sábado, 13 de março de 2010

COMENTÁRIO


O Evangelho de São Lucas dedica todo o capítulo 15 às denominadas parábolas da misericórdia: a da ovelha perdida, a da dracma perdida e a do filho perdido, ou parábola do filho pródigo.
A parábola do Filho Pródigo, ou melhor, do Pai Misericordioso, é certamente um dos mais belos textos bíblicos. Em poucas palavras podemos resumi-la a um Pai que tem dois filhos. Um dia o mais novo, talvez cansado da monotonia da vida familiar, vai ter com o Pai e pede-lhe a parte que lhe cabia em herança (hoje há muitos filhos que exigem isso em vida aos pais, e alguns lá acedem…). Também o pai de que nos fala a parábola condescendeu, e não digo contrafeito mas sim contristado, e viu o seu filho partir para longe.
O jovem, com muito dinheiro nos bolsos, sentiu-se a pessoa mais feliz do mundo, e não lhe faltaram amigos em comezainas e na vida dissoluta. Mas, quando só se gasta, depressa terminam os recursos… e tudo vem a faltar!
Vê-se obrigado a procurar trabalho e encontrou um: ser guardador de porcos, o pior que poderia acontecer a um judeu, tratar de animais impuros. A fome era muita e eis que um dia reflecte e olha para o passado, e facilmente descobre que os trabalhadores de seu pai estão em situação muito melhor do que a sua, pois não lhes falta comida. Eis que decide regressar a casa e pedir ao pai que o aceite como um simples assalariado, como mais um trabalhador!
Em boa hora o fez, porque todos os dias o pai olhava para o horizonte esperando o regresso daquele filho. Por isso não admira a alegria que sentiu ao ver regressar o seu “menino” vivo e salvo, pelo que fez uma festa com boa comida, música e danças...
Decorria a festa quando, do trabalho, chega o filho mais velho, aquele que sempre esteve com o pai, a quem sempre obedeceu, e que parecia o filho perfeito e “santo”. Quando se inteira do que está a acontecer não quer entrar em casa, e é o pai que vem ao seu encontro, tendo de ouvir do filho um valente “sermão”.
Todos somos “filhos pródigos” quando nos afastamos de Deus, mas também somos o “irmão mais velho” quando julgamos que temos direito a tudo, só porque, por medo de nos condenarmos, vivemos ritualmente a nossa fé!

nº 745 I 14 Março ‘10

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