sexta-feira, 18 de junho de 2010

E vós quem dizeis que eu sou?

Um dia, Jesus orava sozinho, estando com ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: ‘E vós, quem dizeis que Eu sou?’.
A pergunta que fez aos seus seguidores, também hoje, e em cada momento, no-la faz a cada um de nós: ‘Quem sou Eu?'
Desde há muitos de séculos as pessoas que se julgavam importantes, gostavam de saber o que os outros pensavam delas. Muitas outras pagavam a historiadores para escrever a sua biografia, mas com a condição de empolgarem as suas virtudes e ocultarem os seus defeitos. Historiadores mais sérios pagaram com a vida por não seguirem tais critérios.
Também hoje algo semelhante se passa. Em tempo de eleições cada partido político encomenda as suas próprias sondagens, e os meios de comunicação não se cansam de, periodicamente, apresentar o ter e haver de cada figura política, com os denominados barómetros de popularidade (ou não seria melhor chamar-lhes barómetros de impopularidade?).
Mais ainda, nossos dias não faltam pessoas que pertencem à denominada “socialite” que pagam a jornalistas para escreve as suas biografias, que por vezes sem qualquer pejo intitulam “autobiografia”!
No tempo de Jesus não havia empresas de marketing ou de sondagens, mas isso não queria dizer que não houvesse pessoas mais importantes e famosas do que outras. Sabemos, pelos relatos evangélicos que milhares de pessoas seguiam atrás de Jesus, porque naturalmente se tornara uma pessoa famosa.
E aquelas multidões que seguiam o Mestre, o que é que pensavam d’Ele?
Um dia, como tantas vezes fazia, Jesus tinha-se retirado para rezar sozinho. Os evangelistas informam-nos frequentemente da oração de Jesus, quer do modo como orava quer do seu conteúdo. Naturalmente, Jesus, como bom israelita, frequentava o culto sabático da sinagoga, subia a Jerusalém em peregrinação, celebrava a Páscoa judaica e, em geral, participava na oração litúrgica do povo. Isto era perfeitamente normal e não devia causar estranheza a ninguém. Também era normal que Jesus, em momentos culminantes e decisivos da sua vida pública, se retirasse das pessoas para orar em solidão; mas o que nos chama a atenção é o modo e o conteúdo dessa oração privada de Jesus, já que Ele tinha uma preferência por orar sozinho. Pelo menos, os evangelistas não mencionam nem uma só vez em que Jesus tenha reunido os seus discípulos para orar com Ele em particular. Diríamos que Jesus não só se retira das multidões para evitar o bulício e procurar a adequada tranquilidade, mas também se afasta dos seus discípulos, nem que seja mais a “um tiro de pedra” , como em Getsémani para estar a sós com o Pai.
Depois de ter estado mais “comunhão” com o Pai, pergunta, frontalmente, aos discípulos: “Quem dizem as multidões que Eu sou?” Eles não tinham que discorrer muito, pois bastava recordar o que tinham ouvido nas conversas que, entretanto, tinham estabelecido com as pessoas, ou lembrar-se de alguma conversa ou comentário que a gente ia trocando entre si. Embora não houvesse unanimidade acerca da pessoa de Jesus, todos O consideram uma pessoa importante; uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias; e outros que é um dos antigos profetas que tinha ressuscitado.
Talvez Jesus se pudesse sentir lisonjeado com aquelas respostas, mas, de chofre, pergunta aos discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” Era, certamente, uma pergunta inesperada (ou mesmo inoportuna), e estou a ver os discípulos a coçar a cabeça e a barba, ou a apertar os lábios com os dentes, já que não sabiam o que responder. Foi então, que Pedro, vendo o embaraço dos companheiros, deu um passo em frente e disse: “És o Messias de Deus”.
Sem o saber Pedro tinha feito a maior profissão de fé, embora confundisse a messianidade de Jesus com os anseios do povo judeu, pelo que o mesmo Jesus, os exorta a que guardem silêncio para que sejam evitados equívocos entre os projectos dos homens e os projectos de Deus, como Ele o corroborou ao dizer a Pilatos: “O meu reino não é deste mundo”.
Se a pergunta nos fosse feita hoje a cada um de nós, provavelmente quase todos responderíamos com a prontidão de quem se submete a una pergunta da Catequese: “Jesus é Filho de Deus, Deus e homem verdadeiro, Redentor e nosso Salvador”.
Sim, Jesus é Cristo é o Filho de Deus, mas quando o confessamos devemos testemunha-lo com nosso viver de cada dia.
Chama Viva do Carmo 759 I Junho 20, 2010

Sem comentários: