sábado, 26 de dezembro de 2009

A SAGRADA FAMÍLIA



Ao nascer numa família Jesus veio reiterar a vontade do Criador: “o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne”. Infelizmente, hoje, muitos querem destruir a família, mas ao mesmo tempo, o que não dá para entender, as mesmas pessoas não têm pejo em legislar para proteger as uniões entre pessoas do mesmo sexo, apelidando-as de casamento, outorgando direitos que pretendem retirar às famílias!

sta quadra natalícia estamos a celebrar a encarnação da Palavra de Deus, o nascimento o Filho de Deus e a sua presença entre nós. Uma presença, não no abstracto, mas sim concreta, porque Jesus veio ao mundo no seio de uma família, como todos nós, num presépio, possivelmente numa noite de inverno. Este aspecto familiar e social da encarnação é o que queremos sublinhar neste Domingo da Sagrada Família.
Celebramos a sua vida em família, a sua presença entre nós, aqui na terra, durante muitos anos em Nazaré. Em Jesus, o filho de Deus que se fez filho de Maria, mas que todos julgam ser filho de José, podemos chamar a Deus “Pai”.
Celebrar a Festa da Sagrada Família não é canonizar um determinado modelo de família. Isso mesmo se depreende das leituras, quer a de São Paulo quer no Evangelho, que apontam para mais além da família humana, a que se cimenta nos laços de carne e sangue, para outra família, a que é formada pelos vínculos do mesmo Espírito, que é o Espírito de Deus, que faz que todos possamos ser e chamados filhos de Deus.
No entanto, a família de sangue encontra também na Palavra de Deus luz para se edificar solidamente no amor.
De facto Jesus nasceu numa família humana,
pois essa foi a vontade de Deus. É verdade que a família de Jesus, Maria e José, não se parecia muito com as famílias semitas, onde a prole era abundante, parecendo-se mais, neste aspecto com as famílias actuais.
Mas, hoje constatamos que apesar da aparente semelhança, é verdade que os tempos são outros, há também muitas diferenças.
Jesus nasceu numa família pobre. Como os mais pobres, veio à luz numa presépio. Ainda criança, teve de fugir, com os pais, Maria e José, para o Egipto para escapar à fúria de Herodes! Comeu o pão do suor de Maria e de José, e também do seu próprio suor.
Certamente terá passado muitas privações, mas então não se usavam estes termos, pois os pobres contentavam-se com o pouco que estava sobre a mesa. Aprendeu a obedecer a seus pais, e com eles aprendeu, igualmente, a orar, a fazer a vontade de Deus, que simultaneamente era o seu Pai.
Por isso, não é estranhar, que hoje no trecho do Evangelho, encontremos Jesus a peregrinar até Jerusalém, como prescreviam os costumes judaicos a todos os jovens com doze ou mais anos.
Em Israel, no tempo de Jesus os adolescentes com doze anos já eram considerados adultos
e daí a obrigação de peregrinar anualmente ao Templo.
Eis que acontece o episódio da “perda” de Jesus, pois seus pais, Maria e José, despreocupados, seguiam viagem de regresso a casa. Quando se encontram, a primeira coisa que fazem é perguntar pelo filho, pois quer um quer o outro pensavam que Ele seguia viagem na outra caravana! quando se dão conta do equívoco, procuram-n’O entre familiares e conhecidos mas não O encontram.
Regressam a Jerusalém, com o coração nas mãos, e finalmente encontram-n’O, a dialogar, no Templo, com os Doutores, a ocupar-se das coisas do Pai, porque a sua família, era formados por todos os que faziam a vontade de Deus.
A pequena família, a família nuclear, a família carnal, é a primeira escola de aprendizagem no amor. O filho, nascido do amor dos pais, aprende a amar sentindo-se amado e sentindo o amor com os pais e os irmãos. Mas o amor que se vive e se aprende na família, não pode nem deve fechar-se na família, pelo contrário, deve extravasá-la e projectar-se para a grande família, quer dizer, para todos, para a humanidade inteira.
Ao nascer numa família Jesus veio reiterar a vontade do Criador: “o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne”.
Infelizmente, hoje, muitos querem destruir a família, permitindo que a mesma seja desfeita num instante, mas ao mesmo tempo, o que não dá para entender, as mesmas pessoas que parecem ter preconceitos contra a família, não têm pejo em legislar para proteger as uniões entre pessoas do mesmo sexo, apelidando-as de casamento, outorgando direitos que retiram às famílias!

