sábado, 27 de fevereiro de 2010

ABRAÃO: O HOMEM DA FÉ


O trecho do Evangelho deste segundo Domingo da Quaresma fala-nos da promessa de uma descendência, e da Aliança, que Deus faz com Abraão. Assim podemos aquilatar a fé de Abraão, pois sendo idoso, e a sua esposa estéril, acredita na promessa de Deus. Já antes evidenciara a sua fé ao sair da sua terra, seguindo a voz de Deus, e mais ainda quando não hesitou imolar o seu único filho, acedendo ao apelo de Javé. Por isso Abraão é o modelo do homem, que nos pode ajudar a crescer na fé nesta Quaresma

Todos os anos, no segundo Domingo da Quaresma, a Liturgia da Palavra, na primeira leitura, oferece-nos um trecho do livro do Génesis, que nos fala da figura do Patriarca Abraão. Naturalmente isso acontece porque Abraão é uma figura incontornável na História da Salvação, sendo apresentado como o modelo do homem da fé.
Abraão, além disso, é uma personagem de referência não só para os Cristãos e para os Judeus, mas também para os Muçulmanos, já que Maomé era descendente de Ismael, o filho que concebera Agar, escrava de Sara, de Abraão. Abraão, vivia em Ur, na Caldeia, quando um dia, Deus disse a Abrão (era esse então o seu nome): “Sai da tua terra e da casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar. Em ti serão abençoadas todas as nações ”. Abrão obedeceu. Foi com Sarai, sua mulher, e seu sobrinho Lot para a terra de Canaã. Aí apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: “Darei esta terra à tua descendência”.
Aconteceu que uns reis estrangeiros invadiram aquela terra, saquearam as cidades e levaram muitos cativos. Abrão reuniu 318 servos e, à frente deles,perseguiu os inimigos, venceu-os e retomou todo o saque. No regresso, passou pela cidade de Salém. Então Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho para o sacrifício porque era sacerdote do Altíssimo. E abençoou Abrão, dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador do céu e da terra!”. Depois disto, Abrão deu-lhe o dízimo de todos os seus bens.
Abrão não tinha filhos. Uma noite, Deus disse-lhe: “Levanta os olhos e conta, se conseguires, as estrelas do céu! A tua descendência será tão numerosa como elas”. Abrão acreditou em Deus e Deus justificou a sua fé. Aos 99 anos de idade, Abrão teve outra aparição em que o Senhor lhe disse: “Daqui em diante não te chamarás Abrão mas sim Abraão, porque te destinei para ser pai de muitas gerações. Para o futuro, não chamarás a tua mulher de Sarai mas de Sara. Eu a abençoarei e ela terá um filho ao qual chamarás Isaac. Concluirei com ele uma aliança perpétua em favor da sua posterioridade”.
Deus cumpriu a sua promessa. Sara teve um filho na sua velhice e Abraão deu-lhe o nome de Isaac. Sendo este já crescido, Deus experimentou Abraão e disse-lhe: “Toma Isaac, teu único filho a quem amas, para Me ofereceres em sacrifício na montanha que eu te indicar”. Abraão levantou-se antes de amanhecer, preparou o jumentinho, cortou a lenha necessária para o sacrifício e pôs-se a caminho com Isaac e dois servos. Ao terceiro dia, avistou de longe a montanha do sacrifício. Disse então aos servos: Esperai aqui com o jumento enquanto eu e meu filho vamos lá em cima adorar o Senhor. Pôs a lenha sobre os ombros de Isaac e ele mesmo levou o fogo e o cutelo. Enquanto subiam, Isaac disse: “Meu pai!”. Abraão perguntou: “O que queres, meu filho?”. Isaac respondeu: “Levamos o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o sacrifício?”. Abraão disse: “Deus tratará disso, meu filho”. Quando chegaram, Abraão levantou o altar, dispôs nele a lenha, amarrou o filho e colocou-o em cima. Em seguida, agarrou no cutelo para imolar a criança.
Então, do alto do céu, gritou o Anjo do Senhor: “Abraão! Abraão! Não faças mal ao menino. Agora sei que temes a Deus pois não poupaste teu filho único para me obedeceres. Abraão levantou os olhos e viu um cordeiro preso num espinheiro. Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto em lugar do filho. Então o anjo do Senhor disse pela segunda vez: Já que para me obedeceres não poupaste o teu filho único, eu te abençoo. Dar-te-ei uma posterioridade tão numerosa como as estrelas do céu e a areia na praia do mar. Num dos teus descendentes serão abençoadas todas as nações da terra. Abraão viveu até a idade de 175 anos. Seu filho sepultou-o em Mambré, junto de Sara, sua esposa
O trecho deste segundo Domingo da Quaresma fala-nos precisamente da promessa de uma descendência e da Aliança que Deus faz com Abraão. E aqui uma vez mais podemos aquilatar a fé de Abraão, sendo velho, e a sua esposa estéril, acredita na promessa de Deus. Já antes evidenciara a sua fé ao sair da sua terra, seguindo a voz de Deus, e mais ainda quando não hesitou imolar Isaac, o seu único filho, acedendo ao apelo de Javé, mas que o mesmo Deus não permitiu executar. Por isso Abraão é o modelo do homem de fé.

