sábado, 17 de novembro de 2007

Como é bela a vida de São Rafael!


Na Chama Viva do Carmo nº 636, de 24 de Junho passado, motivados pela ocorrência da celebração do I centenário da sua morte, publicávamos uma pequena biografia de S. Rafael Kalinowski. É um santo marcante na vida da nossa ordem, da igreja polaca e também da universal. Ao encerrarmos o seu centenário registamos aqui alguns testemunhos eloquentes sobre a sua vida santa. Só podem ser lidos com profunda reverência e agradecimento. Agradecemos ao Senhor ser ele nosso modelo eficaz no caminho da santidade; reverenciámo-lo porque hoje melhor que nunca podemos rezar como os seus companheiros de prisão: pela oração de s. Rafael Kalinowski, salvai-nos senhor!

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«JOSÉ ESTAVA CHEIO
de actos de misericórdia; sem se queixar suportava todas as dificuldades. A sua bondade, a sua devoção e a sua vida ascética comoveram tanto os seus companheiros de desterro que na Ladainha dos Desterrados inseriram esta litania: ‘Pela oração de Kalinowski, salvai-nos Senhor!’.»
(Testemunho de Michal Janik, escritor)

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«TINHA TODAS AS QUALIDADES
dum anjo e nenhum dos defeitos dos humanos. A sua tolerância angelical, o seu amor pelo género humano, o seu respeito pelas opiniões diferentes, etc., faziam dele uma pessoa duma qualidade humana tal, que não existe hoje alguém parecido entre a geração actual.
Se alguém pode ser considerado como santo, na primeira fila da santa memória está o padre Rafael.»
(Duma carta ao irmão mais novo de S. Rafael, escrita pelo Prof. Benedykt Dybowski,
católico que havia abandonado a fé, com quem o nosso Santo trabalhou numa investigação científica no Lago Baika, na Sibéria
.)

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«COMO É BELA A VIDA DESTE HOMEM!
Vive entregue à oração e ao bem-fazer; ocupa-se nas boas obras. Na cidade de Usole chamam-lhe O Santo e até o maior dos ateus teve de admirar com extraordinária modéstia a sua verdadeira superioridade. Se houvesse uma criança abandonada, ele educava-a; se houvesse um doente para atender, aí se encontrava ele; se era necessário fazer algum trabalho incómodo, era o primeiro a fazê-lo; e estava sempre presente na igreja e no confessionário; que Deus o salve por todas as suas virtudes.»
(Da carta duma deportada,
escrita desde a cidade de Irkurk
.)

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«ERA PARA AS ALMAS RELIGIOSAS
um pai, um irmão, o amigo mais sacrificado e o mais fiel imitador do nosso Divino Salvador... Quanto mais dificuldades uma pessoa lhe causava, mais ele mostrava a sua misericórdia e a sua entrega. Não suportava a mais pequenas das imperfeições numa pessoa consagrada.
(Testemunho duma Carmelita Descalça.)

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«JOSÉ KALINOWSKI,
actualmente Padre Rafael, era um homem de grande carinho e de extraordinária amabilidade, um verdadeiro anjo de bondade. Quando os russos falavam dele, diziam: «o Santo polaco». Foi a sua fama de santidade que o salvou da forca. Quando Murawiew, o cruel governador russo de Vilna o quis enforcar, um dos seus generais explicou-lhe que Kalinowski era estimado como santo, não apenas entre os polacos mas também entre os russos. E sentenciá-lo era torná-lo mártir dos polacos. No Natal de 1865 estávamos na prisão siberiana de Usole. Éramos mais de trezentas pessoas reunidas numa só barraca, à volta das mesas para a ceia. Depois dos sacerdotes rezarem as orações em latim, fez-se um enorme silêncio cheio de comoção. Depois, segundo a tradição polaca, todos começaram a partilhar pedaços de pão obreia, desejando-se os melhores votos. Ali todos berravam por alguém a quem desejar felicidades e oferecer um pedacinho de pão com as palavras rituais. A maioria de nós rodeava Kalinowski, a quem todos amavam e admiravam. Todos queriam oferecer-lhe do seu pão unindo-se assim a ele, pensando que lhes traria felicidade. Ele andava daqui para ali: a todos sorria e dava um beijo.
As esposas dos desterrados também o chamaram. Depois foram os sacerdotes a quem ele beijava as mãos que eles escondiam, e por fim todos se abraçavam.
Esta cena não terminaria nunca, mas o cozinheiro-chefe com a sua voz potente pediu que todos se sentassem. Não o fizeram logo, pois outros se levantaram para o abraçar. Vi então muitos secarem as lágrimas depois de o terem abraçado, enquanto outros se contentaram em olhá-lo de longe como se tentassem ver nele a pátria longínqua e os seus entes queridos.
(Duma carta do P. Wenceslau Nowakowski, Capuchinho, colega de São Rafael nos trabalhos forçados no desterro da Sibéria.)

(Chama 647, 18 de Novembro de 2007)

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