paradigma para as comunidades cristãs de hoje: era uma comunidade corajosa, que dava testemunho da verdade; era unida pelo Pentecostes, tendo no seu seio pessoas das mais diversas origens; era uma comunidade unida pelo anúncio da Palavra de Deus. Essa união era corroborada pela partilha, os primeiros cristãos punham tudo em comum, e pela “fracção do pão” que os unia na esperança. Além disso criava unidade pela oração em comum, que os entusiasmava na proclamação da Ressurreição, mesmo levando o peso da sua cruz.
E a finalizar, deixamos o desafio lançado pelos cristãos de Jerusalém, para  trabalhar pela reconciliação: 
“Mesmo se os cristãos conseguirem a unidade entre eles, a sua tarefa não estará completa, porque eles precisam de  se reconciliar uns com os outros. No contexto de Jerusalém, isso significa relacionamento entre palestinianos e israelitas;  e em outras comunidades, os cristãos são desafiados a buscar a justiça e a reconciliação no seu próprio meio”.
Aceitemos o desafio!


Chama n.º 780 | 23 Janeiro ‘11

sábado, 15 de janeiro de 2011

AVISOS

DOMINGO | 16
Neste Segundo Domingo do Tempo Comum, seguindo a tradição da nossa Ordem celebramos a Festa do Menino Jesus de Praga.
» Honremos o Divino Rei e Ele, derramando as suas graças, ensinar-nos-á o caminho para o Pai.

SEGUNDA | 17
Santo Antão, abade (MO)

TERÇA | 18
Iniciamos o Oitavário de Orações pela Unidade dos Cristãos.
» Rezemos para que os cristãos superem o que os separam para que num só coração possamos adorar e honrar em comunhão o nosso Deus

QUINTA | 20
São Sebastião, mártir (MF)

SEXTA | 21
Santa Inês. virgem e mártir (MO)

DOMINGO | 23
Domingo dentro do Oitavário de Orações pela Unidade dos Cristãos


Chama n.º 779 | 16 Janeiro ‘11

DOIS APÓSTOLOS DO MENINO JESUS

No Domingo a seguir à Festa do Baptismo do Senhor, celebra-se no Carmo Descalço a Festa do Menino Jesus de Praga. Embora Santa Teresa e São João da Cruz tivessem uma grande devoção à Infância de Jesus, coube no entanto a dois dos seus filhos serem os  apóstolos de tão bela devoção: O Pe. Cirilo da Mãe de Deus e a Ven. Margarida do Santíssimo Sacramento. 