nº 734 I 27 Dezembro ‘09

PAZ E ECOLOGIA

Celebramos no próximo dia 1 de Janeiro o XLIII Dia Mundial da Paz. O Papa Bento XVI, mais uma vez escreveu a sua mensagem para esta efeméride certamente, tendo em vista a recente Cimeira da Terra, que há poucos dias teve lugar em Copenhaga, entitulada: “Se quiseres cultivar a Paz, preserva a Criação”. Da mesma deixamos aqui um sugestivo excerto:
“Tenha-se na devida conta que não se pode avaliar a crise ecológica prescindindo das questões relacionadas com ela, nomeadamente o próprio conceito de desenvolvimento e a visão do homem e das suas relações com os seus semelhantes e com a criação. Por isso, é decisão sensata realizar uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento e também reflectir sobre o sentido da economia e dos seus objectivos, para corrigir as suas disfunções e deturpações. Exige-o o estado de saúde ecológica da terra; reclama-o também e sobretudo a crise cultural e moral do homem, cujos sintomas há muito tempo que se manifestam por toda a parte. A humanidade tem necessidade de uma profunda renovação cultural; precisa de redescobrir aqueles valores que constituem o alicerce firme sobre o qual se pode construir um futuro melhor para todos. As situações de crise que está aatravessar, de carácter económico, alimentar, ambiental ou social, no fundo são também crises morais e estão todas interligadas. Elas obrigam a projectar de novo a estrada comum dos homens. Impõem, de maneira particular, um modo de viver marcado pela sobriedade e solidariedade, com novas regras e formas de compromisso, apostando com confiança e coragem nas experiências positivas realizadas e rejeitando decididamente as negativas. É o único modo de fazer com que a crise actual se torne uma ocasião para discernimento e nova projecção.”


nº 734 I 27 Dezembro ‘09

AVISOS


SEGUNDA I 28
Santos Inocentes, mártires (Festa)

QUINTA I 31
» 18H.30: Missa Vespertina da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus.
» 23H.00: Missa de Acção de Graças, animada pelo grupo “Adoramus Te”.

SEXTA I 01
Santa Maria, Mãe de Deus (Solenidade)
O horário das missas será o mesmo dos domingos. Haverá missa às 10H.00, 11H30 e 18H.30
» 18H.00: Oração pela Paz

SÁBADO I 02
São Basílio Magno e São Gregório de Nazianzo, bispos e doutrores da Igreja, (MO)

DOMINGO I 03
Solenidade da Epifania do Senhor


A comunidade dos Padres Carmelitas da Igreja do Carmo de Aveiro deseja a todos vós um aBENÇOADO ANO DE 2010, extensivo a todos os vossos familiares e amigos.


nº 734 I 27 Dezembro ‘09

sábado, 19 de dezembro de 2009

CAMINHAR COM MARIA


Como Maria devemos ser solícitos na caridade, levar o Evangelho de seu Filho a todos os homens, estar a atentos às necessidades do próximo, como Ela o fez em Caná, sermos ouvintes atentos da palavra de seu Filho, e meditá-la no coração, mas sobretudo dizer “Sim” a Deus como o ela o fez na Anunciação!

Todos os anos, o quarto Domingo de Advento, fala-nos da figura de Maria, como se este Domingo fosse uma festa de Nossa Senhora. A mãe do Messias prepara-nos para O receber com fé e profundidade.
Tudo começou no momento da Anunciação, e a primeira lição que podemos receber de Maria, para este Natal, é a fé messiânica: Ela acreditou em Deus e acolheu o seu Enviado no seu seio com estremado amor de Mãe.
Miriam era uma jovem com poucos anos ainda vividos, uma jovem como tantas outras de Nazaré, e não seriam muitas. Como as raparigas da sua idade, talvez, sonhasse em ter muitos filhos, pois os filhos eram uma bênção de Deus, e até já estava desposada com um homem chamado José. No entanto, conforme os costume de então do povo judeu, ainda não viviam em comum. Desconhecemos se ainda faltava muito ou pouco tempo para coabitarem. Mas talvez ainda faltasse bastante tempo, pois, quando o Anjo lhe disse que iria dar à luz um varão, a quem poria o nome de Emanuel (que quer dizer Deus-connosco), a primeira objecção que colocou, e que pareceria justa, era a de que ainda não conhecera varão, e que ainda faltava muito tempo para ser mãe!
Eis que o Anjo, para lhe mostrar que a Deus nada era impossível, lhe comunica, que a sua prima Isabel, estava para ser mãe, apesar da sua velhice, Maria estremeceu, “e pôs-se a caminho e dirigiu-se, à pressa para a montanha para uma aldeia de Judá” para ir ao encontro de Isabel. Esta atitude põe de manifesto também a disponibilidade de Maria, na sua entrega aos demais. E, nisso também se mostra discípula diligente na escola de seu Filho. Cheia da presença messiânica, corre a ajudar a sua prima: encontra tempo, sai do seu programa e do seu horário, recorre distâncias e vai a passar uns meses com ela. Não é egoísta, não se fecha em si mesma a saborear gozosamente a sua alegria.
E a sua prima Isabel dir-lhe-á “ditosa és tu, porque acreditaste”, que lembra aquela outra frase de Jesus: “felizes antes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”.
A atitude de Maria é exactamente a atitude de Cristo, que se faz Homem, vem ao nosso encontro para se entregar pelos demais.
Esta deveria ser também a atitude esperada do cristão e de a comunidade inteira, que a sua fé não cresça somente em relação a Cristo, mas também que a fé se traduza em caridade de entrega aos homens e mulheres necessitados de nossa ajuda.
Maria aparece nesta cena, e ao longo destes dias que se avizinham, como portadora de Deus aos demais, do Messias que está já no seu seio, e deste modo Ela é a “evangelizadora”, aquela que leva a Boa Nova da salvação.
Esta é também missão da Igreja, de cada cristão no seu meio, levar Cristo, anunciar o Evangelho, feito testemunho de vida em cada circunstância e ambiente, que Deus é o Deus-connosco. Esta faceta “missionária” de Maria completa e traduz na vida a sua profunda fé messiânica. Se celebramos o Deus que nasce no Natal é para O “dar” também aos outros: aos filhos, aos pais, aos irmãos, à sociedade que nos rodeia, à comunidade religiosa a que pertencemos...
Contudo vivemos num mundo e numa sociedade que nada parece ter a ver com a figura de Maria, a Mãe de Jesus. Ela foi apressadamente ao encontro de Isabel, para a ajudar Isabel porque necessitava de auxílio. Hoje muitos cristãos correm apressadamente para fugir daqueles que necessitam de auxílio, porque não se querem comprometer.
Hoje os cristão, e não só, em vez de correm para transmitirem uma mensagem de paz, semeiam guerras; em vez de anunciarem a concórdia favorecem a discórdia e intrigas; em vez de apagarem fogos semeiam incêndios; em vez de anunciar o amor apregoam o ódio!
Devemos pôr os olhos em Maria e aprender a caminhar com Ela. Como Ela devemos ser solícitos na caridade, levar o Evangelho de seu Filho a todos os homens, estar a atentos às necessidades do próximo, como Ela o fez em Caná, sermos ouvintes atentos da palavra de seu Filho, e meditá-la no coração, mas sobretudo dizer “Sim” a Deus como o ela o fez na Anunciação!
Que esta seja a nossa disponibilidade para que possa acontecer “NATAL”.

nº 733 I 20 Dezembro ‘09

POEMA DE NATAL


Estamos à porta do Natal. As pessoas, apesar da crise, mostram um rosto mais sorridente, e estão mais disponíveis em partilhar com os mais necessitados. Há enfeites e luzes cintilantes.
De facto, o Natal tem a sua magia, transforma-nos e faz-nos sonhar com um mundo melhor. Um mundo mais parecedido com aquele que Deus quis criar quando enviou o seu Filho à terrra!
Neste espírito natalício pensei trazer à nossa Chama Viva um poema de Natal. Sei que há milhares de poemas alusivos a esta quadra; procurei alguns, mas acabei por escolher este, tão conhecido, que tantas vezes cantamos em tempo natalício, para que ao o lermos, possamos fazer dele um momento de Oração

Ah! vinde todos à porfia

Ah! vinde todos à porfia
cantar um hino de louvor,
hino de paz e de alegria,
que os anjos cantam ao Senhor.