nº 743 I 28 Fevereiro ‘10

A PROCISSÃO DOS PASSOS


Neste segundo Domingo da Quaresma, se o tempo o permitir, sairá, uma vez mais, desta nossa Igreja do Carmo, a Procissão do Senhor Jesus dos Passos, como prescrevem os estatutos da Irmandade no artigo 38º:
Sendo o fim principal desta Irmandade promover o culto a Nosso Jesus dos Passos, realizar-se-á todos os anos, no segundo Domingo da Quaresma, a Procissão dos Passos, feita com toda a solenidade.
a) Na Sexta-feira anterior, depois do sol posto, será conduzida processionalmente a imagem de Nossa Senhora da Soledade ou do Encontro para a Igreja Paroquial da Vera Cruz.
b) Na noite de Sábado, véspera da Procissão, as imagens da Senhora da Soledade e do Senhor dos Passos estarão expostas para veneração dos fiéis até às 23h00, ou outra hora que se ache oportuna;
c) Pela tarde do referido Domingo [2º da Quaresma] sairá processionalmente da Igreja do Carmo a Imagem do Senhor Jesus dos Passos, realizando-se no percurso o Encontro, seguindo ambas as imagens para a Igreja do Carmo.
d) Após o recolher da Procissão far-se-á o Sermão do Calvário.
§ único - No caso de não poder sair a Procissão no segundo Domingo da Quaresma, a mesma será transferida para o Domingo seguinte.
Não podemos precisar quantos anos tem a nossa Procissão dos Passos, mas podemos afirmar que esta Procissão, que serviu de modelo a outras procissões de Aveiro, granjeou fama graças à dedicação dos muitos irmãos que serviram a Irmandade, e em jeito de homenagem gostaria de lembrar hoje o Sr. João Sacristão, João da Naia Sardo, há poucos anos falecido e o parceiro Abel Ferreira da Encarnação Durão que há meses terminou a sua “procissão” aqui na terra.

nº 743 I 28 Fevereiro ‘10

AVISOS

DOMINGO I 28
Se o tempo o permitir pelas, 16H.00, sairá desta nossa Igreja do Carmo a Procissão dos Passos, que percorrerá o itinerário habitual. Depois de recolher à nossa Igreja, será proferido o Sermão do Calvário

QUINTA I 04
Primeira Quinta-feira do mês
» 17H.45: Exposição e Adoração do Santíssimo.
Neste momento de oração, orientado pelos Ministros Extraordinários da Comunhão, rezaremos pelas vocações, e de um modo especial pelas vocações à nossa Ordem do Carmo e à nossa Província.

SEXTA I 05
» 18h.00: Devoção da Via-sacra
Procuremos participar nesta devoção tão enraizada na Igreja, que nos convida a orar, percorrendo os passos de Jesus desde a sua condenação até à sua sepultura, passando pela sua morte no alto do Calvário.