No Domingo após a festa do Baptismo Senhor (antes da reforma litúrgica chamado segundo Domingo da Epifania) segundo o costume do Carmo Descalço celebramos a Festa do Menino Jesus de Praga. A devoção à Santa Infância é muita antiga na Igreja, e prova disso temos os denominados evangelhos da infância, de que são autores Mateus e Lucas, bem como os chamados evangelhos apócrifos escritos nos primórdios da Igreja.
No entanto, embora Santa Teresa e São João da Cruz tenham sabido avivar a devoção ao Menino Jesus, naturalmente fruto dos “costumes santos” já enraizados na nossa Ordem, a devoção ao Menino Infante cresce de uma maneira exponencial com a devoção à imagem do Menino Jesus que se venerava no Convento de Nossa Senhora da Vitória na cidade de Praga.
Tudo começou, quando numa período de carestia, devido ao acosso dos protestantes à cidade de Praga a princesa Polixene de Lobkowitz ofereceu à comunidade uma  pequena imagem com apenas 48 cm., que representava um formoso Menino Deus, de pé, com a mão direita erguida em atitude de bênção, enquanto na mão esquerda segurava um globo dourado, dizendo-lhes: “Meus padres, entrego-lhes o maior tesouro que possuo neste mundo. Prestem muitas honras a  este  Menino  Jesus e  nada  lhes faltará.” 
Os Carmelitas, muito agradecidos, receberam a imagem e colocaram-na no oratório do convento, passando a ser venerada por aqueles bons religiosos, e de um modo especial por Fr. Cirilo da Mãe de Deus, então ainda noviço, a quem podemos chamar o “Apóstolo do Divino Menino Jesus de Praga”. 
A profecia da piedosa princesa cumpriu-se literalmente, e não tardaram a manifestar-se os efeitos maravilhosos da protecção do Divino Menino. Muito rapidamente, e em várias ocasiões, verificaram-se inúmeros prodígios e as necessidades do convento, milagrosamente, iam sendo remediadas.
No entanto, nova guerra se abate sobre a Boémia, tendo sida ocupada a cidade de Praga. Durante a guerra os hereges destruíram a Igreja, saquearam o convento e profanaram a imagem do Menino Jesus, partindo-lhes as mãos, e atiraram-na para trás do altar.
Quando o exército invasor abandona a cidade os Carmelitas, que entretanto se tinham refugiado em Munique, regressam ao seu arruinado convento, mas ninguém se recordou da milagrosa imagem. Os religiosos não têm que comer e sentem a falta de recursos para restaurar o convento, o que se explica, pela penúria que pairava na cidade de Praga.
No meio de tanta desolação, eis que em 1637 regressa ao convento o Pe. Cirilo da Mãe de Deus, que logo aproveita para falar da milagrosa imagem ao Pe. Prior. Do mesmo obtém permissão para a procurar entre os escombros, o que lhe causou uma enorme alegria quando a encontrou. Embora mutilada a imagem foi exposta no coro, e os religiosos de joelhos, diante da mesma, imploraram o seu auxílio e protecção. As suas preces foram ouvidas e a comunidade foi reabastecido de tudo que os religiosos necessitavam. 
Certo dia, o Pe. Cirilo orava diante da imagem, quando o Menino lhe segredou: “Tende piedade de mim e eu terei piedade de Vós. Devolvei minhas mãos e eu vos devolverei a paz. Quanto mais me honrardes, tanto mais vos abençoarei”. 
Surpreendido o Pe. Cirilo correu imediatamente à cela do Prior, narrou-lhe o facto, pedindo-lhe para mandar reparar a imagem. No entanto, o Prior, alegando a extrema pobreza do convento negou-se a dar provimento a tal pedido, tendo falecido pouco depois.
Foi nomeado um novo Prior e o Pe. Cirilo insistia com o seu pedido, mas sem conseguir demover o coração dos seus superiores, até que um dia quando rezava diante da imagem do Menino Jesus quando dos seus lábios ouviu as palavras: “Coloca-me na entrada da sacristia e encontrarás quem se compadeça de mim”. 
Com efeito, apareceu um desconhecido que, notando o belo Menino desprovido de mãos, ofereceu-se espontaneamente para reparar a imagem, não demorando a ser largamente recompensado, ganhando uma causa quase perdida, salvando assim a sua honra e a sua fortuna.
Ao lado do Pe. Cirilo, temos, naturalmente de colocar a Venerável Margarida do Santíssimo Sacramento, como uma grande apóstolo da devoção ao Menino Jesus. Esta religiosa, com apenas 11 anos ingressou no Carmelo de Beaune (França), como pensionista. Teve muitas revelações, tendo recebido a missão especial de venerar e propagar a devoção à Santa Infância de Cristo.
Um dia, quando rezava  diante de uma imagem existente no seu convento, e conhecida  como o “Rei da Glória”  recebeu a revelação: “Eu te escolhi para honrar e tornar visível em ti a minha infância e minha inocência, quando Eu jazia no presépio”.
Foi a Irmã Margarida do Santíssimo Sacramento quem introduziu a devoção dos dias 25 (Dia do Menino Jesus),  bem como a Coroinha do Menino Jesus, em que nos convida a meditar nos mistério da infância de Jesus, em honra dos primeiros doze anos da sua vida.

Chama n.º 779 | 16 Janeiro ‘11

sábado, 8 de janeiro de 2011

AVISOS

SEGUNDA | 10
Bem-aventurado Gonçalo de Amarante (São Gonçalinho),  presbítero  (MF)

QUINTA | 13
Santo Hilário, bispo e doutor da Igreja  (MF)

FESTIVIDADE DO MENINO JESUS DE PRAGA
» No próximo Domingo, dia 16 de Janeiro, celebramos a Festividade do Menino Jesus  de Praga, de acordo  com a tradição e costumes da  nossa Ordem.
Procuremos nesse dia honra o Divino Rei, cientes de que Ele nos agraciará com as suas bênçãos e não nos faltará com a sua protecção.

TEMPO COMUM
Com a celebração da Festa do Baptismo do Senhor encerramos o Tempo de Natal.
Assim  Segunda-feira, dia 10 de Janeiro, iniciaremos a primeira parte do Tempo Comum, que se prolongará até à Terça-feira de Carnaval.
As leituras dominicais continuarão a ser do Ciclo A, enquanto à semana  serão dos Anos Ímpares.