Glória in excelsis Deo! (bis)

Vamos juntar-nos aos pastores
p’ra irmos todos a Belém
saudar em fervidos louvores,
o salvador que hoje nos vem.

Naquela noite venturosa
em que nasceu o Salvador,
os anjos com voz harmoniosa
deram no céu este clamor.

Não requer fausto e aparatos
quem é riqueza lá nos céus.
ó pobrezinhos, vinde gratos,
reconhecer o vosso Deus.

nº 733 I 20 Dezembro ‘09

AVISOS

DOMINGO I 20
À saída da Igreja os Vicentinos da Vera Cruz fazem o seu peditório para os pobres da Paróquia.

QUINTA I 24
Último dia do Advento
» Não há a missa das às 18H.30
» À meia-noite haverá a Missa do Galo.

SEXTA I 25
Solenidade do Natal do Senhor
O horário das missas será o mesmo dos domingos. Haverá missa às 10H.00, 11H30 e 18H.30
» 18H.00: Oração de Vésperas de Natal

SÁBADO I 26
Santo Estevão, o primeiro mártir, (Festa)

DOMINGO I 27
Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José


A comunidade dos Padres Carmelitas da Igreja do Carmo de Aveiro deseja a todos vós um Santo Natal extensivo a todos os vossos familiares e amigos.

nº 733 I 20 Dezembro ‘09

sábado, 12 de dezembro de 2009

POETA ENAMORADO



“Nas trevas brilhou uma”. Este é um grito de natal, que começa a ecoar neste terceiro Domingo de Advento, chamado Domingo “Gaudete”. Também num período tenebroso, como foram os nove meses que São João da Cruz esteve no cárcere do convento de Toledo elaborou uma grande parte daquele poema que é um dos mais belos textos do Nosso Santo, em que descreve poeticamente o seu enamoramento por Deus.

Celebramos no próximo dia 14 a Solenidade de São João da Cruz. Nasceu provavelmente no dia 24 Junho, já que então era costume dar às crianças o nome do santo ou santa que nesse dia se celebrava, no ano 1542, em Fontiveros, uma pequena aldeia pertencente ao então Reino de Castela, em Espanha.
Tinha apenas seis anos quando ficou órfão de pai, e nove anos, quando com a mãe e o irmão Francisco, à procura de pão e de maior “fortuna” se mudou para a cidade de Medina del Campo, então um grande centro comercial, devido às suas afamadas feiras. Foi nessa localidade, diríamos, onde foi crescendo a sua vocação, num ambiente de muitas privações, e entrega aos estudos fora de horas. A sua dedicação fez com que um benfeitor o ajudasse prosseguir os seus estudos, e assim aos 17 anos, entrou para um colégio da Companhia de Jesus (Jesuítas) para estudar humanidades.
No ano de 1563 toma o hábito na Ordem Carmelita, mudando o nome de baptismo de João de Yepes, para de Frei João de São Matias. Após o ano de noviciado mudou-se para Salamanca, para na sua famosa Universidade, estudar Teologia. Foi ordenado sacerdote e em 1567 e nesse conheceu, em Medina del Campo, Teresa de Jesus, de quem se tornou grande amigo e admirador. E a mesma sugeriu-lhe, e desafiou-o, a ser o reformador dos Carmelitas, como ela o tinha feito com as monjas, o pai dos Carmelitas Reformados ou Descalços.
Assim, em 1568 o nosso Santo, funda, em Duruelo, o primeiro convento dos Carmelitas Descalços, mudando o nome para Frei João da Cruz. Em Duruelo praticavam a contemplação e uma intransigente austeridade, que, inclusive, Santa Teresa de Jesus se sentiu na obrigação de intervir, para que atenuassem tais rigores, obrigando-os a usar sandálias, pois antes andavam mesmo descalços!
Apesar de tudo, esses primeiros anos foram os mais saborosos de São João da Cruz, mas como ele tinha escolhido a cruz para juntar ao seu nome, a mesma será durante o resto da sua vida uma constante companheira, ainda que salpicada de muitos alegres e saborosos momentos.
Poucos anos depois, em 1577, procurando travar a sua reforma, é acusado do delito de grave rebeldia, é preso e levado para o cárcere do convento carmelita de Toledo. No entanto, no seu minúsculo e escuro aposento conventual de Toledo, nasceu a composição da sua obra-prima o “Cântico Espiritual”, que será refeito e completado quando conventual em “Los Mártires”, e confessor das Carmelitas Descalças de Granada.
O “Cântico Espiritual”, que parece uma glosa de um dos livros da Bíblia, o Cântico dos Cânticos, outra coisa não é do que a uma autobiografia de São João da Cruz. Ele foi uma enamorado, um apaixonado de Deus, e narra a sua saga à procura do seu Amado.
Em correlação com o “Cântico Espiritual, também, se devem colocar outras das suas poesias, como a “Noite Escura” e “Chama de Amor Viva”.
Como confessa o nosso Santo, a poesia é muito mais eloquente do que a prosa, pelo que não se dispensou de, em longos escritos, comentar as suas poesias, que se converteram em pérolas da mística e manuais para quem quer enveredar pelos caminhos da santidade, da união com Deus, mesmo aqui na terra.
Aqui transcrevemos três estrofes que nos mostram como São João da Cruz era um autêntico poeta enamorado... de Deus:

Em uma noite escura
Com ânsias, em amores inflamada
Ò ditosa ventura!
Sai sem ser notada,
‘Stando já minha alma sossegada

Onde é que tu, Amado
Te escondeste deixando-me em gemido?
Fugiste como o veado,
Havendo-me ferido;
Clamando eu fui por ti; tinhas partido!

Buscando meus amores
Irei por esses montes e ribeiras
Nem colherei as flores,
Nem temerei as feras
E passarei os fortes e as fronteiras.

nº 732 I 13 Dezembro ‘09

COMENTÁRIO


Neste Domingo Gaudete, o terceiro do Advento, em que as duas primeiras leituras são um convite à alegria, pois o Senhor vai chegar, encontramos novamente a figura de João Baptista a pregar junto ao Jordão. As suas palavras não são indiferentes aos seus ouvintes, que imediatamente perguntam o que devem fazer.
Por estranho que pareça não exige a ninguém que o imite, não exige a ninguém que faça penitência vestindo-se de saco ou a cobrir a cabeça com cinza, não exige a ninguém que se retire para o deserto. O Baptista exige a todos que cumpram o preceito supremo do amor ao próximo juntamente com os deveres da justiça.
João não pede uma conversão para o passado, não pede lamentos nem lágrimas sobre o passado, pede sim uma mudança para o futuro. A penitência que prega deve ser provada pelos frutos e não pelas lágrimas e lamentações.
O Precursor pregou a penitência num mundo em que homem vivia habitualmente em situações de extremas pobreza, em andava preocupado com o vestir e com a comida. Nesse ambiente ele exigia nada mais nada menos que a redução do consumo ao mínimo necessário: uma só túnica e o pão de cada dia, em beneficio dos esfarrapados e dos famintos. Hoje vivemos na chamada sociedade do consumo, mas enquanto houver homens que não tenham o necessário para viver, a nossa sociedade estará condenada aos olhos de Deus.
O amor ao próximo é una exigência geral, sem essa conversão de amor, não tem sentido a penitência.
Tudo isto deve ser acompanhado pela justiça como responde o Baptista aos publicanos e aos soldados que também o interpelaram sobre o que deviam fazer.
A todos, que decidiam aceitar as propostas de João ele submetia-os ao rito do baptismo nas águas do Jordão, mas anunciava que estava a chegar Aquele que os havia de baptizar com o Espírito Santo.


nº 732 I 13 Dezembro ‘09

AVISOS

DOMINGO I 13
Domingo “Gaudete”
Vigília da Morte de São João da Cruz: Exposição do Santísisimo desde o final da missa das 18H.30 até às 23h.00

SEGUNDA I 14
São João da Cruz, Presbítero e Doutor da Igreja (Solenidade)
» 18h.00: Oração em honra de São João da Cruz
» 18h.30: Solene Concelebração

QUARTA I 16
Bem-aventura Maria dos Anjos, Religiosa (MF)

QUINTA I 17
Início da novena deNatal
Quinta-feira do Menino Jesus
» 18h.00: O Clube do menino Jesus reza a Corinha em honra do Dinivo Reizinho

DOMINGO I 20
Os Vicentinos da Vera Cruz farão o seu peditório para os pobres da Paróquia.


