quarta-feira, 21 de maio de 2008

Ó DEUS DE AMOR!

Reflectindo acerca do Mistério da Santíssima Trindade: Será que o Cubo de Rubik nos poderá ajudar a deslindar este mistério?

No regresso ao Tempo Comum, após o Tempo Pascal e a Solenidade do Pentecostes, a Liturgia oferece-nos a Festa da Santíssima Trindade.
Como aprendemos na catequese há um só Deus mas três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. E aprendemos que o Pai é Deus, que o Filho é Deus e que o Espírito Santo é Deus, mas que há um só Deus. Esta linguagem parece-nos demasiado complicada, e de facto asim acontece, pois estamos perante um mistério. E este é o mistério central da nossa fé e da vida cristâ. Só Deus no-lo pode dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo.
E, para reflectir sobre o Mistério da Santíssima Trindade veio-me à memória o célebre cubo mágico ou cubo de Rubik, como mais tarde, foi denominado, em honra do seu inventor, o húngaro Rubik, professor na Academia das artes e Trabalhos Manuais Aplicados em Budapeste. É um cubo composto por 54 faces e 6 cores diferentes. Cada face do cubo está dividida em nove partes, 3X3, num total de 26 que se articulam entre si; é um quebra-cabeças que consiste em pôr cada uma das faces de uma só cor.
Quando surgiu este jogo teve um sucesso imenso. Mas o que chamava a atenção é que os adultos, que geralmente usavam a inteligência, tinham tantas dificuldades em o resolver, e perdiam por vezes a paciência, enquanto muitas crianças usando unicamente a intuição realizavam o problema com a maior naturalidade do mundo.
Valendo-nos desse facto, parece-nos que algo se passa na compreensão do Mistério da Santíssima Trindade. De facto estamos perante um mistério, e quando queremos decifrar o mistério com a inteligência e a razão não o conseguimos, porque Deus é muito mais mais acessível através dos olhos da fé, ou pela intuição, ou melhor através da revelação.
É o mesmo Deus que se nos vai revelando ao longo da história da salvação, e como diz São João da Cruz, a última revelação do Pai é Jesus Cristo.
O Deus que nós adoramos é um Deus amor, um Deus que é origem primeira de tudo e autoridade transcendente, e que ao mesmo tempo é bondade e solicitude de amor para todos os seus filhos.
É eternamente Pai em relação ao seu Filho, que reciprocamente só é Filho em relação a seu Pai: "Ninguém conhece o Filho senão o Pai,
e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11,27).
A Igreja, no ano de 325, no primeiro Concílio Ecuménico de Nicéia, confessou que o Filho é "consubstancial" ao Pai, isto é, um só Deus com Ele. O segundo Concílio Ecuménico, de Constantinopla, em 381, conservou esta expressão na sua formulação do Credo de Nicéia e confessou "o Filho Único de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai.
Antes da sua Páscoa, Jesus anuncia o envio do Paráclito (o Defensor), o Espírito Santo. Em acção desde a criação, depois de ter outrora "falado pelos profetas" (Credo de Nicéia-Constantinopla), Ele estará agora junto dos discípulos e neles, a fim de ensiná-los e conduzi-los "à verdade" (Jo 16,13). O Espírito Santo é revelado assim como uma outra pessoa divina em relação a Jesus e ao Pai.
A origem eterna do Espirito revela-se na sua missão temporal. O Espírito Santo é enviado aos Apóstolos e à Igreja tanto pelo Pai em nome do Filho, como pelo Filho em pessoa, depois que este tiver voltado para junto do Pai (cf. Jo 14,26; 15,26; 16,14).
O envio do Espírito Santo após a gloficação de Jesus, revela em plenitude o mistério da Santíssima Trindade.
Naturalmente que nos iremos continuar a confrontar com o "mistério" da Trindade, por isso não devemos pretender conhecê-lo somente através da inteligência , mas sim pela adesão interior, alegrando-nos em saber que Deus é nosso Pai, pelo que podemos balbuciar: "Ó Deus de Amor!".

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