
Os nossos tempos têm sido pródigos em catástrofes naturais. Ainda recentemente na província chinesa de Sichuan, um terramoto causou a morte de várias dezenas de milhar de pessoas, havendo mesmo quem fale em mais de 100 mil mortos, e vários milhões de desalojado. Dias depois na mesma província um réplica do terramoto causou a destruição de mais de 420 mil casas! Também em Myanmar, a antiga Birmânia, um tufão semeou a morte e a destruição. Possivelmente se as casas tivessem sido edificadas com segurança, utilizando os sistemas anti-sísmicos, teria havido menos danos materiais.
Jesus certamente não conheceu catástrofes desta natureza, mas testemunhou enxurradas, tempestades e ciclones, que também causaram os seus danos. Ele mesmo, precisamente, usa um exemplo para comparar a fé dos seus seguidores, na parábola do Evangelho deste Domingo, onde diz que todo aquele que ouve as suas palavras e as põe em prática é como o homem que edificou a sua casa sobre a rocha e quando vieram as torrentes e o sopraram os ventos a casa não caiu. Por sua vez quem ouve a palavra de Cristo e não a põe em prática é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia que, quando surgem as tempestades, logo se desmorona. É que uma casa sem alicerces, é presa fácil dos ventos e das chuvas. Também um cristão sem alicerces é frágil e vacilante necessitando uma constante ajuda e apoio dos demais irmãos.
Hoje não é fácil ser-se cristão convicto, pois há muitas situações, perante as quais a nossa fé vacila. Não é fácil perdoar, ser honrado quando tal nos traz vantagens, enfrentar doença ou a traição dos amigos. Mas sobretudo, é difícil seguir a Cristo, pôr em prática as suas palavras porque nos encontramos num mundo de contradições. Por um lado, a oferta que nos faz a sociedade em que vivemos é de um modelo de vida que se apresenta cómoda e atraente aos nossos olhos e que presta culto à "boa vai ela".
Por outro lado, o caminho que Deus nos oferece, é uma cangosta que exige-nos abandonar o "eu" em favor do "tu", e que para cúmulo não é compreendido pela sociedade moderna. Ao escolher seguir o caminho do Evangelho devemos estar dispostos a sair de nós mesmos para nos entregarmos aos nossos irmãos. Esta renúncia torna-se inútil se a vivemos como um sacrifício que temos que fazer para conseguir um bocadinho do Céu. Só se compreende, e tem sentido, desde o amor e desde uma conversão profunda que nos leve a fazer nossos os valores propostos por Jesus. A felicidade só se consegue com a fidelidade, edificando a nossa casa espiritual sobre a rocha firme do amor de Deus.
Jesus não promete uma vida sem provações, mas promete que se a casa for construída sobre a rocha (Fé) permanecerá apesar dos forte vendavais. A nossa vida permanecerá firme até ao fim dos tempos, se a edificarmos sobre os ensinamentos e o amor de Cristo. Afastados d’Ele será uma casa que se constrói sobre a areia, e por conseguinte, pode desmoronar-se perante as vicissitudes, calamidades, dissabores e contrariedades da vida, pode perder-se no meio do imenso lamaçal que nos oferece o mundo que nos rodeia e até nos aniquilar.
A felicidade que o mundo nos propõe pode levar-nos à ruína, mas se a construirmos conscientemente sobre a Rocha (Jesus Cristo), apesar das contrariedades, dissabores, fracassos, dúvidas, tristezas, decepções, desilusões, amarguras, obscuridades e injustiças, nada nem ninguém nos destruirá.
Com dinheiro podemos:
Comprar uma cama, mas não um sonho.
Livros, mas não cultura.
Comida, mas não apetite.
Adereços, mas não a beleza.
Uma casa, mas não um lar!
Medicamentos, mas não a saúde.
Luxos, mas não simpatia.
Diversões, mas não a felicidade.
Um Crucifixo, mas não o Salvador.
Uma igreja, mas não o Céu.
E e lembra-te que o que o dinheiro não pode comprar,
Deus o dá diariamente sem nada cobrar.
Chama nº 675 - 1 Junho ‘08
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