sábado, 2 de julho de 2011

COMENTÁRIO

O trecho do Evangelho deste Domingo é uma oração de louvor, dirigida por Jesus ao Pai. Num momento em que a sua missão parecia fracassar,  devido à recusa que  fariseus e escribas tinham feito da sua palavra, depois  de muitos O terem abandonado, Jesus não cai em desânimos, pelo contrário, aproveita a circunstância para louvar o Pai.
Nesta breve oração Jesus faz três afirmações fundamentais: só o Filho é capaz de revelar o verdadeiro rosto do Pai; a revelação do Pai é feita aos pequeninos, enquanto se fecha aos sábios e inteligentes, e finalmente todos os que andam cansados e oprimidos podem encontrar em Cristo alívio. 
Perante estas afirmações muitas perguntas se podem levantar: Quem são concretamente os “pequeninos” aos que se manifestam os segredos de Deus? Quem são os sábios e inteligentes aos que, pelo contrário, estas verdades lhes são ocultas? O quê que foi revelado e o que se manteve oculto? 
Jesus não diz exactamente o que o Padre revelou aos simples; limita-se a dizer “estas verdades”. No entanto, é fácil de compreender que se trata do Evangelho na sua totalidade, isto é, a nova compreensão de Deus e da sua vontade expressa nas palavras e nas obras de Jesus.
Quando Jesus falava e Mateus escrevia, a expressão “os sábios e os prudentes” aplicava-se concretamente às elites religiosas de Israel, rabinos e fariseus, que permaneciam cegos perante a clarividência das palavras de Jesus, e se irritavam pela sua pregação ser dirigida aos pobres e humildes. Por isso, “pequenino” não se opõe a adulto (e, portanto, não designa as crianças), mas sim, opõe-se a sábio e prudente. Pequenos são os homens sem cultura, sem competência religiosa, sem grandes dialécticas; eram os chamados homens da terra, os pobres aldeãos da Galileia, aos quais doutores da Lei e os fariseus desprezavam.
Hoje, sentimo-nos “pequeninos”, ou, pelo contrário, somos auto-suficientes, como os fariseus e escribas, e rechaçamos o Evangelho de Jesus? 

Chama n.º 803 | 03 Julho ‘11

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