sábado, 26 de março de 2011

O POÇO DE ÁGUA VIVA

Passava um dia jesus na Samaria, quando chegou à cidade de Sicar. Estava cansado e  sedento, e junto do poço de Jacob, esperava  que alguém viesse em busca de água.
Chegou uma mulher samaritana a quem Jesus pediu água para beber. Perante a recusa da samaritana Jesus convidou-a a procurar a verdadeira água, aquela que mata a sede para sempre, apresentando Ele mesmo como o Poço da água Viva!  


Neste ciclo A, a liturgia oferece-nos o trecho da Samaritana.Para que possamos compreender o alcance e doutrina deste relato, devemos ter em conta um pouco a História de Israel. Sabemos que quando o povo Hebreu entrou na terra Prometida o território foi divido por doze tribos. Cada tribo, com o seu respectivo território tinha a sua identidade e a sua independência. Mas para se defenderem contra os antigos habitantes, particularmente contra os Filisteus, foram-se agrupando, até que todas as tribos formaram um único reino no tempo de rei David.
No entanto depois de Salomão o reino dividiu-se em dois: a Samaria a norte, composto por dez tribo e Judá a sul, somente com duas únicas tribos. Ambos os reinos tiveram as vicissitudes até que a Samaria, ou reino do Norte, viu desterrada uma grande parte da sua população, sendo repovoada com homens trazidos de cinco nações que trouxeram consigo os seus respectivos deuses. No entanto o rei deu-lhes um sacerdote que lhes ensinara o culto ao Deus daquela terra, e assim aprenderam o culto a Javé.  Construíram-Lhe um templo no monte Garizin. Destruído o templo de Jerusalém, então adoravam a Deus no santuário que naquele  monte tinham. Apesar de serem pouco versados na Escritura, e só aceitavam os  livros da Torah, ou seja os cinco primeiros livros da Bíblia, denominados Pentateuco, tinham uma  veneração por Moisés e  esperavam o Messias. Contudo, eram considerados cismáticos por parte dos judeus, como recordam os evangelhos: “Não se falavam os judeus e samaritanos”. 
Entretanto, muitos anos depois os samaritanos da região da Galileia, uniram-se aos Judeus tendo como centro de culto não o templo de Garizin mas o Templo de Jerusalém, onde todos os anos peregrinavam. 
Os Galileus para se dirigirem a Jerusalém tinham de cruzar o território da Samaria, onde muitas vezes eram hostilizados, pelo que não admira que os samaritanos tenham negado ao próprio Jesus o sagrado direito oriental da pousada, unicamente porque ia a caminho de Jerusalém.
É neste contexto que devemos situar o encontro de Jesus com a Samaritana. Era por volta do meio-dia, quando Jesus chegou a uma cidade da Samaria chamada Sicar, onde estava o chamado poço de Jacob. Jesus estava cansado e sentou-se à beira do poço!
Entretanto veio uma mulher da Samaria para tirar água do poço, e Jesus, quebrando todas as regras, pois um judeu não podia dirigir a palavra a uma mulher que estivesse sozinha, diz-lhe: “Dá-me de beber”. A samaritana, ciente dos preceitos da sua religião responde: “Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana?” 
Então Jesus aproveita para falar de outra água, contestando-lhe: “Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna”.
Ao princípio a samaritana, parece nada compreender, e pede a Jesus que lhe dê daquela água para que uma vez dessedentada nunca volte a ter sede, e não tenha de ir tantas vezes, com o balde, tirar água do profundo poço.
No entanto, vai-se-lhe abrir o entendimento quando Jesus lhe começa a falar da sua vida; afinal ela era uma mulher insatisfeita; tinha tido já cinco maridos, e o homem com quem actualmente vivia não era seu marido! 
Sem se dar conta a samaritana começa a beber  da fonte da água viva, começando por reconhecer em Jesus um profeta, e chegando à convicção que Ele era o Messias.
Cristo é a água viva, que lava os nossos pecados, convidando-nos também a mudar a de vida, deixando os antigos ídolos, para adorar a Deus em Espírito e Verdade. 
O cristão deve continuar a procurar as fontes de água viva. É verdade que já bebemos das fontes da água viva, quando mergulhámos nas águas da fonte  baptismal. No entanto, à semelhança da samaritana, continuamos insatisfeitos; ela fê-lo, durante muito tempo,  trocando de marido (aliás como hoje infelizmente vai acontecendo), nós, procurando novos “ídolos”, esquecendo-nos que Cristo é o único poço de água da vida, que nos pode dar a plena felicidade!  

Chama n.º789 | 27 Março ‘11

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