quinta-feira, 26 de junho de 2008

UNIDOS NA FÉ E NO MARTÍRIO!

PEDRO E PAULO SÃO PARA NÓS DOIS EXEMPLOS DE UMA E ÚNICA FÉ EM JESUS CRISTO. SER FIEL À FÉ É VIVÊ-LA COMO FUNDAMENTO INCONDICIONAL, COMO COMUNHÃO ENTRE TODOS OS CRISTÃOS
A liturgia oferece-nos ao longo do ano algumas solenidades; umas caem em Domingo, outras acontecem em feriado, dia Santo de Guarda, utilizando a linguagem tradicional, e outras em qualquer outro dia da semana, o que tantas vezes leva a que sejam "esquecidas" , por muitos cristãos.
Mas, felizmente, acontece que às vezes as tais solenidades menos celebradas também ocorrem em Domingo, como acontece, este ano com a Solenidade do Martírio de São Pedro e São Paulo.
Embora, neste fim de semana se inicie o Ano Paulino, o qual, certamente, será recordado, ao longo do ano, não queremos menosprezar a grandeza e singeleza deste dois baluartes da Igreja.
É verdade que Pedro e Paulo não morreram juntos, mas Igreja quis juntar a celebração destes dois apóstolos, porque eles são de facto duas colunas da Igreja, embora muito diferentes, no entanto complementam-se reciprocamente.
Pedro e Paulo são personagens muito diferentes pelo seu modo de ser e agir, mas muito iguais na sua fé e no seu amor a Jesus Cristo. São também idênticos pela sua entrega incondicional até à morte, pelo afã de reunir uma comunidade que vivesse da fé e do amor de Jesus cristo. Ainda que um e outro tivessem realizado essa tarefa de um modo bastante distinto, ambos são exemplos vivos para cada um de nós.
Em relação a Pedro, os evangelhos parecem empenhados em sublinhar duas coisas (aparentemente contraditórias) é o primeiro a confessar a sua fé em Cristo, mas também o primeiro a enganar-se e a desaconselhar Cristo a seguir o caminho que leva à Cruz (um caminho que era demasiado difícil para Pedro e por isso negou aquela fé que antes generosamente proclamara). O equívoco de Pedro, convertem-no, no entanto, num homem de fé radical. Por isso Jesus o escolhe para ser a pedra, a rocha, o fundamento da Igreja.
E Simão Pedro, desde o princípio assumiu a missão que Jesus lhe confiara, e na Última Ceia, quando o Mestre decide lavar os pés aos discípulos é ele quem recusa tal gesto, pois lhe parecia indigno que a Aquele a quem seguiam tivesse um gesto de tanta humildade. Pedro que confessara que daria a vida por Cristo é o mesmo que no Jardim das Oliveiras, puxa da espada para defender Jesus, enfrentando sozinho um batalhão!
Mas como bem dizia Jesus, "Eu não vim chamar os justos mas os pecadores", evidencia também as fraquezas dos seus seguidores, o que também se revela em Pedro, quando junto à fogueira, nega o Mestre, dizendo desconhecê-l’O!
Mas, se Pedro negou a Cristo, não foi no entanto, deserdado da missão que o Mestre lhe confiara, antes pelo contrário foi confirmada junto às margens do lago de Genesaré, quando por três vezes teve de responder à pergunta do Mestre: "Simão, filho de Jonas, tu amas-Me", e ele entristecido teve de responder: "Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo!".
Se outrora Jesus escolhera gente humilde para serem seus discípulos, também escolhe para apóstolo Paulo, um judeu que esforçadamente perseguia a Igreja, para o converter no mais eficaz anunciador da fé e do amor de Jesus, construindo uma Igreja aberta a todos os povos, e culturas de todas as latitudes.
Paulo, o apóstolos dos gentios, não tem medo de aventurar-se, de ultrapassar todos os obstáculos para levar a fé de Jesus Cristo. Sem este Apóstolo a primitiva Igreja teria, talvez, ficado confinada ao pequeno círculo do povo judeu, (ainda que tenha sido Pedro a acolher o pagão Cornélio no seio da Igreja). Por isso não é de estranhar que estes dois apóstolos por vezes tenham entrado em choque na resolução de problemas que iam surgindo na Igreja nascente, tendo por mais e uma vez Paulo censurado Pedro por este não querer cortar com algumas das tradições judaicas.
Pedro e Paulo são para nós dois exemplos de uma mesma e única fé em Jesus Cristo. Ser fiel à fé é vivê-la como fundamento incondicional, como comunhão entre todos os cristãos.
E ser fiel à fé é também vivê-la com liberdade, como fermento que pode levedar o mundo inteiro em qualquer época da História.
Chama nº 679 ­ - 29 Junho ‘08

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