sábado, 20 de março de 2010

COMENTÁRIO


O evangelho deste quinto Domingo da Quaresma apresenta-nos a passagem da mulher adúltera.
A cena tem lugar no Templo, numa manhã. Ali está Jesus sentado no chão rodeado por um grupo de discípulos, ensinando o povo. O tribunal julgava habitualmente no âmbito do templo. Alguns fariseus e escribas observam Jesus que estava também ali. Eles sabem muito bem como Jesus tratava os pecadores, e estavam escandalizados com a sua conduta, e criticavam-n’O por se sentar a comer com os publicanos e pecadores. Estes escribas e fariseus compreendem que não devem deixar fugir a ocasião para comprometer o Mestre diante do povo. Pensavam que Jesus não ia ser capaz de condenar a mulher adúltera porque a sua misericórdia ia ser maior que o peso da lei de Moisés. Esperam, então, acusá-l’O de desacato à lei diante do Sinédrio. Assim, sem perda de tempo, levam a mulher adúltera e colocam-na no meio dos presentes acusando-a ante Jesus e de todos os presentes.
Escribas e fariseus, para que Jesus não tenha tempo de reagir, recordam-Lhe as penas prescritas contra as mulheres surpreendidas em adultério (o livro do Deuteronómio condena a mulher casada que tenha cometido adultério com um estranho na sua própria terra a que seja lapidada; o Levitico condena tanto o homem como a mulher adúltera à pena de morte, enquanto o livro de Ezequiel pressupõe que todos os adúlteros devem ser condenado à morte por lapidação).
Mas Jesus, em vez de lhes dar uma resposta, começa, com o dedo, a escrever no chão, pois seria em terra batida, onde naturalmente não faltaria o pó.
O seu gesto, possivelmente, manifesta um total desinteresse, em relação à causa que lhe é proposta. Mas perante o silêncio de Jesus escribas e publicanos interpelam-n’O de novo, e Jesus levanta-se, não para condenar a mulher adúltera mas sim para denunciar a má fé daqueles escribas e fariseus, convidando-os a executarem a pena, isto é a apedrejarem a mulher até à morte, mas somente os que não tivessem pecados... e dos mais velhos aos mais novos todos desapareceram!
Mais um vez podemos ver a bondade e a misericórdia de Jesus, mas ao mesmo tempo devemo-nos interpelar como é que nós nos comportamos com os que erram na vida. É fácil ver os pecados alheios, mas muito mais dificil contemplar as nossas próprias fraquezas!

nº 746 I 21 Março ‘10

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