quinta-feira, 26 de junho de 2008

EM LOUVOR DE PEDRO E PAULO

Com o sangue dos Apóstolos
Este dia se consagra
Em que S. Pedro e S. Paulo
São coroados de glória.
A mesma sorte os uniu
No mesmo penhor de sangue:
Por Cristo deram a vida,
Cristo lhes deu o diadema.
Pedro ouviu a voz de Cristo,
Foi pastor do seu rebanho.
Paulo, de perseguidor
Transformou-se em vaso eleito.
Braços pregados na cruz,
Na cruz suspenso, Simão,
A Deus honrando, alcançou
As palmas do testemunho.
Por isso Roma, orgulhosa
Do seu martírio, lhe ergueu,
Em sinal de devoção,
O mais belo monumento.
E de todo o mundo acorrem
Até Roma os peregrinos:
Roma que é centro dos povos,
Cabeça da Cristandade.
Nós Vos pedimos, Senhor,
Nos junteis aos dois Apóstolos
Na alegria incorruptível
Da Vossa eterna presença.

(Hino do Ofício Divino)

UNIDOS NA FÉ E NO MARTÍRIO!

PEDRO E PAULO SÃO PARA NÓS DOIS EXEMPLOS DE UMA E ÚNICA FÉ EM JESUS CRISTO. SER FIEL À FÉ É VIVÊ-LA COMO FUNDAMENTO INCONDICIONAL, COMO COMUNHÃO ENTRE TODOS OS CRISTÃOS
A liturgia oferece-nos ao longo do ano algumas solenidades; umas caem em Domingo, outras acontecem em feriado, dia Santo de Guarda, utilizando a linguagem tradicional, e outras em qualquer outro dia da semana, o que tantas vezes leva a que sejam "esquecidas" , por muitos cristãos.
Mas, felizmente, acontece que às vezes as tais solenidades menos celebradas também ocorrem em Domingo, como acontece, este ano com a Solenidade do Martírio de São Pedro e São Paulo.
Embora, neste fim de semana se inicie o Ano Paulino, o qual, certamente, será recordado, ao longo do ano, não queremos menosprezar a grandeza e singeleza deste dois baluartes da Igreja.
É verdade que Pedro e Paulo não morreram juntos, mas Igreja quis juntar a celebração destes dois apóstolos, porque eles são de facto duas colunas da Igreja, embora muito diferentes, no entanto complementam-se reciprocamente.
Pedro e Paulo são personagens muito diferentes pelo seu modo de ser e agir, mas muito iguais na sua fé e no seu amor a Jesus Cristo. São também idênticos pela sua entrega incondicional até à morte, pelo afã de reunir uma comunidade que vivesse da fé e do amor de Jesus cristo. Ainda que um e outro tivessem realizado essa tarefa de um modo bastante distinto, ambos são exemplos vivos para cada um de nós.
Em relação a Pedro, os evangelhos parecem empenhados em sublinhar duas coisas (aparentemente contraditórias) é o primeiro a confessar a sua fé em Cristo, mas também o primeiro a enganar-se e a desaconselhar Cristo a seguir o caminho que leva à Cruz (um caminho que era demasiado difícil para Pedro e por isso negou aquela fé que antes generosamente proclamara). O equívoco de Pedro, convertem-no, no entanto, num homem de fé radical. Por isso Jesus o escolhe para ser a pedra, a rocha, o fundamento da Igreja.
E Simão Pedro, desde o princípio assumiu a missão que Jesus lhe confiara, e na Última Ceia, quando o Mestre decide lavar os pés aos discípulos é ele quem recusa tal gesto, pois lhe parecia indigno que a Aquele a quem seguiam tivesse um gesto de tanta humildade. Pedro que confessara que daria a vida por Cristo é o mesmo que no Jardim das Oliveiras, puxa da espada para defender Jesus, enfrentando sozinho um batalhão!
Mas como bem dizia Jesus, "Eu não vim chamar os justos mas os pecadores", evidencia também as fraquezas dos seus seguidores, o que também se revela em Pedro, quando junto à fogueira, nega o Mestre, dizendo desconhecê-l’O!
Mas, se Pedro negou a Cristo, não foi no entanto, deserdado da missão que o Mestre lhe confiara, antes pelo contrário foi confirmada junto às margens do lago de Genesaré, quando por três vezes teve de responder à pergunta do Mestre: "Simão, filho de Jonas, tu amas-Me", e ele entristecido teve de responder: "Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo!".
Se outrora Jesus escolhera gente humilde para serem seus discípulos, também escolhe para apóstolo Paulo, um judeu que esforçadamente perseguia a Igreja, para o converter no mais eficaz anunciador da fé e do amor de Jesus, construindo uma Igreja aberta a todos os povos, e culturas de todas as latitudes.
Paulo, o apóstolos dos gentios, não tem medo de aventurar-se, de ultrapassar todos os obstáculos para levar a fé de Jesus Cristo. Sem este Apóstolo a primitiva Igreja teria, talvez, ficado confinada ao pequeno círculo do povo judeu, (ainda que tenha sido Pedro a acolher o pagão Cornélio no seio da Igreja). Por isso não é de estranhar que estes dois apóstolos por vezes tenham entrado em choque na resolução de problemas que iam surgindo na Igreja nascente, tendo por mais e uma vez Paulo censurado Pedro por este não querer cortar com algumas das tradições judaicas.
Pedro e Paulo são para nós dois exemplos de uma mesma e única fé em Jesus Cristo. Ser fiel à fé é vivê-la como fundamento incondicional, como comunhão entre todos os cristãos.
E ser fiel à fé é também vivê-la com liberdade, como fermento que pode levedar o mundo inteiro em qualquer época da História.
Chama nº 679 ­ - 29 Junho ‘08

