sábado, 22 de janeiro de 2011

IMITAR A IGREJA DE JERUSALÉM NO CAMINHO DA UNIDADE!

Estamos a celebrar o Oitavário de Orações pela Unidade dos Cristãos. A perícope dos Actos dos Apóstolos: “[os cristãos] eram assiduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna,  à Fracção do Pão e às orações”, escolhida pelas comunidades cristãs de Jerusalém como tema de Reflexão para este acontecimento eclesial, também nos serve para meditar nos passos que devemos dar em prol da Unidade dos Discípulo de Cristo.

Está a decorrer o Oitavário de Orações pela Unidade dos Cristãos, ou como alguns preferem hoje, a Semana da Unidade do Cristãos. 
Este ano os textos e as orações do guião para as celebrações foram preparados pelos cristãos de Jerusalém, o que tem um significado muito especial, pois foi em Jerusalém onde nasceu a Igreja de Cristo, e, ao mesmo tempo, porque nessa cidade as mais diversas comunidades cristãs aí marcam a sua presença partilhando inclusive os mesmos templos, o que nem sempre se tem feito com um verdadeiro ecumenismo.
Permitam-me que comungue convosco alguns parágrafos do mesmo guião, que nos estimulem a alimentar, nas nossas orações e na nossa vida concreta, a tarefa ecuménica:
“As Igrejas em Jerusalém oferecem-nos hoje uma visão do que significa buscar a unidade, mesmo em meio de grandes problemas. Elas mostram-nos que a chamada à unidade pode ser mais do que meras palavras e que, de facto, pode-nos orientar para um futuro no qual antecipamos e ajudamos a construir a Jerusalém celeste.
É preciso realismo para transformar tal visão em modo concreto de viver. A responsabilidade pelas nossas divisões é nossa; elas são o resultado de nossas próprias acções. Precisamos de mudar a nossa oração, pedindo a Deus que nos transforme para que possamos trabalhar activamente pela unidade. Estamos bastante dispostos a rezar pela unidade, mas isso pode tornar-se um substitutivo para a acção que vai fazer com que ela aconteça. Será possível que estejamos sendo, nós próprios, um bloqueio ao Espírito Santo porque somos obstáculos à unidade, porque o nosso orgulho vaidoso é uma barreira à unidade?”
E o texto prossegue:
“Este ano, o chamamento à unidade, para as Igrejas do mundo inteiro, vem de Jerusalém, a Igreja mãe. Conscientes das suas próprias divisões e da sua própria necessidade de fazer mais pela unidade do corpo de Cristo, as Igrejas em Jerusalém fazem um apelo a todos cristãos para a redescoberta conjunta dos valores que mantinham unida a comunidade primitiva em Jerusalém, quando os cristãos se uniam ao ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações. Esse é o desafio que está diante de nós. Os cristãos de Jerusalém convocam os seus irmãos e irmãs para fazer desta Semana de Oração uma ocasião de renovar o compromisso de trabalho por um genuíno ecumenismo, enraizado na experiência da Igreja dos primórdios.”
Os cristãos das comunidades  de Jerusalém  escolheram  para a  Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2011 o tema Actos 2,42: Eles eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações, sendo um convite a regressar às origens da primeira Igreja em Jerusalém; é uma chamada à inspiração e renovação, um regresso ao essencial da fé; é um chamamento a relembrar o tempo em que a Igreja tinha  ‘só coração e uma só alma’.
No mesmo documento são-nos  apresentados quatro elementos que eram  os marcos da primeira comunidade cristã e que são essenciais à vida da comunidade cristã, onde quer que ela exista:
“Primeiramente, temos a palavra que era comunicada pelos apóstolos. Em segundo lugar, a comunhão fraterna (koinonia) era um sinal importante entre os primeiros fiéis sempre que se reuniam. Uma terceira marca da Igreja primitiva era a celebração da Eucaristia (a fracção do pão), lembrando a Nova Aliança que Jesus realizou através de seu sofrimento, morte e ressurreição. O quarto aspecto é a atitude constante de oração. Esses quatro elementos são os pilares da vida da Igreja e de sua unidade.
A comunidade cristã na Terra Santa deseja dar proeminência a esses elementos essenciais básicos ao elevar a Deus as suas preces pela unidade e vitalidade da Igreja no mundo. Os cristãos de Jerusalém convidam as suas irmãs e irmãos do mundo inteiro a unirem-se a eles em oração enquanto trabalham pela justiça, paz e prosperidade para todos os povos da terra.”
E o respectivo  documento esclarece:
“Há uma caminhada de fé que pode ser detectada nos temas [propostos]. Desde os seus inícios na “sala superior”, a primitiva comunidade cristã experimenta o derramamento do Espírito Santo, que lhe permite crescer na fé e na unidade, na oração e na acção, de modo a tornar-se verdadeiramente uma comunidade da Ressurreição, unida a Cristo na sua vitória sobre tudo que nos divide uns dos outros e nos separa d’Ele. Então a própria Igreja de Jerusalém  torna-se um farol de esperança, uma degustação antecipada da Jerusalém celeste, chamada a reconciliar não somente  as nossas Igrejas, mas todos os povos.
Essa caminhada é guiada pelo Espírito Santo, que conduz os primeiros cristãos ao conhecimento da verdade sobre Jesus Cristo e que enche a Igreja primitiva de sinais e prodígios, para a admiração de muitos. À medida que prosseguem na caminhada, os cristãos de Jerusalém  reúnem-se com devoção para ouvir a Palavra de Deus pregada no ensinamento dos apóstolos, e  juntam-se em comunhão para celebrar a sua fé no sacramento e na oração. Cheia do poder e da esperança que vêm da Ressurreição, a comunidade celebra  a sua vitória certa sobre o pecado e a morte, e assim tem a coragem e a visão para ser ela própria um instrumento de reconciliação, inspirando e desafiando todos os povos a superar as divisões e injustiças que os oprimem.”

A primitiva comunidade de Jerusalém, torna-se um paradigma para as comunidades cristãs de hoje: era uma comunidade corajosa, que dava testemunho da verdade; era unida pelo Pentecostes, tendo no seu seio pessoas das mais diversas origens; era uma comunidade unida pelo anúncio da Palavra de Deus. Essa união era corroborada pela partilha, os primeiros cristãos punham tudo em comum, e pela “fracção do pão” que os unia na esperança. Além disso criava unidade pela oração em comum, que os entusiasmava na proclamação da Ressurreição, mesmo levando o peso da sua cruz.
E a finalizar, deixamos o desafio lançado pelos cristãos de Jerusalém, para  trabalhar pela reconciliação: 
“Mesmo se os cristãos conseguirem a unidade entre eles, a sua tarefa não estará completa, porque eles precisam de  se reconciliar uns com os outros. No contexto de Jerusalém, isso significa relacionamento entre palestinianos e israelitas;  e em outras comunidades, os cristãos são desafiados a buscar a justiça e a reconciliação no seu próprio meio”.
Aceitemos o desafio!


Chama n.º 780 | 23 Janeiro ‘11

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