quinta-feira, 6 de novembro de 2008

PEDRAS VIVAS

CADA UM DE NÓS DEVE ESFORÇAR-SE POR SER UM TEMPLO VIVO, E COMO TAL, SEREMOS PEDRAS VIVAS DO ÚNICO TEMPLO QUE É A IGREJA DE CRISTO
Neste 32º Domingo do Tempo Comum, dia 9 de Novembro, ocorre este ano a Festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão.
Esta Basílica foi a primeira fundada por Constantino, o primeiro Imperador Cristão, para ser a mais importante Igreja de Roma, sendo então a única dentre as três grandes basílicas construídas, que se encontrava no interior dos muros que cercavam a cidade, pois quer a Basílica do Vaticano quer a de São Paulo, fora dos muros, encontravam-se fora das muralhas. Por essa razão, começou a servir de Catedral.
A Basílica de Latrão inicialmente foi dedicada ao Salvador, sendo posteriormente dedicada a São Baptista e a São João Evangelista.
Ainda hoje é a Catedral de Roma, e como tal a sede episcopal do Pontífice Romano, do Papa, de tal forma que ao lado da Basílica se situava a residência papal até ao ano 1309; nela foram entronizados todos os papas até ao século XIX, e nos dias de hoje o Papa ainda aí celebra a Missa Crismal, com o clero de Roma, em Quinta-feira Santa.
No monumental frontispício da Basílica, auge do estilo barroco, pode contemplar-se o "balcão das bençãos", e no interior da mesma o altar papal, no qual apenas o Papa pode celebrar a Eucaristia.
Ao celebrarmos a Festa da Dedicação da Basílica de Latrão outra coisa não fazemos senão manifestar a nossa comunhão com a Igreja de Roma, a Cabeça das Igrejas, e com o Romano Pontífice.
No entanto, embora hoje celebremos a dedicação da Catedral de Roma verificamos que a Liturgia da Palavra de hoje convida-nos mais a reflectir no templo feito por "pedras vivas".
São Pedro, o primeiro papa, recorda-nos que todos "como pedras vivas entrareis na construção do templo do Espírito, formando um sacerdócio sagrado para oferecer sacrifícios espirituais que Deus aceita por Jesus Cristo"; isto é, o lugar preferencial da morada de Deus é o coração do homem. Aí se encontra, verdadeiramente "em sua casa".
A Igreja feita de pedras ou de tijolo pode-nos oferecer o perigo de responder ao nosso instinto de manter Deus à distância, circunscrevendo a sua presença a lugares e tempos bem definidos.
É verdade que nem todos assim pensam, e alguns insistem em apregoar que a Igreja é o lugar obrigatório do encontro com Deus. A
esse respeito Noordmann, um teólogo alemão, adverte: "não podemos dizer que quando vamos a uma Igreja também Deus vem connosco".
De facto se entramos numa Igreja distraídos, se não quisemos reconhecer a Deus na rua, se nos manifestamos indeferentes quando Ele nos chamava, porque necessitava da nossa ajuda, como é que Ele pode entrar connosco na Igreja?
Quando o astronauta soviético Gagarin se saiu com a famosa piada de que tinha percorrido milhares de quilómetros na sua viagem espacial e que não tinha encontrado o bom Deus, um sacerdote de Moscovo replicou-lhe: "É natural! Se não O encontrates na terra, jamais O encontrareis no céu!"
O mesmo se pode dizer de nós; se não sabemos estabelecer um contacto com Deus, quando aparece como um de nós, temos poucas possibilidades de O encontrar de outra maneira, e certamente dificilmente suportaremos um eventual e inquietante olhar cara a cara, pois as negligências fora, pagam-se inevitavelmente com a ausência de Deus na Igreja.
Hoje podemos ter a certeza que Deus se encontra sacramentalmente no Sacrário da Basílica de São João de Latrão, e, também, em todos os Sacrários das Igrejas do mundo inteiro, mas o seu lugar preferido é o coração do homem, por isso cada um de nós deve esforçar-se por ser um templo vivo, e como tal, seremos pedras vivas do único Templo que é a Igreja de Cristo, porque Ele, como a Zaqueu repete-nos:"Hoje quero ficar em tua casa!". Pensa bem, pensa em consciência, qual é a tua resposta?

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