domingo, 22 de junho de 2008

NASCEU UM PROFETA

JOÃO BAPTISTA LEMBRA-NOS QUE HOJE FALTAM PROFETAS PARA CONTINUAR A PREPARAR OS CAMINHOS DO SENHOR.
TALVEZ TENHA CHEGADO A NOSSA VEZ!
Não será, talvez, o santo mais querido da Igreja, mas cremos que ser o santo mais festejado em Portugal, e em outras muitas outras latitudes do planeta. Estamos, naturalmente, a referir a São João Baptista, cuja solenidade do seu nascimento, ocorre no próximo dia 24, Terça-feira.
Também nós nos associamos à efeméride, dedicando-lhe a nossa reflexão na nossa Chama Viva.
João Baptista, é um exemplo, pois cumpriu com fidelidade a sua missão, sem deter-se perante as dificuldades e os obstáculos dos que não sossegaram até silenciar a sua voz profética com o martírio.
João Baptista é o resumo de todo o Antigo Testamento. Soube recolher e pôr ao de cima toda a esperança e anseio de salvação que estava no coração do seu povo. A sua palavra, atenta às vicissitudes quotidianas, chegou ao coração das pessoas, suscitando provocação, inquietude, e fazendo com que os olhos se abrissem ao futuro...
A sua missão, de precursor, foi levar os homens até Jesus, facilitando e fazendo possível o encontro. Com simplicidade o reconheceu quando disse: "Não sou o que vós pensais, mas depois de mim vem Outro a quem não sou digno de desatar as sandálias dos pés", ou quando, ao final da sua missão, desaparece sem fazer alarido, e o faz com alegria, porque "convém que Ele cresça e eu diminua".
Fixemo-nos, pois, neste homem, em João, neste santo que teve um papel tão importante na vida de Jesus e que tem sido tão popular entre os cristãos de todo o mundo, ao longo da história.
Durante o tempo de Advento, antes do Natal, olhamos para Baptista como o precursor do caminho de Jesus. No tempo de Advento vemos como João, desde a exigência da sua vida pessoal e da sua pregação ao povo, é o sinal e a voz que clama por Aquele que está a chegar, para que seja acolhido com um coração aberto, com o forte desejo de mudança de vida, com a exigência da conversão pessoal de cada um de nós, e de todo os homens.
No entanto, antes de falar da sua vida e da sua pregação, São Lucas fala-nos do seu nascimento, que, afinal, é o que estamos a celebrar. (A Igreja somente celebra o nascimento de três pessoas, o de Jesus, de Nossa Senhora e o de João Baptista, e o Evangelho de Lucas é o único nos narra o nascimento do Baptista).
Segundo este Evangelista o nascimento de João acontece seis meses antes do Natal. A Igreja colocou a celebração do Nascimento de Jesus no solstício de Inverno e a de João no solstício de Verão. À primeira vista pode parecer-nos que deveria ser ao contrário, pois no maior dia do ano talvez deveria ter nascido o Filho de Deus, porque Ele é o verdadeiro Sol. No entanto, vendo bem, tem a sua razão; é que a partir do início do Verão os dias começam a minguar e as noites a crescer, e, ao contrário, com o solstício de Inverno as noites tornam-se mais curtas e os dias mais longos, e então encontramos um paralelismo com as palavras do Baptista: "é bom que Ele cresça e eu diminua". João tinha por missão, como ele o afirma, "preparar os caminhos do Senhor", e fê-lo denunciando a corrupção dos poderosos do seu tempo, pondo a nu a mediocridade dos sacerdotes de então, e mostrando a frieza religiosa da maioria dos judeus, seus contemporâneos.
Hoje, cada um de nós, deveria perguntar-se o que fazer para abrir os caminhos para a vinda de Jesus a nós e a cada irmão, em qualquer situação da vida. E, João dá-nos o exemplo, já que alia a radicalidade da sua palavra – a sua chamada à renovação pessoal e sincera – com a exigência da sua própria vida. Não é um homem que diga e não faça, mas sim que diz e faz. Di-lo e fá-lo com exigência, porque é um verdadeiro profeta de Deus.
João Baptista lembra-nos que hoje faltam profetas, para continuar a preparar os caminhos do Senhor.
Talvez tenha chegado a nossa vez!


Chama nº 678 ­ - 22 Junho ‘08

domingo, 15 de junho de 2008

A MESSE É GRANDE

ANUNCIAR E COMPROMETER-SE COM O REINO DOS CÉUS INTRODUZ-NOS CADA VEZ MAIS NA DOR DA HUMANIDADE. QUANTO MAIS INTENSAMENTE SE AMA, TANTO MAIS SE SENTE NA PRÓPRIA CARNE AS INJUSTIÇAS E SOFRIMENTOS DOS HOMENS.
Há dias ouvíamos um desabafo de alguém que dizia que, nos próximos anos Portugal teria de importar trabalhadores qualificados da construção civil para as grandes obras que se estavam a lançar, ou em vias de lançamento, como seja o novo pacote de auto-estradas, e das novas barragens (e nem sequer foram referidas as empreitadas do comboio de alta velocidade), porque nos últimos anos houve uma deslocação maciça de operários da construção civil, para Espanha, e que os mesmos não estariam dispostos a regressar tendo em conta a disparidade de salários entre os dois países! Parece que temos "messe", mas poucos trabalhadores!
Talvez isto nos ajude a penetrar no âmago do Evangelho deste Domingo. Caminhava Jesus, anunciando o Reino. Quando uma grande multidão O acompanhava, e ao ver a multidão "encheu-se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas , como ovelhas sem pastor", e então disse aos seus discípulos: "a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara".
Quando uma obra surge é natural que falte tudo, como faltou à Igreja no seu início. Jesus tomou nos seus ombros a difícil tarefa de fundar a Igreja. Começou por anunciar a Boa Nova do reino, e muitos, desapontados como o judaísmo instalado e ritualista, aderiram aos seus ensinamentos e seguiam-No por todos os recantos da Galileia. Tudo estava no princípio, e por isso tudo faltava. Era necessário que Jesus tivesse mais colaboradores no anúncio da sua Mensagem, e Ele mesmo dirigindo-se aos seus discípulos, pede-lhes que rezem para que o dono da Seara envie mais trabalhadores...
Passados vinte séculos, as palavras do Mestre continuam actuais; de facto messe é cada vez maior e os trabalhadores cada menos.
Hoje a Igreja debate-se com uma terrível crise de vocações, e mais premente na Europa. As causas podem ser diversas:
Porque não rezamos suficientemente ao Senhor.
Porque os que deveriam chamar não o fazem ou fazem-no mal!
Porque os que poderiam responder fazem ouvidos moucos.
Porque a nossa vivência cristã nem entusiasma nem causa ilusão.
Porque os valores que a sociedade nos propõe são opostos ao do Evangelho, etc.
No entanto, seja qualquer que seja a razão é que hoje em muitas igrejas locais o problema vocacional é muito grave. Mas convém recordar que os operários provêm da mesma messe, ou seja, a messe não está madura até que não dê trabalhadores! Enquanto uma comunidade cristão não der frutos vocacionais, seja uma igreja local, seja mesmo a igreja doméstica, que é a família, deveria considerar-se território de missão!
Se hoje acusamos, com razão, a sociedade pela crise vocacional, também o devemos fazer às famílias. Hoje estamos a educar os jovens na idolatria pelo trabalho, pela produção e pelo êxito, e se para tal é necessário incentiva-los à perseverança, com os inerentes sacrifícios, esquecemos de lhes incutir os valores que
fazem o homem diferente de toda a criação: os ideais do altruísmo, abnegação e entrega aos irmãos.
Por isso não nos podemos lamentar depois chorando porque os jovens são frios, porque o nosso mundo está gelado!
Mas, apesar de tudo, temos de ter coragem de criar uma Igreja aberta e sem medo combatendo a apatia que invade tantos cristãos. Temos de continuar a obra do Mestre. Ele não pretendeu prescindir dos homens para levar a cabo a sua missão, e, por isso, chamou os doze Apóstolos, com nomes próprios, porque a Igreja não é uma massa anónima, mas sim um conjunto de homens e mulheres, com uma missão específica, missão essa que consiste em imitar Jesus Cristo, levando aos demais homens a mesma mensagem libertadora que ele mesmo transmitiu.
Jesus escolheu os doze e enviou-os em missão, dizendo-lhes: "Ide e proclamai que está perto o reino dos Céus: Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça". Lembrou-lhes, enfim, que em vez de exercer o seu ofício, o seu ministério sacerdotal, fariam melhor se se empenhassem em vivê-lo porque a paixão por Cristo só é contagiante quando cada um vive alegremente a sua fé, mesmo no meio da dor, porque quem gasta a sua vida no amor ganha a vida, ainda que fisicamente a possa perder.
Anunciar e comprometer-se com o reino dos céus introduz-nos cada vez mais na dor da humanidade. Quanto mais intensamente se ama, tanto mais se sente na própria carne as injustiças e os sofrimentos dos homens.
Hoje continuam a escassear operários na messe, mas Jesus continua a chamar, a apelar, a exortar a deixarmos o nosso comodismo, para que, com a nossa colaboração, possa prosseguir a sua missão.
Mas, afinal, qual é a nossa resposta?
Chama nº 677 ­ - 15 Junho ‘08

