sábado, 17 de outubro de 2009

DIA MUNDIAL DAS MISSÕES

[Mensagem do Papa]


Celebramos, neste penúltimo domingo de outubro, o Dia Mundial das Missões. Como é habitual nesta data, o Santo Padre costuma enviar à Igreja a sua mensagem. De novo o fez este ano, desta vez, subordinada ao tema: As Nações Caminharão à sua Luz. Da mesma reproduziremos alguns excertos, que poder-nos-ão ajudar a meditar nesta missão da Igreja.

Celebramos neste penúltimo Domingo de Outubro o Dia Mundial das Missões. A ideia de um Dia das Missões a nivel mundial nasceu no Círculo Missionário do Seminário Arquidiocesano de Sássari (Itália). Em Maio de 1925, o Círculo Missionário organizou um tríduo missionário, com a participação do arcebispo, que suscitou muita animação. No ano seguinte, de 17 a 20 de Maio de 1926, repetiu-se a celebração. Na ocasião, chegou de Roma, monsenhor Luigi Drago, secretário da Sagrada Congregação de ‘Propaganda Fide’ (actual Congregação para a Evangelização dos Povos, no Vaticano). Os seminaristas pediram-lhe que propusesse ao papa Pio XI a celebração de um dia dedicado às Missões, como se fazia na Universidade do Sagrado Coração. Monsenhor Drago comprometeu-se a falar com o papa sobre esse assunto…
Desde Roma não podia chegar melhor resposta: "Esta é uma inspiração que vem do céu".
No final de Março de 1926, realizou-se a Assembleia Plenária do Conselho Superior Geral da Obra, já Pontifícia, da Propagação da Fé. Naquela ocasião, decidiu-se pedir oficialmente ao papa Pio XI "a instituição, em todo o mundo católico, de um dia de oração e de ofertas em prol da propagação da fé". Em 24 de Abril de 1926, a Congregação dos Ritos comunicava que o Santo Padre havia concedido o pedido. Seria celebrado anualmente, no penúltimo domingo do mês de Outubro. E assim aconteceu, pela primeira vez, em 1927...
Como é habitual nesta efeméride, o Santo Padre costuma enviar à Igreja uma mensagem, e de novo o fez este ano, subordinada ao tema: "As nações caminharão à sua Luz". Da mesma reproduziremos alguns excertos, que poder-nos-ão ajudar a meditar nesta missão da Igreja.
O Santo Padre esclarece:
"O objectivo da missão da Igreja é iluminar com a luz do Evangelho todos os povos em seu caminhar na história rumo a Deus, pois n’Ele encontramos a sua plena realização. Devemos sentir o anseio e a paixão de iluminar todos os povos, com a luz de Cristo, que resplandece no rosto da Igreja, para que todos se reúnam na única família humana, sob a amável paternidade de Deus.
É nesta perspectiva que os discípulos de Cristo espalhados pelo mundo trabalham, se dedicam, gemem sob o peso dos sofrimentos e doam a vida. Reitero com veemência o que muitas vezes foi dito pelos meus Predecessores: a Igreja não age para ampliar o seu poder ou reforçar o seu domínio, mas para levar a todos Cristo, salvação do mundo. Pedimos somente de nos colocar a serviço da humanidade, sobretudo da daquela sofredora e marginalizada, porque acreditamos que ‘o compromisso de anunciar o Evangelho aos homens de nosso tempo... é sem dúvida alguma um serviço prestado à comunidade cristã, mas também a toda a humanidade’(Evangelii nuntiandi, 1), que ‘apesar de conhecer realizações maravilhosas, parece ter perdido o sentido último das coisas e de sua própria existênci’(Redemptoris missio, 2)."
E continua:
"Na verdade, a humanidade inteira tem a vocação radical de voltar à sua origem, que é Deus, somente no Qual ela encontrará a sua plenitude por meio da restauração de todas as coisas em Cristo… A missão universal deve-se tornar uma constante fundamental na vida da Igreja. Anunciar o Evangelho deve ser para nós, como já dizia o apóstolo Paulo, um compromisso impreterível e primário.
E, prossegue:
"A missão da Igreja é chamar todos os povos à salvação realizada por Deus em seu Filho encarnado. É necessário, portanto, renovar o compromisso de anunciar o Evangelho, fermento de liberdade e progresso, fraternidade, união e paz. Desejo ‘novamente confirmar que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja’(Evangelii nuntiandi, 14), tarefa e missão que as vastas e profundas mudanças da sociedade actual tornam ainda mais urgentes. Está em questão a salvação eterna das pessoas, o fim e a plenitude da história humana e do universo. Animados e inspirados pelo Apóstolo dos Gentios, devemos estar conscientes de que Deus tem um povo numeroso em todas as cidades percorridas também pelos apóstolos de hoje. De facto,’a promessa é em favor de todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar’ (Act 2,39).
A participação na missão de Cristo, de facto, destaca também a vida dos anunciadores do Evangelho, aos quais é reservado o mesmo destino de seu Mestre.’Lembrem-vos do que Eu disse: nenhum servo é maior do que seu dono. Se perseguiram a Mim, vão perseguir a vós também’ (Jo 15,20). A Igreja coloca-se no mesmo caminho e passa por tudo aquilo que Cristo passou, porque não age baseando-se numa lógica humana ou com a força, mas seguindo o caminho da Cruz e se fazendo, em obediência filial ao Pai, testemunha e companheira de viagem desta humanidade. Às Igrejas antigas como as de recente fundação, recordo que são colocadas pelo Senhor como sal da terra e luz do mundo, chamadas a irradiar Cristo, Luz do mundo, até os extremos confins da terra. A ‘missio ad gentes’ deve ser a prioridade de seus planos pastorais."
E, a finalizar, o Santo Padre, recordando que todo o anúncio do Evangelho é obra do Espírito Santo, apela à generosidade de todos os cristãos:
"É preciso, todavia, reafirmar que a evangelização é obra do Espírito, e que antes mesmo de ser acção, é testemunho e irradiação da luz de Cristo através da Igreja local, que envia os seus missionários...".

nº 724 I 18 Outubro ‘09

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