sábado, 8 de janeiro de 2011

VIVER EM JESUS

Na Festa do Baptismo do Senhor, somos convidados a recordar o nosso próprio Baptismo, pois  o mesmo convida-nos a viver em Jesus. Talvez nos possa parecer um convite despropositado, pois parece que pouco nos é dado, e muito exigido! O mundo de hoje, dentro do superficialismo que o caracteriza, promete mais por muito menos esforço, e isso torna-se tentador para os homens de hoje, que tudo querem alcançar com o mínimo de esforço e de compromisso. 


Celebramos neste Domingo a Festa do Baptismo do Senhor, e simultaneamente encerramos o Tempo de Natal. Cremos ter sido uma opção inteligente da reforma litúrgica, levada a cabo à luz dos Documentos do Concílio Vaticano II. Parece-nos oportuno colocar o Baptismo do Senhor como uma transição entre as festas natalícias e o início da sua vida pública Jesus, ou seja o tempo do anúncio da Boa Nova, do Evangelho. 
João pregava no deserto, e grande se tornara a sua fama, de tal modo que a ele acorriam multidões, muitas vezes confundindo-o com o esperado messias, mas que não davam por mal gasto o tempo dispensado nessa viagem, pois do Baptista recebiam apelos à conversão, e à mudança de vida. Entretanto João anunciava que o Messias estava para chegar, e perante a iminência da sua vinda muitos aceitavam os reptos do Pregador do Deserto, e como sinal de conversão aceitavam o baptismo nas águas do Jordão.
Chegara o Tempo de Jesus assumir a sua missão, e escolhe o rito do baptismo joânico como ponto de partida, ou se quisermos como sinal, do início da sua vida pública.
Narra-nos o trecho do Evangelho deste Domingo que João Baptista mostrou relutância quando Jesus lhe pediu para ser baptizado, pois era quem necessitava de ser baptizado por Jesus.
De acordo com uma interpretação moralizante e legalista, o Baptismo de Jesus não seria mais que um grande exemplo de humildade e de submissão aos ritos instituídos pelas autoridades religiosas. Realmente, causava dificuldade aos primeiros cristãos o facto de que Jesus se ter feito baptizar por João. É por isso que Mateus tenta obviar esta dificuldade com a resposta-explicação que Jesus dá ao Baptista: “Deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça”.
À luz da Epifania, que recentemente celebramos, o Baptismo de Jesus apresenta-se-nos primordialmente como uma epifania ou revelação da glória do Verbo feita hoje. 
Ao pedir para ser baptizado Jesus mais uma vez se torna solidário com a humanidade. O Justo mistura-se com os pecadores e submerge com eles nas águas do Jordão, como, aliás já o fizera pelo próprio mistério da sua Encarnação: Misturar-se com os homens e entrar nos caminhos da sua história, veio para tornar-se solidário com os homens em tudo, excepto no pecado, mas, no entanto, sofrendo as consequências do mesmo, a morte. Com o mesmo ímpeto de amor que entrara na nossa História, hoje desce ao rio Jordão, confundindo-se com todos aqueles homens e mulheres que se confessavam pecadores.
Mas, ao sair das águas do Jordão, ouve-se a voz do Pai: “Este é o meu Filho muito Amado, no qual pus toda a minha complacência”.
A voz do Pai e a sensível manifestação do Espírito dão testemunho de que Jesus é o Filho Amado, o grande profeta prometido a Israel, o Messias, o Ungido pelo Espírito de Deus, cumprindo-se assim as promessas feitas pelos profetas.
No Baptismo de Jesus o Pai revela o amor profundo que tem por Jesus, pois Ele é o “Filho muito amado, no qual  pus toda a minha complacência”. Por essa razão Deus convida-nos a estar atentos, a escutar as palavras, os ensinamentos de seu Filho. 
A voz de Jesus vai tornar-se mais presente ao  longo dos domingos do Tempo Comum. Agora é Ele que, olhos nos olhos, nos vai falar, animar, exortar, admoestar, corrigir. Vai em cada momento recordar os nossos compromissos baptismais, convidando-nos a viver n’Ele e com Ele.
O cristão  é convidado a viver em Jesus. Talvez nos possa parecer um convite  um pouco fora de moda, pois parece que pouco nos é dado, e muito exigido! O mundo de hoje, dentro do superficialismo que o caracteriza,  promete mais por muito menos esforço, e isso torna-se tentador para os homens de hoje, que tudo querem alcançar com o mínimo de esforço e de compromisso.
No entanto, os percalços com que nos temos deparado nos últimos tempos, e no momento actual, devem fazer-nos despertar desse sono  em que temos vindo a adormecer.
Temos de voltar a olhar para Jesus e compreender que só Ele pode dar sentido à nossa vida, pelo que se torna urgente recomeçar a viver em Jesus!

Chama n.º 778 | 09 Janeiro ‘11

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