sábado, 20 de fevereiro de 2010

JESUS NO DESERTO



Hoje, como outrora aconteceu com Jesus, o demónio tenta-nos a fugir do Jesus da Cruz, que é o único meio de salvação, já que o dinheiro, o prestígio, as honras, continuam a ser uma tentação. Somos tentados a criar um Deus à medida dos nossos caprichos e necessidades imediata. Temos de rejeitar tais tentações, porque o Nosso Deus, e Pai de Jesus Cristo, está muito mais além do que pensamos necessitar, do que desejamos, e pedimos, na nossa mesquinhez de cada dia.


Foi na passada Quarta-feira de Cinzas que iniciamos a Quaresma, mas para muitos fiéis, que pelas razões mais diversas, não puderam participar na Eucaristia desse dia, ou em qualquer outra cerimónia, é hoje o verdadeiro início da Quaresma.
Pedagogicamente, tendo em conta estas situações, procurámos ir preparando os nossos fiéis para este “tempo de graça”, publicando, no passado Domingo, alguns excertos da Mensagem de Bento XVI, para esta Quaresma de 2010.
No entanto achamos por bem uma vez mais recordar que a Quaresma é um tempo para renovar a fundo a nossa vida cristã: um caminho, um meio, um espaço para reflectir no que significa ser cristão nos dias de hoje, no por quê de fazer penitência, ou seja convertermo-nos de tudo o que no nosso dia a dia contradiz o dom da vida, recebido nos sacramento da iniciação cristã (o Baptismo, a Eucaristia, e a Confirmação).
Sabemos que nem sempre é fácil viver a fé, ou melhor, que não é fácil conjugar a nossa vida com as exigências do Evangelho, pois todos os dias devido à nossa debilidade, as tentações nos batem à porta.
No entanto, neste nosso caminhar para a Páscoa perene, não estamos sós, pois Aquele que nos propõe o caminho também foi tentado.
No primeiro domingo da Quaresma, todos os anos, os evangelhos nos apresentam as tentações de Jesus.
Quando Jesus foi baptizado por João, nas margens do Jordão, o Espírito desceu sobre Ele. Impelido pelo mesmo, ciente que tinha de levar a cabo a sua missão, Jesus decidiu fazer a experiência dos profetas, retirando-se para o deserto, mergulhado em jejuns e orações. Foram uns longos quarenta dias… e depois de tão longo jejum, não é de admirar que Jesus tenha sentido fome. Estava debilitado (também Elias sentiu o desespero quando fez idêntica experiência quando caminhou, para o Horeb, jejuando durante quarenta dias e quarenta noites, chegando ao cúmulo de pedir a Deus a morte!), pelo que o Demónio achou ter encontrado o momento oportuno para tentar Jesus. Fê-lo, do modo mais subtil, dizendo-Lhe: “Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão”.
O convite até parecia ter nada de malicioso, pois, afinal era a oportunidade de Jesus fazer o seu primeiro milagre! Mas há tentações que nos afastam do bem e nos oferecem o mal como objectivo, sob a capa do bem. Temos que escolher entre o bem e o mal, entre o Evangelho e o egoísmo, entre Deus e a idolatria. Ninguém pode pôr a mão no fogo e afirmar que já não tem esta tentação a que São Paulo chama da “carne” em sentido teológico. Mas Jesus contestou-lhe dizendo: “Nem só de pão vive o homem”.
A segunda tentação, segundo a ordem com que São Lucas as apresenta, é um novo desafio a Jesus. Satanás oferece-lhe todos os reinos do mundo, com a condição de Jesus se prostrar diante dele. Se Jesus tivesse o poder sobre todo o mundo, possivelmente seria facilitada a missão de difundir a Boa Nova”. A esta tentação ripostou: “Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto”.
Finalmente, não se deixando vencer, o demónio faz-lhe nova tentação. Utilizando textos bíblicos desafia-O a lançar-se do alto do pináculo do Templo de Jerusalém. Esta tentação é de todas a mais subtil porque parece a mais desinteressada, pois parecia facilitar a missão de Jesus: Mostrar que era realmente o Filho de Deus.
A Quaresma é um convite a renovar a nossa fé, a fé que levamos no coração, e que professamos com os lábios, que Jesus é o Senhor a quem Deus ressuscitou dos mortos.
Também hoje, o demónio tenta-nos a fugir do Jesus da Cruz, que é único meio de salvação, já que o dinheiro, o prestígio, as honras, continuam a ser uma tentação para os cristãos dos nossos dias. Não devemos criar um Deus à medida dos nossos caprichos e necessidades imediata. Temos de rejeitar tais tentações, porque o Nosso Deus, e Pai de Jesus Cristo, é o Transcendente; Aquele que está muito mais além do que pensamos necessitar, do que desejamos, e pedimos, na nossa mesquinhez de cada dia.

nº 742 I 21 Fevereiro ‘10

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