domingo, 9 de março de 2008

Patriarca São José: Campeão da fé. Actuante silencioso. Humilde e homem coerente!


São José, campeão da fé:
A vida de São José foi completamente uma vida baralhada por Deus. Deus baralhou-o e voltou a dar, sempre e como quis. As misteriosas iniciativas de Deus (que nunca o visavam pessoalmente a si, mas a salvação da Humanidade — que para isso nasceu o Menino Jesus!) embaralharam-no muito e sempre, e nunca lhe deram oportunidade de as entender.
São José deixou-se conduzir e não se furtou a ser embaralhado, porque era homem justo, e só merece o nome de justo quem vive da fé. Aonde queria levá-lo o Senhor? José não sabe! Deus não lhe disse. Nada lhe explica. E José, que faz? Obedece. Segue. Vai. Obedece, simplesmente. Disse sempre sim, com a vida; as palavras ficavam‑lhe caladas. Nunca teve perguntas a fazer, dúvidas a propôr, soluções a seguir, hesitações a ponderar. Obedeceu!

São José age no silêncio
Como é fecundo o silêncio! Não se lhe conhece uma palavra que tenha dito, uma dúvida, uma exultação, uma indecisão.
Deus fala e São José cumpre:
— «Não temas...»; e José não teme; todos os seus terríveis dramas logo se diluem.
— «Levanta-te...»; e José levanta-se do sono e faz-se ao caminho.
— «Regressa...»; e prontamente o vemos de regresso.
A sua resposta pronta aos sinais de Deus, mostra-nos a beleza da sua disponibilidade interior.

São José, o humilde
É maravilhoso o exemplo de Santo Patriarca. É o chefe da sua casa, mas perde o tempo a servir numa familiaridade feita de abandono e contínua dedicação. Jamais mede a vida de Jesus e a da Virgem pelas dificuldades a que obrigam; simplesmente coloca a sua vida ao serviço deles. Não vai para o Egipto quando lhe é cómodo, mas quando o interesse de Jesus assim o exige.

São José é um homem coerente
São José é um leigo, no sentido mais comum da palavra. É leigo em tudo, porque não exerce nenhuma função oficial: é um homem como todos, inserido a fundo nas realidades terrenas, para se oferecer como suporte à Encarnação do Verbo Divino. É pai do Sacerdote Eterno, mas ele mesmo é um simples leigo!
O Verbo Eterno encarna-se na família de que é chefe e vive a realidade das criaturas humanas, na condição mais universal, que é a do trabalho e da pobreza. E São José ensina-nos como podemos constituir o nosso serviço numa oblação a Cristo, para aumento do seu Reino no mundo.
A sua autoridade não é a de um poder triunfalista, mas algo, que deriva do interior. Ele faz-nos compreender que o conteúdo do Reino é servir, e ajuda-nos a colaborar na salvação dos que crêem Cristo, e a Cristo obedecem e confiam.

Pela iniciativa de Deus, São José encontra-se inserido, de forma muito comprometida, no mistério da Encarnação do Verbo:
· É o marido da Virgem Maria;
· Será o pai putativo do Menino Jesus;
· Comandará a família de Nazaré; sustentá‑la-á com o seu trabalho; defendê-la-á e protegê‑la-á sem protagonismo, deixando a Deus esse encargo;
· É o maior protector da mais alta e sagrada virgindade, a da Virgem Maria, e da pureza do Filho de Deus. E como fez? Cuidando da santidade de Jesus e da de Maria, para logo desaparecer aos olhos de todos, excepto do olhar deles.
Deixou-se envolver pelo Senhor e conduzir por caminhos misteriosos. Renunciou a entender e aceitou crer; renunciou a chefiar e aceitou obedecer. No entanto, acreditando, deixou-se conduzir pelo Espírito Santo que, juntamente com Jesus e Maria o introduziram, dum modo particularmente íntimo, no mistério da Encarnação e da nossa Salvação.
São José, é o amabilíssimo padroeiro e defensor da vida espiritual. Pelo seu trato com Jesus ele sabe como ajudar-nos a ser amantes do Coração de Jesus e a ser agradáveis aos olhos de Deus.
Quanto maior fôr o número dos que nos esquecem melhor será, porque neste nosso desaparecer aos olhos de todos e, ao mesmo tempo, ao nossos olhos, melhor o nosso egoísmo saberá como perder-se na adoração humilde, no silêncio fecundo, na fragante beleza e infinita grandeza do Deus único e Senhor nosso.

(Chama nº 663­ - 09 Março ’08)

Sem comentários: