sábado, 6 de dezembro de 2008

PREPARAI OS CAMINHOS DO SENHOR

A voz de João, que ressoa no deserto, continua a ser válida nos nossos dias, pois necessitamos de mudar de comportamento, necessitamos de uma verdadeira conversão.

Há três personagens que, com a sua experiência, nos ajudam a vi ver este tempo de Advento. Já no Domingo passado nós escutávamos Isaías, que hoje de novo nos é apresentado. O Profeta, que esperou contra toda a esperança, anuncia a um povo que estava num momento de crise de fé e de desastre nacional a proximidade e o amor do Deus-connosco. Além do referido Isaías hoje surge uma outra grande personagem, João Baptista, que vem preparar a iminente chegada do Enviado de Deus, Jesus Cristo. Segunda-feira, dia 8, teremos a ocasião de lidar com uma outra figura de Advento, Maria, na festa da sua Imaculada Conceição. Ela é a mulher que melhor viveu em si mesma o Advento, o Natal e a Epifania. Assim Ela é a nossa melhor mestra, pelo que de novo E far-nos-á companhia mais assídua, a partir do próximo dia 17.
Vivemos num mundo em que sobram as más notícias, e escasseia as boas notícias. Por isso as leituras deste domingo têm um saber especial, tornando este tempo de Advento num anúncio de consolação e um convite à esperança.
Já o Profeta Isaías, na primeira leitura anuncia o regresso do povo judeu à sua terra, convidando-o por isso a preparar o caminho do Senhor. No Evangelho encontramos João Baptista no deserto, a proclamar um baptismo de penitência para a remissão dos pecados, porque, dizia ele: "Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as suas sandálias".
Quando João Baptista iniciava a sua pregação havia em Israel um clima de grande tensão politico-religioso. O Povo eleito estava sob o jugo de Roma que exercia o seu poder com a força das suas legiões e a astúcia dos seus procuradores. Para cúmulo de todos os males quem governava a Galileia e as regiões do nordeste eram dois filhos de Herodes, o Grande, descendentes dos idumeus, pertencendo por isso à gentilidade, o que era para Israel um insulto permanente, pelo que a sua pregação provocava anseios e esperanças, anunciando a vinda do Messias. Por isso, João que tinha como missão preparar os homens para receber o Messias e escutar a sua mensagem, vai para fora, marginalizando-se da sociedade, e proclama a sua mensagem num lugar deserto
Para os antigos profetas, com quem se identifica João Baptista, pecado era tudo aquilo que fazia voltar a sociedade à situação do Egipto, esquecendo-se de que Deus os libertou da escravidão e destruindo a liberdade e a dignidade dos que foram libertados por Deus.
Pecado era a injustiça e a explorção do homem pelo homem, expressão e consequência de toda a idolatria. Enfim, hoje somos convidados à "conversão". Converter-se não quer dizer que seja necessariamente grandes pecadores. Converter-se a Jesus Cristo significa voltar-se mais claramente para Ele, aceitando os seus critérios de vida, acolher o seu Evangelho e a sua mentalidade na nossa forma de viver: endireitando os caminhos tortuosos, aplanando as veredas escarpadas e abater os montes e as colinas, criando uma nova terra onde habite a justiça.
Para dar credibilidade à sua pregação, e conteúdo à sua palavra, João Baptista apoia-se no testemunho da própria vida. A sua vida austera e penitente já era um clamor da urgência que tem de ecoar no interior da nossa vida de pessoas acomodadas, mergulhadas no conforto e silenciadas tantas vezes pelos respeitos humanos e pela covardia de não querer ter problemas na vida.
Como no tempo do Baptista, ambém hoje vivemos numa sociedade injusta e opressora, onde o egoismo se torna norma de vida, o ódio campeia por todos os lados, e onde a palavra "exploração" ainda não foi banida do nosso vocabulário. Por isso a voz de João, que ressoa no deserto, continua a ser válida nos nossos dias, pois necessitamos de mudar de comportamento, necessitamos de uma verdadeira conversão, para iniciarmos uma nova vida de santidade e de justiça.
Aproxima-se o Natal! A melhor prenda que podemos oferecer ao Menino Jesus é responder "sim" aos apelos do Baptista!

Sem comentários: