terça-feira, 23 de junho de 2009

Morreu o Pe Pereira

Esta tarde, Frei António José Pereira, 68 anos, carmelita descalço faleceu no Hospital de S. João no Porto, vítima de doença prolongada. Era natural de Soutelo do Douro, S. João da Pesqueira.
Foi conventual desta comunidade de Aveiro durante 2 triénios no inícios dos anos 80.
O funeral será em dia e hora ainda a determinar, no Santuário do Menino Jesus de Praga, em Avessadas.
Confiamos que com júbilo celebre no céu a Festa do Precursor da Alegria.

2 comentários:

Anabela Oliveira disse...

Texto lido na Igreja do Carmo a 15 de Outubro de 2005, em homenagem ao Padre Pereira.

Estou na Costa Nova, sentada à beira-mar.
Olho o mar, o seu azul, a sua força e a sua imensidão. Vejo nele a energia, a convicção, a determinação de alguém muito presente na minha vida: o Padre Pereira.
Ele é o mar em toda a imensidão do seu ser. Está sempre em constante movimento espalhando, pelas areias que banha, a mensagem de uma Igreja viva e jovem.
Na sua energia e beleza interior, atrai, como o mar, de uma forma subtil mas determinada, jovens nadadores que procuram viver um Cristo de paz e tolerância.
Bate enérgico nas rochas, define com força o seu espaço. Quantas vezes lhe telefonava para aqui, dizendo que não podia vir às reuniões ou ensaios e ele arranjava sempre uma alternativa para as minhas tarefas e para as minhas desculpas e daí a minutos cá chegava eu perfeitamente convencida. Como rocha na praia, deixava-me envolver nessa onda de vida.
A maré muda mais ou menos de vinte em vinte anos: Aveiro, Braga e agora o Marco. Muito rapidamente regressa a maré cheia e logo inicia uma viagem marítima de dezenas de jovens marinheiros à procura de uma Igreja sadia, viva e arrebatadamente enérgica.
O mar movimenta-se, agita-se, projecta-se num constante renascimento. Define a vida dos homens e orienta a viagem dos barcos. O Padre Pereira movimenta-se na alegria, na compreensão e na energia com que nos conquista. Agita-se levando com ele grupos que se multiplicam. Hoje os grupos do Carmo são herdeiros dos Passarinhos daquele tempo. Projecta um constante renascimento da Igreja: não esqueço as nossas reuniões, a abertura e a inteligência com que falávamos da Igreja, das nossas dúvidas, das nossas certezas, dos nossos dogmas, da nossa Fé.
Não esqueço as eucaristias, a maneira diferente de rezar, a maneira diferente de viver Cristo.
Foi com ele que aprendi a ser cristã.
O Padre Pereira orienta a nossa viagem, marinheiros de uma vida cheia de ondas e marés.
Dizem que o mar é traiçoeiro. O Padre Pereira não é. É a única diferença entre ele e o mar maravilhoso, observado milhões de vezes mas sempre diferente.
Continue a inundar-nos da sua água salgada de Fé e de Amor.

Para nós ele continua a viver, como o mar!

Anabela Dinis Branco de Oliveira

Marcos Antunes disse...

Anabela, eu não seria capaz de fazer melhor analogia entre o Pe. Pereira e o mar... durante a sua vida entre nós contagiou-nos e mostrou-nos quem é realmente o Cristo. Sofreu muito nos últimos tempos, mas sempre que o visitava lá tinha força para mais um sorriso e uma gargarlhada das suas... que ainda hoje a oiço...
O Pe. Pereira foi um grande Amigo com quem pude sempre contar, agora é o nosso Anjo da Guarda!
Recordarei com eterna saudade o último sorriso com que me presenteou... quem o conhece sabe bem quem foi e quem é o nosso Pe. Pereia.

Marcos Antunes