
Hoje precisamente deparamos com Jesus a fazer mais um milagre em que Ele expulsa um "espírito impuro". Para que possamos compreender esta, e outras passagens idênticas, devemos recordar que antigamente as pessoas não possuíam os mesmos conhecimentos científicos que hoje estão ao nosso alcance. Não sabiam nada de micróbios, bactérias e muito menos ainda de doenças do foro psicológico como as psicoses, nevroses ou mesmo a epilepsia! Por isso não admira que estivessem convencidos que as doenças era provocadas por algum "espírito ímpuro", que depois de ter entrado numa pessoa causavem uma série de problemas.
É precisamente o que se passa no trecho do Evangelho de hoje. Estava Jesus na Sinagoga quando um "possesso" começa a provocar Jesus, e o Mestre dá-lhe ordem para sair daquele homem.
O Demónio obedece-Lhe, e isso causa admiração aos presentes que se perguntam:
"Que vem a ser isto? Uma nova doutrina com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!".
Assim Jesus mostra a sua divindade, mostrando que o Reino de Deus é mais forte que o poder sobre-humano do demónio, que é capaz de vencer todas as forças do mal, porque Ele é o verdadeito libertador.
Também os seus discípulos,incluindo cada um de nós, devem continuar a sua missão libertadora: libertar os homens da possessão do demónio, dos poderes do mal, dos malefícios dos poderosos. Libertar, quer dizer, ajudar a serem livres.
Devemos fazê-lo primeiro com a palavra, porque só a verdade nos faz livres. A primeira etapa da escravidão começa sempre pela mentitra, pelo erro, pela ignorância.
Em segundo lugar, com as obras. O discípulo de Cristo deve igualmente juntar-se a todos os que se esforçam por libertar o homem da exploração dos poderosos, combatendo ao mesmo tempo a miséria, a fome, a pobreza, a discriminação e outas formas de marginalização. E dessa maneira também nós ajudamos a exorcitar os males deste mundo, pois, inclusive, a nossa maneira de viver a fé faz-se ressentir de tudo isso.
Transmitiram-nos valores, nem sempre con-sentâneos com os do Evangelho.
No mundo em que vivemos o que mais pode é o mais importante, o mais importante é o que mais triunfa, o que mais tem; e o que mais possui é o que mais pode.
E assim se forma um ciclo vicioso dentro e fora de cada um de nós. Assim somos possuídos pela ambição, pela ânsia de possuir, tornamo-nos agressivos, atropelamos os demais, não respeitando nem os seus direitos nem a sua dignidade, usando como critério a máxima: "salve-me eu e quem puder".
Hoje também nós necessitamos de ser exor-citados, porque o mal habita em cada um de nós.
Jesus também descobre em nós esta situação de possessão e quer enfrentá-la com autoridade, porque o projecto de Jesus é contrário ao do homem possesso.
Jesus veio acabar com todo o género de possessão, veio soltar as amarras que prendem o homem, veio libertá-lo das teias que o emaranham!
Embora Jesus tenha triunfado sobre o maligno no Domingo da Ressurreição continua, contudo, a sua luta nos cristãos, na medida em que o permitirmos, na medida em que não não pactuámos com o mal.
Jesus tem compaixão de todos os que estão "possessos", de todos quer fazer homens livres, e audazes que saibam proclamar a sua divindade.
Quando, realmente, nos sentirmos libertos de toda essas formas de "possessão", então também nós gritaremos: "Vós sois Cristo, o Santo de Deus".
E dessa maneira tornamo-nos anunciadores do Reino de Deus, e, certamente, seremos mais coerentes na maneira de vivermos a nossa fé em Jesus Cristo.
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