domingo, 1 de março de 2009

COMENTÁRIO

Todos os anos, no primeiro Domingo da Quaresma, a leitura do Evangelho fala-nos das tentações de Jesus. Neste Ciclo B, São Marcos, ao contrário dos outros sinópticos, não nos diz quantas foram as tentações, e sobretudo, não diz que Jesus sentiu fome.
Diz-nos que foi o Espírito quem O conduziu ao deserto, era tentado por Satanás, que vivia com os animais selvagens e que os Anjos O serviam.
Também hoje é o Espírito quem conduz de novo a Igreja o Deserto. A Quaresma, que iniciamos, é o grande convite a deixarmo-nos conduzir ao deserto, seduzidos por Deus; caminhamos para a Páscoa para renovar a nossa fé, para nos renovarmos a nós próprios e para levar a vida nova a todos os lugares onde quer que nos encontremos.
Ao dizer que Jesus vivia com os animais selvagens e que os Anjos O serviam, Marcos apresenta-nos Jesus como o novo Adão. Este foi submetido à prova, como o primeiro. Mas enquanto o primeiro Adão tinha duvidado da promessa divina, como refere o livro do Génesis, Jesus, sai vencedor. O primeiro sucumbira, mas Jesus mantém-se obstinadamente confiado e submisso. Assim demonstra merecer de modo perfeito o título recebido no seu baptismo: "Filho amado do Pai", e deste modo Jesus restaura a imágem que o primeiro Adão deitara a perder com o seu pecado.
A presença de Jesus durante quarenta dias no deserto, evoca, também, os quarenta anos que o povo hebreu vagueou no deserto desde a libertação do Egipto até entrar na terra prometida. Nesse longo caminho o povo hebreu, perante as dificuldades e as provações a que esteve sujeito, revoltou-se contra Deus, não sabendo aceitar os seus planos divinos.
Finalmente podemos ver na estadia de Jesus no deserto a nossa própria peregrinação aqui na terra, a caminho da Pátria Celeste. Também nós temos de conviver com os "animais selvagens", isto é com o pecado; sentimos fome e desânimo e somos tendos pelo Demónio. Perante isto temos dois caminhos: não confiar em Deus, como o primeiro Adão, ou pôrmo-nos nas mãos do Pai como Jesus.

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