Chama n.º 778 | 09 Janeiro ‘11

REZAR COM OS SALMOS

O Salmo 28 é um convite  a tributar ao Senhor glória e poder, a adorar o Senhor com ornamentos sagrados, porque a voz do Senhor é poderosa e majestosa.
Por um lado este Salmo poderia  remeter-nos para as maravilhas que Deus operou em favor do seu povo, o povo de Israel, ao longo da sua história, desde a libertação do Egipto, passando pelos quarenta anos de peregrinação no deserto, entre “mimos e castigos”, como as vicissitudes para lograr conquistar a Terra Prometida, nas batalhas que travou com os povos vizinhos. No entanto, parece revelar-nos a grandeza de Deus que se manifesta nas forças da natureza, e concretamente numa tormenta, com os seus raios e relâmpagos, que então era  vista como um sinal da bondade de Deus, que iria enviar a chuva para irrigar os campos.
Porém, nos versículos escolhidos, para Salmo Responsorial da liturgia deste Domingo, parece fazer uma alusão à Divindade de Jesus, que com a sua imperiosa voz acalma o mar tempestuoso, que fazia perigar a barca, onde seguiam com os discípulos, enquanto Ele, fatigado, dormia. 


Refrão: 
O Senhor abençoará o seu povo na paz. 
Tributai ao Senhor, filhos de Deus,
tributai ao Senhor glória e poder.
Tributai ao Senhor a glória do seu nome,
adorai o Senhor com ornamentos sagrados. 

A voz do Senhor ressoa sobre as nuvens,
o Senhor está sobre a vastidão das águas.
A voz do Senhor é poderosa,
a voz do Senhor é majestosa. 

A majestade de Deus faz ecoar o seu trovão
e no seu templo todos clamam: Glória!
Sobre as águas do dilúvio senta-Se o Senhor,
o Senhor senta-Se como Rei eterno. 


Chama n.º 778 | 09 Janeiro ‘11 

VIVER EM JESUS

Na Festa do Baptismo do Senhor, somos convidados a recordar o nosso próprio Baptismo, pois  o mesmo convida-nos a viver em Jesus. Talvez nos possa parecer um convite despropositado, pois parece que pouco nos é dado, e muito exigido! O mundo de hoje, dentro do superficialismo que o caracteriza, promete mais por muito menos esforço, e isso torna-se tentador para os homens de hoje, que tudo querem alcançar com o mínimo de esforço e de compromisso. 


Celebramos neste Domingo a Festa do Baptismo do Senhor, e simultaneamente encerramos o Tempo de Natal. Cremos ter sido uma opção inteligente da reforma litúrgica, levada a cabo à luz dos Documentos do Concílio Vaticano II. Parece-nos oportuno colocar o Baptismo do Senhor como uma transição entre as festas natalícias e o início da sua vida pública Jesus, ou seja o tempo do anúncio da Boa Nova, do Evangelho. 
João pregava no deserto, e grande se tornara a sua fama, de tal modo que a ele acorriam multidões, muitas vezes confundindo-o com o esperado messias, mas que não davam por mal gasto o tempo dispensado nessa viagem, pois do Baptista recebiam apelos à conversão, e à mudança de vida. Entretanto João anunciava que o Messias estava para chegar, e perante a iminência da sua vinda muitos aceitavam os reptos do Pregador do Deserto, e como sinal de conversão aceitavam o baptismo nas águas do Jordão.
Chegara o Tempo de Jesus assumir a sua missão, e escolhe o rito do baptismo joânico como ponto de partida, ou se quisermos como sinal, do início da sua vida pública.
Narra-nos o trecho do Evangelho deste Domingo que João Baptista mostrou relutância quando Jesus lhe pediu para ser baptizado, pois era quem necessitava de ser baptizado por Jesus.
De acordo com uma interpretação moralizante e legalista, o Baptismo de Jesus não seria mais que um grande exemplo de humildade e de submissão aos ritos instituídos pelas autoridades religiosas. Realmente, causava dificuldade aos primeiros cristãos o facto de que Jesus se ter feito baptizar por João. É por isso que Mateus tenta obviar esta dificuldade com a resposta-explicação que Jesus dá ao Baptista: “Deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça”.
À luz da Epifania, que recentemente celebramos, o Baptismo de Jesus apresenta-se-nos primordialmente como uma epifania ou revelação da glória do Verbo feita hoje. 
Ao pedir para ser baptizado Jesus mais uma vez se torna solidário com a humanidade. O Justo mistura-se com os pecadores e submerge com eles nas águas do Jordão, como, aliás já o fizera pelo próprio mistério da sua Encarnação: Misturar-se com os homens e entrar nos caminhos da sua história, veio para tornar-se solidário com os homens em tudo, excepto no pecado, mas, no entanto, sofrendo as consequências do mesmo, a morte. Com o mesmo ímpeto de amor que entrara na nossa História, hoje desce ao rio Jordão, confundindo-se com todos aqueles homens e mulheres que se confessavam pecadores.
Mas, ao sair das águas do Jordão, ouve-se a voz do Pai: “Este é o meu Filho muito Amado, no qual pus toda a minha complacência”.
A voz do Pai e a sensível manifestação do Espírito dão testemunho de que Jesus é o Filho Amado, o grande profeta prometido a Israel, o Messias, o Ungido pelo Espírito de Deus, cumprindo-se assim as promessas feitas pelos profetas.
No Baptismo de Jesus o Pai revela o amor profundo que tem por Jesus, pois Ele é o “Filho muito amado, no qual  pus toda a minha complacência”. Por essa razão Deus convida-nos a estar atentos, a escutar as palavras, os ensinamentos de seu Filho. 
A voz de Jesus vai tornar-se mais presente ao  longo dos domingos do Tempo Comum. Agora é Ele que, olhos nos olhos, nos vai falar, animar, exortar, admoestar, corrigir. Vai em cada momento recordar os nossos compromissos baptismais, convidando-nos a viver n’Ele e com Ele.
O cristão  é convidado a viver em Jesus. Talvez nos possa parecer um convite  um pouco fora de moda, pois parece que pouco nos é dado, e muito exigido! O mundo de hoje, dentro do superficialismo que o caracteriza,  promete mais por muito menos esforço, e isso torna-se tentador para os homens de hoje, que tudo querem alcançar com o mínimo de esforço e de compromisso.
No entanto, os percalços com que nos temos deparado nos últimos tempos, e no momento actual, devem fazer-nos despertar desse sono  em que temos vindo a adormecer.
Temos de voltar a olhar para Jesus e compreender que só Ele pode dar sentido à nossa vida, pelo que se torna urgente recomeçar a viver em Jesus!

Chama n.º 778 | 09 Janeiro ‘11

sábado, 1 de janeiro de 2011

AVISOS

SEGUNDA | 03
Bem-aventurado Ciríaco Elias, presbítero (MF)

QUINTA | 06
Primeira Quinta-feira do mês
» 17H.45: Exposição e Adoração do Santíssimo
Neste momento de oração, orientado pelos Ministros da Comunhão, rezaremos pelas vocações, e de um modo especial pelas vocações à nossa Ordem e à Nossa  Província Religiosa

SÁBADO | 08
São Pedro Tomás, bispo (MF)

CEIA DE REIS 
No próximo Sábado, dia 8, terá lugar a Ceia de Reis da família carmelita. Procurando facilitar a presença do maior número de amigos manteremos os preços dos anos anteriores.
As inscrições podem ser feitas na sacristia. 

* Estão em distribuição as listas de Leitores e de Ministro  da Comunhão para os próximos meses.

Chama n.º 777 | 02 Janeiro ‘11

ANÚNCIO DAS FESTAS MÓVEIS

Na Solenidade da Epifania, após do a proclamação do Evangelho, pode anunciar-se,  as festas móveis, que irão decorrendo  ao longo do ano.
É, certamente, um elemento  litúrgico descurado, na medida  que poderia tornar as nossas celebrações mais alegres, se tal anúncio fosse feito à semelhança de um “pregão”.  Mas, mesmo assim, parece-me, que não passaria de um acto meramente decorativo,  já que dificilmente as pessoas  teriam capacidade para reter as datas das festas citadas.
No entanto não queremos privar  os nossos leitores desse anúncio litúrgico, para que, tendo consciência das mesmas, as possam preparar e celebrar:

Irmãos caríssimos,
a glória do Senhor manifestou-se,
e  manifestar-se-á sempre  no meio de nós,
até à sua vinda no fim dos tempos.
Nos ritmos e nas vicissitudes do tempo
recordamos e vivemos os mistérios da salvação.
O centro de todo o ano litúrgico
é o Tríduo do Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado,
que culminará no Domingo de Páscoa,
este ano a 24 de Abril.
Em cada Domingo, Páscoa semanal,
a Santa Igreja torna presente este grande acontecimento,
no qual Jesus Cristo venceu o pecado e a morte.
Da  Páscoa derivam todos os dias santos:
as Cinzas, início da Quaresma, a 9 de Março;
a Ascensão do Senhor, a 5 de Junho;
o Pentecostes, a 12 de Junho;
o primeiro Domingo do Advento, a 27 de Novembro.
Também nas festas da Santa Mãe de Deus,
dos Apóstolos, dos Santos
e na Comemoração dos Fiéis Defuntos,
a Igreja peregrina sobre a terra
proclama a Páscoa do Senhor.
A Cristo, que era, que é e que há de vir,
Senhor do tempo e da história,
louvor e glória pelos séculos dos séculos.
Amém.

Chama n.º 777 | 02 Janeiro ‘11

JESUS: A LUZ DAS NAÇÕES

Jesus é a Luz das Nações, que quer iluminar todos os homens. No entanto, cada um é livre de fazer a sua opção: uns, como os agnósticos ignoram-n’O; outros, como Herodes, porque se sentem incomodados, procuram eliminá-l’O, enquanto outros, à semelhança dos Magos e dos Pastores, acolhem-n’O no coração, e sentem alegria em anunciar a sua presença no mundo!

Celebramos neste primeiro Domingo de 2011, em Portugal, por motivos pastorais, a Solenidade da Epifania do Senhor, já que no calendário universal da Igreja continua a celebrar-se no dia 6 de Janeiro aquela que entre nós era conhecida pela Festa dos Reis.
É verdade que esta Solenidade nos traz à memória os Reis Magos, Gaspar, Baltasar, e Melchior, que dos confins do mundo, vêm adorar o Filho de Deus, mas o mais importante desta Solenidade, como o próprio nome indica, “epifania” quer dizer “revelação”, é o facto de Jesus se manifestar a todos os homens.
De facto o Natal, parece apresentar o povo judeu como o único destinatário da Salvação, que Jesus, o Emanuel, veio trazer à terra. Na Epifania constatamos que, afinal, a Salvação é um dom oferecido a todos os povos, como tão maravilhosamente a piedade popular soube interpretar, chamando reis aos magos, e também ao atribuir a cada um a cor das grandes raças então conhecidas! 
No Natal, no Evangelho da missa da noite, podemos ler: “O Anjo do  Senhor aproximou-se deles [os pastores] e a glória do Senhor cercou-os de luz, e eles tiveram grande medo”. Também o evangelho da Epifania nos fala de uma luz: “Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente; ‘onde está – perguntaram eles – o rei dos Judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela e viemos adorá-l’O’!”.
É também interessante ver que a reacção dos pastores e dos magos, ao aproximarem-se de Jesus é a mesma: todos se enchem de alegria: “os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado”. Também os Magos têm o mesmo sentimento quando, depois de terem recebido as informações pedidas a Herodes, se põem a caminho: “E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o local onde esta o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria; entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoram-n’O”.
A luz que guiou os Pastores e os Magos, e também nos guia a nós, é a fé. Esta é a estrela que nos conduz a Cristo. É um dom de Deus, uma iluminação, e não um bem que  nos pertença em exclusivo, como nos lembra Cristo: “Ninguém pode vir a Mim sei não for atraído pelo Pai que Me enviou”. Não se pode chegar à luz da verdade revelada mediante o recurso exclusivo da razão humana, pois é  sempre  necessária a revelação de Deus. 
Mediante a fé “conhecemos” realmente a Deus, ainda que este conhecimento seja imperfeito, mas a fé indica-nos o caminho, como fez com os Magos, que temos de percorrer para nos encontrarmos com Cristo. Por vezes podemos, inclusive, desorientar-nos e, sentirmo-nos desanimados, como acontecera com os Magos, quando deixaram de ver a estrela.
No entanto essas situações mais obscuras são temporárias e devem ser vistas como provas à nossa fé. E aqui mais uma vez temos o exemplo dos magos; não voltaram para trás, mas ao contrário procuraram conselhos consultando os homens versados nas Escrituras, capazes de lhes dar informações acerca do local do nascimento de Cristo, a verdadeira luz. Também nós deveríamos procurar conselho juntos daqueles que, pelo seu saber e experiência, estão em condições de nos ajudar; necessitamos dos conselhos de homens e mulheres que conhecem realmente a palavra de Deus, não esquecendo de acrescentar a nossa oração  perseverante.
Mas a luz da fé é algo que pode e deve ser partilhado; necessitamos do testemunho dos outros, mas estamos também obrigados a “dar testemunho da luz”, com o exemplo da nossa da vida, de um fé viva, que vale mais que todas as belas palavras e discursos  que   possamos fazer.
Jesus é a Luz das Nações, que quer iluminar todos os homens. No entanto, cada um é livre de fazer a sua opção: uns, como os agnósticos ignoram-n’O; outros, como Herodes, porque se sentem incomodados, procuram eliminá-l’O, enquanto outros, à semelhança dos Magos e dos Pastores, acolhem-n’O no coração, e sentem alegria em anunciar a sua presença no mundo!  

Chama nº 777 | 02 Janeiro ‘11