sábado, 10 de outubro de 2009

NADA TE PERTURBE... SÓ DEUS BASTA!



Os irmãos partiram para longe à procura de fortuna, mas Teresa não teve de caminhar muito, para não longe da casa onde nascera, encontrar uma grande riqueza. A riqueza que verdadeiramente sacia o homem, porque ela compreendeu que o verdadeiro tesouro é Deus, pelo que, mais tarde numa das suas poesias, escreve: “Nada te perturbe,... só Deus Basta!”.

Corria o ano de 1528, quando, em Ávila, no dia 28 de Março nascia uma menina, filha de Alonso Sánchez de Cepeda e de D. Beatriz de Ahumada, a quem no baptismo lhe puseram o nome de Teresa.
Num dos seus escritos, o Livro da Vida, ela mesma escreve: "Éramos três irmãs e nove irmãos", a quem se juntava, como ela confessa, um grande número de criados. Era, pois, a família de Teresa bastante numerosa, aliás, como era normal na época, mas entre tanta gente Teresa considerava-se a mais querida e amada de todos.
Mas, simultaneamente naquela numerosa família, vivia-se um fé intensa, onde se cultivava o amor e a amizade, e onde se favorecia a leitura e fomentava a piedade, pois o chefe de família procurava "bons livros para leitura de seus filhos".
Tudo isto contribuiu para que e nossa menina Teresa despertasse, ainda na infância, para as coisas do espírito. Por isso não admira, que depois da leitura da vida de santos, (ou seria histórias contadas pela mãe?), pelos seus seis-sete anos, juntamente com o seu irmão Pedro, sensivelmente da sua idade, resolvesse deixar a casa paterna, para irem a terra de infiéis [Norte de África], para serem degolados, isto é martirizados, pelos infiéis, para assim alcançarem o Céu!
É verdade que na infância, quando o ambiente favorece, estes rasgos de piedade não faltam, mas depois, quase sempre na adolescência , surgem os momentos de crise. O mesmo aconteceu com Teresa.
Como é natural na adolescência, também Teresa gostava de passar longos momentos diante do espelho, e começava a sonhar com alguém que a pudesse fazer feliz para sempre. E nesse tempo nem sequer lhe faltou a ajuda de uma jovem criada da casa de seus pais. E Teresa já tinha em vista um "príncipe", um parente seu, quase da mesma idade.
O problema da adolescência inquieta de sobremaneira os pais, e o mesmo aconteceu com a família Cepeda, porque sabiam que não era fácil aconselhar um coração apaixonado!
No entanto, Dom Alonso de Cepeda, após a morte de sua esposa, dona Beatriz, procura cortar o mal enquanto era tempo, enviando a jovem Teresa, a pretexto do casamento de sua filha Maria, para o internato das religiosas das Agostinha da Graça, na cidade de Ávila.
Não foi fácil tomar tal decisão, pois Dom Alonso amava verdadeiramente Teresa, e no momento de tristeza da partida da esposa, a companhia da filha sempre, poderia ajudar naquela dor. Mas o pior é que sem o saber Alonso estava a contribuir para a opção definitiva de sua filha: consagrar-se ao Senhor.
É verdade que a jovem Teresa, não gostou muito da decisão do pai, e a si mesma prometeu jamais ser freira!
Mas a vida dá muitas voltas, e se o lar dos Cepedas, outrora, era um lar buliçoso, com as brincadeiras das crianças e a presença dos irmãos mais crescidos, agora era uma casa vazia!
Os varões, à semelhança de muitos outros jovens, procuraram riqueza nos novos mundos, na América, não há muitos anos descoberta, e alguns conseguiram-na! E, ainda bem, pois Lourenço de Cepeda, com a riqueza adquirida nas "Índias" tornar-se-á, mais tarde, um mecenas, na obra que sua irmã Teresa, iria iniciar, e as filhas tinham formado lar.
Agora só restava ao velho Cepeda a sua Teresinha, que teve de abandonar o internato devido a uma grave doença. Para recuperar vai para uma aldeia de Ávila, Gotarrendura, onde lhe caem nas mãos livros de espiritualidade que a transformam totalmente.
Recuperado, agora contra a vontade do seu pai, decide ingressar no Convento das Carmelitas da Encarnação, em Ávila.
Os irmãos partiram para longe à procura de fortuna, mas Teresa não teve de caminhar muito, para não longe da casa onde nascera, encontrar uma grande riqueza. A riqueza que verdadeiramente sacia o homem, porque ela compreendeu que o verdadeiro tesouro é Deus, pelo que, mais tarde numa das suas poesias, escreve: "Nada te perturbe,... só Deus Basta!".
Que Teresa de Jesus nos ajude a encontrar esse tesouro!

nº 723 I 11 outubro ‘09

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