domingo, 1 de fevereiro de 2009

“O Santo de Deus”

Quando, realmente, nos sentirmos libertos de todas as formas de "possessão", então, também nós gritaremos: "Vós sois Cristo, o Santo de Deus".

Ao longo dos evangelhos encontramos diversos textos que nos narram a cura de possessos ou endemoninhados. Sempre me fez confusão esse proliferar de pessoas possessas de espíritos impuros, porque nos dias que correm, ainda que se fale de possesão diabólica, os casos como tal diagnosticados não são tantos como isso!
Hoje precisamente deparamos com Jesus a fazer mais um milagre em que Ele expulsa um "espírito impuro". Para que possamos compreender esta, e outras passagens idênticas, devemos recordar que antigamente as pessoas não possuíam os mesmos conhecimentos científicos que hoje estão ao nosso alcance. Não sabiam nada de micróbios, bactérias e muito menos ainda de doenças do foro psicológico como as psicoses, nevroses ou mesmo a epilepsia! Por isso não admira que estivessem convencidos que as doenças era provocadas por algum "espírito ímpuro", que depois de ter entrado numa pessoa causavem uma série de problemas.
É precisamente o que se passa no trecho do Evangelho de hoje. Estava Jesus na Sinagoga quando um "possesso" começa a provocar Jesus, e o Mestre dá-lhe ordem para sair daquele homem.
O Demónio obedece-Lhe, e isso causa admiração aos presentes que se perguntam:

"Que vem a ser isto? Uma nova doutrina com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!".
Assim Jesus mostra a sua divindade, mostrando que o Reino de Deus é mais forte que o poder sobre-humano do demónio, que é capaz de vencer todas as forças do mal, porque Ele é o verdadeito libertador.
Também os seus discípulos,incluindo cada um de nós, devem continuar a sua missão libertadora: libertar os homens da possessão do demónio, dos poderes do mal, dos malefícios dos poderosos. Libertar, quer dizer, ajudar a serem livres.
Devemos fazê-lo primeiro com a palavra, porque só a verdade nos faz livres. A primeira etapa da escravidão começa sempre pela mentitra, pelo erro, pela ignorância.
Em segundo lugar, com as obras. O discípulo de Cristo deve igualmente juntar-se a todos os que se esforçam por libertar o homem da exploração dos poderosos, combatendo ao mesmo tempo a miséria, a fome, a pobreza, a discriminação e outas formas de marginalização. E dessa maneira também nós ajudamos a exorcitar os males deste mundo, pois, inclusive, a nossa maneira de viver a fé faz-se ressentir de tudo isso.
Transmitiram-nos valores, nem sempre con-sentâneos com os do Evangelho.
No mundo em que vivemos o que mais pode é o mais importante, o mais importante é o que mais triunfa, o que mais tem; e o que mais possui é o que mais pode.
E assim se forma um ciclo vicioso dentro e fora de cada um de nós. Assim somos possuídos pela ambição, pela ânsia de possuir, tornamo-nos agressivos, atropelamos os demais, não respeitando nem os seus direitos nem a sua dignidade, usando como critério a máxima: "salve-me eu e quem puder".
Hoje também nós necessitamos de ser exor-citados, porque o mal habita em cada um de nós.
Jesus também descobre em nós esta situação de possessão e quer enfrentá-la com autoridade, porque o projecto de Jesus é contrário ao do homem possesso.
Jesus veio acabar com todo o género de possessão, veio soltar as amarras que prendem o homem, veio libertá-lo das teias que o emaranham!
Embora Jesus tenha triunfado sobre o maligno no Domingo da Ressurreição continua, contudo, a sua luta nos cristãos, na medida em que o permitirmos, na medida em que não não pactuámos com o mal.
Jesus tem compaixão de todos os que estão "possessos", de todos quer fazer homens livres, e audazes que saibam proclamar a sua divindade.
Quando, realmente, nos sentirmos libertos de toda essas formas de "possessão", então também nós gritaremos: "Vós sois Cristo, o Santo de Deus".
E dessa maneira tornamo-nos anunciadores do Reino de Deus, e, certamente, seremos mais coerentes na maneira de vivermos a nossa fé em Jesus Cristo.

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