CÁRITAS: Celebramos no próximo Domingo o Dia da Cáritas. O ofertório das missas desse fim de semana reverte para a Cáritas Portuguesa


nº 743 I 28 Fevereiro ‘10

sábado, 20 de fevereiro de 2010

JESUS NO DESERTO



Hoje, como outrora aconteceu com Jesus, o demónio tenta-nos a fugir do Jesus da Cruz, que é o único meio de salvação, já que o dinheiro, o prestígio, as honras, continuam a ser uma tentação. Somos tentados a criar um Deus à medida dos nossos caprichos e necessidades imediata. Temos de rejeitar tais tentações, porque o Nosso Deus, e Pai de Jesus Cristo, está muito mais além do que pensamos necessitar, do que desejamos, e pedimos, na nossa mesquinhez de cada dia.


Foi na passada Quarta-feira de Cinzas que iniciamos a Quaresma, mas para muitos fiéis, que pelas razões mais diversas, não puderam participar na Eucaristia desse dia, ou em qualquer outra cerimónia, é hoje o verdadeiro início da Quaresma.
Pedagogicamente, tendo em conta estas situações, procurámos ir preparando os nossos fiéis para este “tempo de graça”, publicando, no passado Domingo, alguns excertos da Mensagem de Bento XVI, para esta Quaresma de 2010.
No entanto achamos por bem uma vez mais recordar que a Quaresma é um tempo para renovar a fundo a nossa vida cristã: um caminho, um meio, um espaço para reflectir no que significa ser cristão nos dias de hoje, no por quê de fazer penitência, ou seja convertermo-nos de tudo o que no nosso dia a dia contradiz o dom da vida, recebido nos sacramento da iniciação cristã (o Baptismo, a Eucaristia, e a Confirmação).
Sabemos que nem sempre é fácil viver a fé, ou melhor, que não é fácil conjugar a nossa vida com as exigências do Evangelho, pois todos os dias devido à nossa debilidade, as tentações nos batem à porta.
No entanto, neste nosso caminhar para a Páscoa perene, não estamos sós, pois Aquele que nos propõe o caminho também foi tentado.
No primeiro domingo da Quaresma, todos os anos, os evangelhos nos apresentam as tentações de Jesus.
Quando Jesus foi baptizado por João, nas margens do Jordão, o Espírito desceu sobre Ele. Impelido pelo mesmo, ciente que tinha de levar a cabo a sua missão, Jesus decidiu fazer a experiência dos profetas, retirando-se para o deserto, mergulhado em jejuns e orações. Foram uns longos quarenta dias… e depois de tão longo jejum, não é de admirar que Jesus tenha sentido fome. Estava debilitado (também Elias sentiu o desespero quando fez idêntica experiência quando caminhou, para o Horeb, jejuando durante quarenta dias e quarenta noites, chegando ao cúmulo de pedir a Deus a morte!), pelo que o Demónio achou ter encontrado o momento oportuno para tentar Jesus. Fê-lo, do modo mais subtil, dizendo-Lhe: “Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão”.
O convite até parecia ter nada de malicioso, pois, afinal era a oportunidade de Jesus fazer o seu primeiro milagre! Mas há tentações que nos afastam do bem e nos oferecem o mal como objectivo, sob a capa do bem. Temos que escolher entre o bem e o mal, entre o Evangelho e o egoísmo, entre Deus e a idolatria. Ninguém pode pôr a mão no fogo e afirmar que já não tem esta tentação a que São Paulo chama da “carne” em sentido teológico. Mas Jesus contestou-lhe dizendo: “Nem só de pão vive o homem”.
A segunda tentação, segundo a ordem com que São Lucas as apresenta, é um novo desafio a Jesus. Satanás oferece-lhe todos os reinos do mundo, com a condição de Jesus se prostrar diante dele. Se Jesus tivesse o poder sobre todo o mundo, possivelmente seria facilitada a missão de difundir a Boa Nova”. A esta tentação ripostou: “Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto”.
Finalmente, não se deixando vencer, o demónio faz-lhe nova tentação. Utilizando textos bíblicos desafia-O a lançar-se do alto do pináculo do Templo de Jerusalém. Esta tentação é de todas a mais subtil porque parece a mais desinteressada, pois parecia facilitar a missão de Jesus: Mostrar que era realmente o Filho de Deus.
A Quaresma é um convite a renovar a nossa fé, a fé que levamos no coração, e que professamos com os lábios, que Jesus é o Senhor a quem Deus ressuscitou dos mortos.
Também hoje, o demónio tenta-nos a fugir do Jesus da Cruz, que é único meio de salvação, já que o dinheiro, o prestígio, as honras, continuam a ser uma tentação para os cristãos dos nossos dias. Não devemos criar um Deus à medida dos nossos caprichos e necessidades imediata. Temos de rejeitar tais tentações, porque o Nosso Deus, e Pai de Jesus Cristo, é o Transcendente; Aquele que está muito mais além do que pensamos necessitar, do que desejamos, e pedimos, na nossa mesquinhez de cada dia.

nº 742 I 21 Fevereiro ‘10

REZAR COM OS SALMOS


O Salmo 90 é um dos mais típicos da Quaresma. Este é um salmo de peregrinação, ou seja gradual, (aqueles salmos que os judeus entoavam quando peregrinavam à Cidade Santa), que faz entrar em cena um rei, empenhado numa guerra nacional, mas ao mesmo tempo religioso, contra as nações pagãs, ou seja, uma luta contra as forças do mal. Sobe em peregrinação ao templo para passar ali a noite, na esperança de ser favorecido com uma revelação divina, com algum oráculo…
O Demónio, no trecho das “tentações no deserto”, que nos é oferecido neste primeiro Domingo da Quaresma, cita este mesmo salmo, pelo que podemos dizer que Jesus é o Rei-Messias que vem lutar contra todas as forças que nos oprimem.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 90 (91)

Refrão: Estai comigo, Senhor, no meio da adversidade.

Tu que habitas sob a protecção do Altíssimo
e moras à sombra do Omnipotente,
Diz ao Senhor:
«Sois o meu refúgio e a minha cidadela:
meu Deus, em Vós confio».

Nenhum mal te acontecerá
nem a desgraça se aproximará da tua tenda,
porque Ele mandará aos seus Anjos
que te guardem em todos os teus caminhos.

Na palma das mãos te levarão,
para que não tropeces em alguma pedra.
Poderás andar sobre víboras e serpentes,
calcar aos pés o leão e o dragão.

Porque em Mim confiou, hei-de salvá-lo;
hei-de protegê-lo, pois conheceu o meu nome.
Quando Me invocar, hei-de atendê-lo,
estarei com ele na tribulação,
hei-de libertá-lo e dar-lhe glória.

nº 742 I 21 Fevereiro ‘10

AVISOS

SEGUNDA I 22
Cadeira de São Pedro, Apóstolo (Festa)

QUINTA I 25
Quinta-feira do Menino Jesus
» 18H.00 Coroinha do Menino Jesus

SEXTA I 26
» 18h.00: Devoção da Via Sacra
» 21h.00: Oração a Nossa Senhora da Soledade
» 21h.30: Transladação da Imagem de Nossa Senhora da Soledade para a Igreja da Vera Cruz

SÁBADO I 27
» 21h.00: Visita às Igrejas do Carmo e da Vera Cruz, onde são entoados os cânticos do “Miserere”
» Depois dos cânticos do “Miserere” os Carmelitas Seculares, farão um momento de Oração ao Senhor dos Passos. A Fraternidade Carmelitas convida os demais fiéis a associarem-se a esta oração.

DOMINGO I 28
» 16H00: Procissão dos Passos, percorrerá o itinerário habitual. No final, na Igreja do Carmo, será proferido o Sermão do Calvário

nº 742 I 21 Fevereiro ‘10

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

VIVER A QUARESMA



A Quaresma é um dom de Deus para os crentes, pois num mundo cada vez mais materialista e agnóstico, temos uma oportunidade de nos purificar e de nos santificar. Para viver em plenitude esta Quaresma, aqui transcrevemos alguns excertos da Mensagem de Bento XVI, esperando que a mesma nos ajude a celebrar frutuosamente este tempo:

É já na próxima Quarta-feira, dia 17, que com a Imposição das Cinzas damos início a mais uma Quaresma. Este Tempo Litúrgico é um dom de Deus para os crentes, pois num mundo cada vez mais materialista e agnóstico, temos uma oportunidade de nos purificar e de nos santificar. Para viver em plenitude esta Quaresma, e simultaneamente para preparar a festa da Páscoa, aqui transcrevemos alguns excertos da Mensagem de Bento XVI, esperando que os mesmos nos ajudem a celebrar frutuosamente este tempo:
“Queridos irmãos e irmãs: Todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida à luz dos ensinamentos evangélicos . Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo.
Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu (dare cuique suum)”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele ‘suo’ que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais íntimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado à sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos à morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos -, mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o ‘suo’ que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de facto precisa de Deus. Nota Santo Agostinho: se ‘a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu […] não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus’.
O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: ‘Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos’. Para além da questão imediata relativo ao alimento, podemos entrever nas reacções dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem ‘de fora’, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingénua e míope. A injustiça, fruto do mal, não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. [...] o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, [...] substituíram à lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição; à lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza. Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?
O anúncio cristão responde positivamente à sede de justiça do homem [...]; o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor.
Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autêntica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça.”

nº 741 I 14 Fevereiro ‘10

sábado, 13 de fevereiro de 2010

COMENTÁRIO


Nestes últimos domingos o Evangelho de São Lucas tem-nos permitido conhecer mais de perto pessoa de Jesus: quem é e o que faz.
Jesus é uma pessoa que atrai multidões, ainda que tenha sido rejeitado na sua terra. As pessoas acorrem ao seu encontro, umas para serem curadas das suas enfermidades, outras para ouvir as suas pregações, aliás como já tinham feito com João Baptista. Sem dúvida Jesus era um bom orador. Deste modo podemos dar-nos conta da grandeza da sua humanidade e de como através d’Ele recebemos a plena manifestação de Deus. Enquanto Deus, Jesus é muito mais que qualquer humano, e, por isso nem sempre compreendemos o seu modo de agir. Esta grandeza faz com Jesus, quer para com os seus contemporâneos, quer os homens de hoje, seja um grande conhecedor das coisas de Deus mas também da realidade humana
As pessoas que seguiam Jesus e O escutavam esperavam que Ele transmitisse uma mensagem capaz de dar sentido às suas vidas. E, no Evangelho de hoje, Jesus diz-nos quais são as coisas que realmente valem a pena, para que cada um possa orientar a sua vida tendo em conta os valores que Ele nos apresenta. Jesus quer que tenhamos claro o que realmente necessitamos, para encontrar a verdadeira felicidade, que outra coisa não é que o Reino de Deus.
Para Jesus, felizes, ou bem-aventurados, são os pobres, os que passam fome, os que choram, os perseguidos; os que, não tendo onde agarrar-se, confiam só Em Deus. São bem-aventurados, na sua pobreza, porque conhecendo as suas limitações, podem lutar por superá-las.
Mas, pelo contrário, para Jesus os ricos, os que agora estão saciados, os que agora riem, e os que por todos são elogiados, são “desgraçados”, porque pensam que já encontraram a felicidade, quando na verdade lhe falta o mais importante que é a água viva, que é Cristo.
Temos que confessar que muitos cristãos estão longe deste estilo de vida proposto por Jesus. Nem sempre é fácil saber reconhecer os verdadeiros valores.
Não é verdade que hoje o nosso estilo de vida assemelha-se ao dos ricos, contentando-nos com os valores deste mundo, e pelos quais sentimos uma profunda avidez, quando nos esquecemos que os mesmos são efémeros, e que “tudo passa; só Deus basta”, como balbuciava Teresa de Jesus?

nº 741 I 14 Fevereiro ‘10

AVISOS

ADORAÇÃO DAS QUARENTAS HORAS
DOMINGO I 14
» 17h.30: Adoração das Quarenta Horas
SEGUNDA I 15
» 19h.30 - 21H.45: Adoração das Quarenta Horas
TERÇA I 16
» 19h.30 - 21H.45: Adoração das Quarenta Horas

QUARTA I 17
Quarta-feira de Cinzas.
» Início da Quaresma
» Nas missas desse dia, das 8h.00 e 18h.30 faremos a Imposição das Cinzas

SEXTA I 19
» Às 18h.00 haverá a devoção da Via Sacra

SÁBADO I 20
» Profissão Solene:
Na nossa Igreja Stella Maris, na Foz do Douro (Porto), vai fazer a sua Profissão Solene o nosso irmão Fr. João Rego do Menino Jesus, na Eucaristia das 12h.00.
Demos graças ao Senhor, pois em tempo de crise de vocações, vamos contar com mais um religioso.

nº 741 I 14 Fevereiro ‘10

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A IGREJA E OS DOENTES


Jesus sempre teve um especial carinho pelos doentes. Durante a sua Vida Pública sempre lhes dedicou uma especial atenção. Também a Igreja, no pontificado do Venerável João Paulo II achou por bem instituir o Dia Mundial do Doente, no dia 11 de Fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lurdes. Da mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial do Doente de 2010, aqui deixamos alguns excertos.

No dia 13 de Maio de 1992, o Papa João Paulo II instituiu o DIA MUNDIAL DO DOENTE, decretando que o mesmo fosse celebrado, anualmente, no dia 11 Fevereiro, comemoração de Nossa Senhora de Lurdes para que essa data fosse ‘um momento especial de oração e de partilha, de uma oferta de sofrimento’.
O dia da memória de Nossa Senhora de Lurdes foi escolhido porque nesse Santuário Mariano muitos peregrinos e visitantes confessaram terem sido curados das suas doenças por intercessão de Nossa Senhora.
Para esta celebração, como, aliás, para muitos outros eventos litúrgicos o Papa, costuma enviar à Igreja uma mensagem, como mais um vez o faz para este ano.
Em união com o Papa, e com todos os que sofrem, aqui deixamos alguns excertos da mesma:
“No próximo dia 11 de Fevereiro, memória litúrgica da Bem-Aventurada Virgem Maria de Lurdes, celebrar-se-á na Basílica do Vaticano, o XVIII Dia Mundial do Doente. A feliz coincidência com o 25º aniversário da instituição do Pontifíco Conselho para a Pastoral do Campo da Saúde constitui mais um motivo para dar graças a Deus do caminho até agora percorrido no sector da pastoral da saúde. Formulo votos de coração a fim de
que esta celebração seja ocasião para um impulso apostólico mais generoso ao serviço dos enfermos e de quantos se ocupam deles.
Efectivamente, com o anual Dia Mundial do Doente a Igreja tenciona sensibilizar profundamente a comunidade eclesial a respeito da importância do serviço pastoral no vasto mundo da saúde, serviço que faz parte integrante da sua missão, uma vez que se inscreve no sulco da mesma missão salvífica de Cristo. Ele, Médico divino, ‘passou de lugar em lugar, fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo Diabo’. O sofrimento humano tem sentido e é plenamente esclarecido no mistério da Sua paixão, morte e ressurreição.
Na Última Ceia, antes de voltar para o Pai, o Senhor Jesus inclinou-se para lavar os pés aos Apóstolos, antecipando o supremo acto de amor da Cruz. Com este gesto, convidou os seus discípulos a entrar na sua mesma lógica do amor que se entrega, especialmente aos mais pequeninos e aos necessitados. Seguindo o seu exemplo, cada cristão é chamado a reviver, em contextos diferentes e sempre novos, a parábola do bom Samaritano que, passando ao lado de um homem abandonado meio morto pelos salteadores na margem da estrada, ‘vendo-o, encheu-se de piedade’.
Aproximou-se, atou-lhe as feridas, deitando
nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele, e o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar’.
Na conclusão da parábola, Jesus diz: ‘Vai, e também tu faz do mesmo modo’. Ele dirige-se também a nós com estas palavras. Exorta-nos a inclinar-nos sobre as feridas do corpo e do espírito de muitos dos nossos irmãos e irmãs que encontramos pelas estradas do mundo; ajuda-nos a compreender que, com a graça de Deus acolhida e vivida na vida de cada dia, a experiência da enfermidade e do sofrimento pode tornar-se escola de esperança.
Já o Concílio Vaticano II evocava a importante tarefa da Igreja, de cuidar do sofrimento humano. Esta acção humanitária e espiritual da Comunidade eclesial para com os doentes e os sofredores, ao longo dos séculos, manifestou-se de múltiplas formas e em numerosas estruturas médicas, também de cariz institucional.
Neste Ano Sacerdotal, o meu pensamento dirige-se particularmente a vós, queridos sacerdotes, ‘ministros dos enfermos’, sinal e instrumento da compaixão de Cristo, que deve chegar a cada homem assinalado pelo sofrimento. Estimados presbíteros, convido-vos a não vos poupardes no gesto de lhes oferecer cuidado e conforto. Enfim, dirijo-me a vós prezados doentes, enquanto vos peço que rezeis e ofereçais os vossos sofrimentos pelos sacerdotes, a fim de que possam manter-se fiéis à sua vocação, e o seu ministério seja rico de frutos espirituais, em benefício da Igreja inteira.
Com estes sentimentos, imploro sobre os enfermos,benção materna de Maria.”