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Reunião de avaliação do Ano Pastoral

É já no próximo Sábado, dia 14, que vamos realizar a reunião de avaliação do ano pastoral que vai caminhando para o seu termo.
Julgo ser uma ocasião para nos reunirmos e reflectir no que houve de bom de de menos bom. Dar graças a Deus por tudo o que de bom houve e penitenciarmo-nos pelo pelo que correu menos bem.
A nossa comunidade sofreu alterações em relação aos membros que a compunham, o frei João foi para Viana do Castelo e recebemos com agrado o Fr. Manuel Brito.
Naturalmente que as mudanças irão obrigar-nos, também, o mudar-mos o nosso ritmoo de vida.
Desde já apelamos à participação dos elementos dos diversos grupos apostólicos, e de todos os fiéis que se sintam interessados em renovar esta parcela do povo de Deus que é constituída por todos os cristãos que diariamente, ou semanlamente, celebram a fé connosco.
Há muito caminho a percorrer, há nós para desatar, há projectos a renovar e outros a incrementar. Todos nos devemos empenhar em construir uma comunidade viva, mais evangélica, mais caritativa, e isso só é possível com o empenho e entrega de todos.
Todos somos poucos, todos somos necessários, pelo que contamos contigo na reunião do próximo Sábado.

O ESCÂNDALO DE JESUS

MAS SE JESUS FICOU ESCANDALIZDO COM A ATITUDE DO JOVEM RICO, ELE MESMO SE TORNARÁ ESCÂNDALO PARA OS JUDEUS, COMO PODEMOS CONSTATAR NO EVANGELHO QUE HOJE NOS É PROPOSTO
Todos nós conhecemos, já, a história, a daquele jovem rico, que um dia se aproximou de Jesus e Lhe diz: "Bom, Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?" . E, Jesus, exortou-o a pôr em prática os mandamentos. Mas o jovem respondeu que tal já fazia desde a juventude...
Parecia, pois, que Jesus iria ter mais um seguidor, mas quando foi proposto ao jovem que vendesse tudo o que possuía, desse o dinheiro aos pobres, e se dispusesse a seguir o Mestre, eis que o jovem retirou-se entristecido... porque era muito rico! E, Jesus ficou escandalizado, porque aquele mancebo recusara o caminho que antes procurava: a vida eterna.
Mas, se Jesus ficou escandalizado com esta situação, Ele mesmo se tornará escândalo para os Judeus, como podemos constatar no Evangelho que hoje nos é proposto.
Quando iniciou a sua vida pública, o Nazareno, escolheu os seus discípulos, uns eram já pessoas "inquietadas" que procuravam o Reino, como seja aqueles que sendo discípulos de João, se dispuseram a segui-l’O, quando o Baptista testemunhou que Ele era o "Cordeiro de Deus"; outros eram judeus, ainda que da Galileia, que tudo deixaram, ao convite de Jesus. Entretanto, viu um homem, chamado Mateus,
sentado no posto da cobrança de impostos e disse-lhe: "Segue-Me"... , e o publicano levantou-se para O acompanhar!
À primeira vista parece que a atitude de Jesus nada tem de anormal, mas para um judeu de gema isso era o maior escândalo. Jesus convida para seu discípulo um recaudador de impostos, um publicano, uma pessoa odiada, um colaborador da ditadura romana, um explorador dos pobres, a quem cobrava os impostos com enormes margens de lucro. O publicano além de ser desprezado pelos judeus, era também um "pecador", porque se contaminava constantemente com o frequente contacto com os pagãos. A atitude de Jesus é escandalosa, e imperdoável, para um judeu convicto.
Mas as coisas não se ficaram por aqui! O mesmo Jesus aceita o convite para comer em Mateus, o que nos parece normal, se não se desse o caso de, à mesa, estarem todos os seus amigos, publicanos e pecadores! É que, entre os judeus, comer com outro era tido por uma grande honra e expressão de confissão e intimidade, era o sinal mais valioso de amizade e comunhão, não só a nível humano, mas também no plano religioso: indicava de alguma maneira a comunidade perante Deus. Por isso os judeus evitavam comer
com os membros pecadores do povo. Comer com eles era entrar em profunda convivência com os pecadores, era como assumir e aceitar o seu modo de vida. Comer com os publicanos que se aproveitavam dos seus conterrâneos ao cobrar os impostos, e não cumpriam com os ritos religiosos, era um grande escândalo!
Mas Jesus comporta-se de forma diferente, não se envergonha de conviver com todos, justos e pecadores, não tem medo de ficar impuro segundo a lei. Ele fez uma opção: estar com os marginalizados, com os pecadores e dá-lhes a mão para os reintegrar na sociedade e na amizade com Deus.
O que para os demais judeus era escândalo, Mateus considera uma graça, uma milagre. Ele mesmo coloca a sua conversão entre a narração dos milagres de Jesus, porque sentiu que a sua inesperada, desconcertante e transformadora chamada de Jesus fora para ele o caminho da verdadeira vida.
Hoje Jesus faz-nos o mesmo convite que fez ao jovem rico e ao cobrador de impostos;
Mateus, enquanto cobrador de impostos era certamente um homem rico, pois tinha de ter haveres para pagar, por adiantado, o montante de impostos exigido pela Roma Imperial. No entanto, o homem desprezado pelos seus conterrâneos, o já "condenado pecador" , ao contrário do jovem (e justo) judeu soube deixar tudo para seguir o Mestre, ou antes para "alcançar a vida eterna".
E, qual é a nossa resposta? Não será que que continuamos a desprezar Jesus, que nos dá a verdadeira riqueza?

domingo, 1 de junho de 2008

ORAR COM OS PEREGRINOS

(Neste primeiro Domingo de Junho realiza-se a Peregrinação Nacional ao Santuário do Menino Jesus de Praga em Avessadas - Marco de Canaveses. Em comunhão com os peregrinos rezemos nós também esta oração ao Divino Menino Jesus de Praga)

Divino Menino Jesus de Praga,
venho aos vossos pés receber a luz das
vossas santas inspirações e
o calor fecundo do vosso amor.
Quero ser-Vos sempre dedicado, a fim de
que a vossa predilecção por mim me atraia
sempre para Vós.
E Vós, bom amigo, inspirai-me confiança
para implorar o perdão,
sempre que Vos ofender.
Quisera ser sempre criança
no espírito pela humildade,
simplicidade amorosa,
pureza angélica,
amor confiado e sereno.
Então olharia para Vós com candura,
Vos amaria inefavelmente,
e a minha visita encontraria em Vós
a reparação das minhas necessidades.
Quando deveras Vos amo,
Divino Menino,
até a vida me parece mais alegre;
se a consciência não me culpa,
nada me parecem as minhas tristezas;
Sem Vós, porém, não posso viver.
Hoje, diante de Vós,
Milagroso Menino,
prometo professar-vos cordial devoção
para imitar as vossas virtudes,
aproveitar a vossa graça e perdão
e merecer as vossas promessas.
Amén.

CIMENTAR A FÉ

A FELICIDADE DO HOMEM PODE LEVAR-NOS À RUÍNA, MAS SE CONSTRUIRMOS A NOSSA FÉ CONSCIENTEMENTE SOBRE A ROCHA (JESUS CRISTO) NADA NEM NINGUÉM NOS DESTRUIRÁ.


Os nossos tempos têm sido pródigos em catástrofes naturais. Ainda recentemente na província chinesa de Sichuan, um terramoto causou a morte de várias dezenas de milhar de pessoas, havendo mesmo quem fale em mais de 100 mil mortos, e vários milhões de desalojado. Dias depois na mesma província um réplica do terramoto causou a destruição de mais de 420 mil casas! Também em Myanmar, a antiga Birmânia, um tufão semeou a morte e a destruição. Possivelmente se as casas tivessem sido edificadas com segurança, utilizando os sistemas anti-sísmicos, teria havido menos danos materiais.
Jesus certamente não conheceu catástrofes desta natureza, mas testemunhou enxurradas, tempestades e ciclones, que também causaram os seus danos. Ele mesmo, precisamente, usa um exemplo para comparar a fé dos seus seguidores, na parábola do Evangelho deste Domingo, onde diz que todo aquele que ouve as suas palavras e as põe em prática é como o homem que edificou a sua casa sobre a rocha e quando vieram as torrentes e o sopraram os ventos a casa não caiu. Por sua vez quem ouve a palavra de Cristo e não a põe em prática é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia que, quando surgem as tempestades, logo se desmorona. É que uma casa sem alicerces, é presa fácil dos ventos e das chuvas. Também um cristão sem alicerces é frágil e vacilante necessitando uma constante ajuda e apoio dos demais irmãos.
Hoje não é fácil ser-se cristão convicto, pois há muitas situações, perante as quais a nossa fé vacila. Não é fácil perdoar, ser honrado quando tal nos traz vantagens, enfrentar doença ou a traição dos amigos. Mas sobretudo, é difícil seguir a Cristo, pôr em prática as suas palavras porque nos encontramos num mundo de contradições. Por um lado, a oferta que nos faz a sociedade em que vivemos é de um modelo de vida que se apresenta cómoda e atraente aos nossos olhos e que presta culto à "boa vai ela".


Por outro lado, o caminho que Deus nos oferece, é uma cangosta que exige-nos abandonar o "eu" em favor do "tu", e que para cúmulo não é compreendido pela sociedade moderna. Ao escolher seguir o caminho do Evangelho devemos estar dispostos a sair de nós mesmos para nos entregarmos aos nossos irmãos. Esta renúncia torna-se inútil se a vivemos como um sacrifício que temos que fazer para conseguir um bocadinho do Céu. Só se compreende, e tem sentido, desde o amor e desde uma conversão profunda que nos leve a fazer nossos os valores propostos por Jesus. A felicidade só se consegue com a fidelidade, edificando a nossa casa espiritual sobre a rocha firme do amor de Deus.
Jesus não promete uma vida sem provações, mas promete que se a casa for construída sobre a rocha (Fé) permanecerá apesar dos forte vendavais. A nossa vida permanecerá firme até ao fim dos tempos, se a edificarmos sobre os ensinamentos e o amor de Cristo. Afastados d’Ele será uma casa que se constrói sobre a areia, e por conseguinte, pode desmoronar-se perante as vicissitudes, calamidades, dissabores e contrariedades da vida, pode perder-se no meio do imenso lamaçal que nos oferece o mundo que nos rodeia e até nos aniquilar.
A felicidade que o mundo nos propõe pode levar-nos à ruína, mas se a construirmos conscientemente sobre a Rocha (Jesus Cristo), apesar das contrariedades, dissabores, fracassos, dúvidas, tristezas, decepções, desilusões, amarguras, obscuridades e injustiças, nada nem ninguém nos destruirá.



Com dinheiro podemos:
Comprar uma cama, mas não um sonho.
Livros, mas não cultura.
Comida, mas não apetite.
Adereços, mas não a beleza.
Uma casa, mas não um lar!
Medicamentos, mas não a saúde.
Luxos, mas não simpatia.
Diversões, mas não a felicidade.
Um Crucifixo, mas não o Salvador.
Uma igreja, mas não o Céu.
E e lembra-te que o que o dinheiro não pode comprar,
Deus o dá diariamente sem nada cobrar.




Chama nº 675 ­ - 1 Junho ‘08