segunda-feira, 24 de maio de 2010

Assim nasceu a Igreja

Embora a Igreja tenha nascido do “Lado aberto de Cristo”, ela ganha forma e dinamismo a partir do Pentecostes. É então que a Igreja apresenta a sua face universal, e desde já reconhece que o Evangelho deve ser levado a todos os confins da terra. Também nós devemos estar receptivos à vinda do Espírito Santo; devemos aceitar os seus dons e também, tomar consciência de que nos devemos empenhar na missão de anunciar o Evangelho aos homens do nosso tempo.
Foi há cinquenta dias que a comunidade cristã se reuniu, em júbilo, para celebrar a Solenidade da Páscoa, e hoje encerramos este tempo pascal com a Solenidade de Pentecostes.
Esta festa Litúrgica começou sendo simplesmente, e ainda continua a sê-lo, o quinquagésimo dia de Páscoa, e “Pentecostes” simplesmente quer dizer cinquenta dias, sendo desta forma o solene encerramento do ciclo pascal.
Desde finais do século IV, “o dia de Pentecostes” começa a ficar marcado, de uma forma especial, pela comemoração da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. É o dia em que a Igreja dirige, duma maneira especial, a sua atenção para a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, pelo que não admira que em tempos passados se tenha pretendido desligar esta Solenidade da Festa Páscoa, ou melhor, convertê-la numa outra Páscoa, com a respectiva vigília, com baptismos, e outros adereços próprios e típicos da Solenidade da Ressurreição.
A Solenidade de Pentecostes ajuda-nos a descobrir a dupla relação entre Pentecostes e Páscoa, entre o mistério do Espírito Santo e o mistério de Cristo morto e ressuscitado. Ainda em vida Jesus tinha prometido aos seus discípulos o dom do Espírito Santo, por isso Jesus apressa-se a comunicar o Espírito, no dia da sua Ressurreição, na sua primeira aparição aos apóstolos.
No entanto, a acção do Espírito Santo na Igreja não é mero suceder a Cristo nem muito menos suplantá-l’O, mas sim levar á plenitude a obra de Cristo no mundo. É acção do Espírito Santo perpetuar a presença invisível e perene de Cristo e da sua obra; desvendar, no tempo e no espaço, todo o mistério de Cristo; ajudar-nos a interiorizar e a assimilar a salvação de Cristo.
Poderíamos dizer que o Pentecostes é a “Festa da Igreja”, pois o acontecimento que hoje celebramos comemora o nascimento ou revelação da Igreja.
O Espírito foi desde o início, a alma da Igreja nascente. Assim como o primeiro homem, modelado do pó da terra, como nos narra o livro do Génesis, só se torna um ser vivo quando o Senhor Deus insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida, o mesmo sucede com a Igreja; o Evangelho de São João, diz-nos que Jesus na tarde daquele dia, o primeiro da semana, soprou sobre os apóstolos e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos”.
Por sua vez o livro dos Actos dos Apóstolos,
diz-nos que a efusão do Espírito foi acompanhada por uma espécie de línguas de fogo que poisaram sobre os apóstolos, enchendo-os com o Espírito de Deus que os transforma fazendo com que eles comecem a anunciar o Reino exprimindo-se nas línguas de cada um dos ouvintes, e eles eram “partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinhos de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes”.
Podemos pois dizer que, embora a Igreja tenha nascido do “Lado aberto de Cristo”, ela ganha forma e dinamismo a partir do Pentecostes. É então que a Igreja apresenta a sua face universal, e desde já reconhece que o Evangelho deve ser levado a todos os confins da terra, e aos homens de todas as raças do mundo.
Assim compreenderam os Apóstolos, deixando aquelas estreitas terras da Palestina para levaram o Evangelho de Jesus a todas as paragens e povos então conhecidos.
Em dia de Pentecostes também nós devemos estar receptivos à vinda do Espírito Santo; devemos aceitar os seus dons e também, tomar consciência de que nos devemos empenhar na missão de anunciar o Evangelho aos homens do nosso tempo.
No Cenáculo os Apóstolos começaram a falar outras línguas. Hoje cabe-nos a nós fazer outro tanto. É verdade que quem parte em missão tem necessidade, por vezes, de aprender uma língua diferente da materna, mas a nós só se exige que falemos uma linguagem capaz de ser entendida por todos os homens, a linguagem do Amor que se encontra disponível no Evangelho de Jesus!
755 I Chama Viva do Carmo I Maio 23, 2010

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