sábado, 17 de julho de 2010

O Escapulário do Carmo

Não podíamos deixar passar a Solenidade de Nossa Senhora do Carmo, sem falar do seu Escapulário. A Virgem Maria prometeu livrar do fogo eterno quem morresse revestido deste “Hábito” Carmelita. Mas usar o Escapulário é comprometer-se, como Maria, a fazer a vontade de Deus, a escutar o Evangelho e a pô-lo em prática.
É nossa obrigação falarmos, neste Domingo, de Nossa Senhora do Carmo. Esta invocação mariana, é, possivelmente, proferida pela primeira vez, por aqueles cruzados que apaixonados pelo Evangelho se acoitaram no monte Carmelo e, escolhendo Maria por irmã e modelo de vida, decidem abraçar um modelo de vida rebuscada no Evangelho, como, aliás outros homens já o tinham feito, mas tendo a Mãe de Jesus como paradigma, procurando imitá-l’A, meditando dia e noite na Lei do Senhor.
Mas quando falamos de Nossa Senhora do Carmo , imediatamente nos lembramos do Escapulário do Carmo, e dos privilégios ao mesmo associados.
No entanto o escapulário não é uma criação dos carmelitas, pois era uma veste exterior que caía sobre os ombros dos monges quando se dedicavam aos trabalhos manuais, ou seja uma espécie de duplo avental. Possivelmente também os primeiros eremitas do Monte Carmelo o terão usado, pois então as vestes dos monges e religiosos não defeririam muito entre si, se exceptuarmos alguns pormenores ou as cores. Por isso não é de admirar que muitas ordens monásticas e religiosas ainda mantenham nos seus hábitos o escapulário, porque, com o passar do tempo assumiu um significado simbólico: o carregar da cruz de cada dia, enquanto discípulos e seguidores de Jesus.
O Escapulário torna-se o símbolo dos Carmelitas a partir da aparição, ou revelação, de Nossa Senhora do Carmo ao Geral da Ordem, São Simão Stock, em Aylesford, Inglaterra, no dia 16 de Julho de 1251, e lhe entregou o Escapulário, dizendo: “Recebe este hábito da tua Ordem, que será penhor do privilégio que alcancei para ti e para todos os filhos do Carmo. Todo aquele que morrer revestido com este escapulário será preservado do fogo eterno. É pois um sinal de salvação, uma defesa nos perigos e um penhor da minha especial protecção”.
A partir de então a devoção do Escapulário começa a expandir-se, e para o mesmo contribuiu o aparecimento das chamadas ordens terceiras, confrarias e irmandades, em resposta ao desejo de muitos cristãos se associarem às diversas ordens religiosas, que por sua vez procuravam oferecer aos fiéis leigos um sinal de afiliação e identificação com o seu próprio carisma, tendo os carmelitas escolhido como emblema o Escapulário, com os respectivos privilégios.
Seria injusto não lembrar o impulso dado à devoção do Escapulário pelo denominado “Privilégio Sabatino”, que ficou consignada na denominada “Bula Sabatina” selada pelo papa João XXII, em Março de 1322. Segundo a tradição Nossa Senhora do Carmo terá aparecido a Jacob de Ossa (Jacques d’Euse), então bispo, anunciando-lhe que um dia seria papa, prometendo-lhe que como: “Mãe de misericórdia, através das minhas orações e preces, dos meus méritos e protecção especial, ajudarei para que, quanto antes, se vejam livres das suas penas, e suas almas sejam levadas para a bem-aventurança”.
Para alcançar o privilégio Sabatino, requer-se: 1º usar devotamente o escapulário; 2º guardar castidade perfeita segundo o seu estado de vida; 3º rezar diariamente o Ofício (Liturgia das Horas) de Nossa Senhora [para quem não sabe ler, ou não o pode fazer, esta obrigação cumpre-se guardando os jejuns que manda a Igreja e fazendo abstinência nas quartas-feiras e sábados ou então rezar todos os dias sete ave-marias].
Talvez nos pareça que usar o Escapulário é uma forma fácil de conquistar o Céu. Talvez! Mas “carregar” o Escapulário é comprometer-se, como Maria, a Senhora do Carmo, a fazer a vontade de Deus, a escutar o Evangelho e a pô-lo em prática!
E terminamos esta reflexão lendo estas belas palavras do amado papa João Paulo II: “Também eu levo sobre o meu coração, desde há muito tempo, o Escapulário do Carmo. Pelo amor que sinto à nossa Mãe celestial comum, cuja protecção experimento continuamente, desejo que este ano mariano [2001] ajude todos os religiosos e religiosas do e aos piedosos fiéis que a veneram filialmente a redobrar o seu amor e a irradiar no mundo a presença desta mulher do silêncio e da oração, invocada como Mãe da misericórdia, Mãe da esperança e da graça [...] Estrela do mar e Flor do Carmelo”.

Chama Viva do Carmo 763, Julho 18 2010

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