sábado, 13 de dezembro de 2008

PROCURANDO O AMADO

João da Cruz é o exemplo do homem enamorado de Deus, que não descansa até O encontrar.

Morreu! Morreu o Santo! Foi o grito que ecoou pelas ruas de Úbeda, pequena cidade de Andaluzia, no dia 14 de Dezembro de 1591. Nunca a voz do povo falou tão sabiamente, porque de facto tinha morrido aquele que hoje veneramos como nosso Pai e Fundador, São João da Cruz.
Estamos no terceiro Domingo de Advento, denominado Domingo "Gaudete", um Domingo que nos convida à alegria, devido à proximidade do Natal, mas que este ano coincide precisamente com a data da morte de São da Cruz, pelo que a nossa alegria hoje é redebroda.
Quando falamos de alguém sempre gostamos de conhecê-lo um pouco melhor, e penso que, embora muito já tenhamos ouvido falar do nosso Fundador, nunca é demais recordar um pouco da sua vida, especialemente para aqueles que nunca ouviram falar dele.
São João da Cruz nasceu em dia que não podemos precisar em Duruelo, província de Ávila (Espanha), no ano de 1542 (há quem diga que foi no ano de 1541), sendo seus pais Gonçalo Yepes e Catarina Alvarez, sendo o terceiro filho do casal, antes tinham nascido o Francisco e o Luís (este morto ainda pequeno). O pai morreu pouco tempo depois do nascimento de João, deixando viúva a ainda jovem Catarina. Esta com os dois filhos que lhe restavam, sem meios económicvos para lhes proporcionar uma vida digna, pois o único meio de subsitência era um simples tear, que não proporcionava à família o necessário para sobeviver, viu-se obrigada a fazer a "peregrinação da fome", para terras de Toledo, donde era oriundo o casal.
Não encontrou as portas abertas como esperava, tendo de regressar a Fontiveros depois de ano e meio, mas a situação continuava insustentável, pelo que inicia uma nova "peregrinação", desta vez foi Arévalo, mas uma vez a sorte foi madrasta, regressando mais uma vez a Fontiveros, para finalmente deixar esta terra para se fixar em Medina del Campo, província de Valhadolide, então um centro comercial de primeira ordem. Aqui se abrem as portas para a formação humana e cultural de João Yepes, tendo sido admitido no colégio "dos Doutrinos", que funcionava no convento da Madalena, onde com mais quatro companheiros se encarrega do serviço da Igreja, da limpeza da casa, e da recolha de esmolas em favor do mosteiro, mas em contrapartida recebe a alimentação e a possibilidade de aprender algum ofício manual. Posteriormente é aceite como enfermeiro e recadista no Hospital da Conceição, na mesma cidade, tendo a possibilidade de conhecer melhor os ambientes culturais de Medina e de melhorar e aperfeiçoar os poucos estudos até então realizados, por iniciativa própria e nos momentos livres.
Coincidindo praticamente com a sua chegada a Medina, os Jesuítas tinham aberto nesta cidade um colégio, uma filial do colégio de Salamanca, onde João frequentou as aulas provavelmente entre 1559 e 1563. É nessa altura, que de entre os vários conventos aí existentes, ele pede o hábito no Convento do Carmo de Santa Ana.
Prossegue os seus estudos em Salamanca onde conclui os estudos de arte e filosofia, sendo ordenado sacerdote em 1567. Nesse ano regressa a Medina para celebar a Missa Nova, e providencialmente encontra-se com Teresa de Jesus no Carmelo de São José dessa cidade. Do diálogo com a Santa pouco sabemos, mas pensa-se que João lhe manifestou o desejo de se fazer Cartuxo. É então que Teresa lhe propõe fazer uma reforma no ramo masculino como ela tinha feito com as Descalças.
João aceita o desafio e surge então o primeiro convento da reforma em Duruelo, fundado no dia 28 de Novembro de 1568, depois é transferido para Mancera; mais tarde encontramos João da Cruz em Alcalá de Henares, como Mestre de estudantes. Depois torna-se mestre espritual, mas sempre procurando o encontro com Deus, como tão bem ele o exprime no seu "Cântico Espirtual". João da Cruz é o exemplo do homem enamorado de Deus, que não descansa até O encontrar. Encontrou-O para sempre na noite em que foi "cantar matinas" ao Céu!

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