nº 732 I 13 Dezembro ‘09

sábado, 5 de dezembro de 2009

Um voz clama no deserto

João Baptista é estímulo para cada um de nós e modelo de fiel para toda a Igreja. Preparando o Natal aprendamos dele a receber verdadeiramente a Palavra de Deus, a experimentar a conversão, a viver com simplicidade e coerência, a ser testemunhas valentes do Evangelho.
No Advento, todos os anos, no segundo Domingo, o Evangelho apresenta-nos a figura de João Baptista, pois foi ele quem possibilitou que Deus levasse por diante e a bom termo as suas promessas.
São Lucas, começa por precisar a data histórica do início da pregação do Baptista, bem como elencar os respectivos chefes políticos e religiosos, indicando assim que João é um verdadeiro profeta.
Profeta não é aquele prevê o futuro, mas sim quem sabe interpretar a História desde a perspectiva de Deus.
O profeta geralmente não enfrenta a sociedade civil, mas sim a sociedade religiosa. O profeta exorta a sociedade religiosa a uma mudança de mentalidade e de comportamento. Só a partir de uma profunda transformação é que todos poderão ver a salvação de Deus.
Um autor antigo, Flávio Josefo, mais ou menos contemporâneo da primitiva Igreja, faz referência ao Baptista, e apresenta-o como um homem de bem que exortava os judeus a serem bons entre si e piedosos em relação ao seu Deus. O seu gesto distintivo era o baptismo, que consista numa purificação do corpo, depois da alma ter sido purificada previamente através da prática das virtudes, tendo a sua pregação atraído a atenção de muitos, de tal modo que, inclusive, Herodes, temendo uma rebelião do povo, se apressou a dar-lhe a morte.
E se o testemunho de Flávio Josefo é importante na medida em que é uma referência ao Baptista extra-bíblica, no entanto desfigura o carácter da sua mensagem, apresentando-o como um pregador moralista e inofensivo, enquanto os relatos evangélicos parecem ser muito mais fidedignos ao precisar que João não expõe uma moral mais ou menos estóica, mas sim que anuncia o juízo de Deus sobre os homens (judeus e pagãos)
Parece que João falava da vinda iminente de Deus: Já não há tempo de escapar, ninguém pode refugiar-se em privilégios mais ou menos herdados. É preciso que todos se convertam e recebam o baptismo como sinal do perdão dos pecados. Só quem agir consoante esse modo poderá livrar-se da ira (do castigo) que se avizinha.
João Baptista, o filho de Zacarias e Isabel, possivelmente depois de ter pertencido ao movimento religioso de “Qun Rân”, resolve cortar com o o passado e iniciar uma nova etapa na sua vida.
Vai para o deserto, certamente recordando os tem em que os seus antepassados pelo mesmo vagueavam antes de entrarem na Terra Prometida, qual etapa de purgação e purificação, começa a preparar o povo para a vinda do Messias.
Como mote da sua pregação retoma o oráculo de Isaías: “Uma voz clama no deserto: “Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas: sejam alteados todos os vales e abatidos todos os montes; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas; e toda a criatura verá a salvação de Deus’”.
A um povo que se sentia oprimido e abandonado, estas palavras caíram como em terra fecunda, e muitos sentiram-se interpelados por este convite, submetendo-se ao rito do baptismo, como sinal do recomeço de uma nova vida.
Hoje, também, a Igreja necessita de profetas, de profetas verdadeiros. O Baptista intitula-se “a voz que clama no deserto”, porque ele bem sabia que Jesus era a “Palavra”, como escreve no Prólogo o evangelista São João. Nos dias que correm há muitas pessoas que sob o pretexto de serem “profetas” se apresentam como a “palavra”, oferecendo soluções e remédio para todas as maleitas. E muitos correm atrás deles, quando de facto, o que realmente é necessário, é que continuemos a “Preparar os caminhos do Senhor”, a aplanar os vales das desigualdades, a abater as montanhas das injustiças, e a endireitar as nossas tortuosas vidas.
João Baptista é estímulo para cada um de nós e modelo de fiel para toda a Igreja. Preparando o Natal aprendamos dele a receber verdadeiramente a Palavra de Deus, a experimentar a conversão, a viver com simplicidade e coerência, a ser testemunhas valentes do Evangelho.
Chama Viva do Carmo I 731 I 06 Dezembro '09