nº 740 I 07 Fevereiro ‘10

COMENTÁRIO

As coisas não tinham corrido lá muito bem em Nazaré. É verdade que todos tinham os olhos fixos em Jesus quando Ele se sentara para fazer o comentário, e se admiraram das palavras “cheias de graça” que saíam da sua boca, mas o caldo entornara-se quando Jesus os repreendera pela sua falta de fé! Pouco faltou que O matassem, quando queriam empurrá-l’O do alto da colina!
Mas Jesus não desanimou e voltou para a sua missão de anunciar a Boa Nova do Reino. Regressa para as margens do lago de Genesaré, ou Tiberíades, onde aliás iniciara a sua missão…
Mais uma vez a multidão se aglomera à sua volta para ouvir a Palavra de Deus. Não encontrando um palanque adequado, vendo duas barcas ancoradas nas margens do lago, Jesus subiu para uma dela, que era de um tal Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. E desde a barca, com todo o povo apinhado junto à margem, pôs-se a ensinar a multidão.
Após mais uma “missionação”, e num gesto de gratidão para com o dono da barca, que passara toda a noite na faina e nada pescara, Jesus convida Simão a fazer-se ao largo, e tendo obedecido, viu recompensada a sua disponibilidade para com o Mestre, com uma generosa pescaria.
Perante o que acontecera, Simão bem sabia, só podia ter acontecido um milagre, pelo que não admira que perante as suas fraquezas, se tenha dirigido ao Mestre, dizendo-lhe: “Senhor, afasta-te de mim, que sou um homem pecador”. Mas Jesus retorquiu-lhe: “Daqui em diante serás pescador de homens”.
Simão, a quem depois Jesus deu o cognome de Pedro, maravilhado com o Mestre, não tinha outra saída, e assumiu a missão de ser “pescador de homens”.
Também Jesus dirige o mesmo convite a cada um de nós. Seremos pescadores de homens na medida em que saibamos converter aqueles com quem, no dia a dia, lidamos, trazendo-os de novo à Igreja, mas também levando a mensagem do Evangelho àqueles, que apesar de viverem ao nosso lado, ainda não conhecem a mensagem libertadora do Evangelho.

nº 740 I 07 Fevereiro ‘10

AVISOS

QUARTA I 10
Santa Escolástica, virgem (MO)

QUINTA I 11
Nossa Senhora de Lurdes (MF)
» Dia Mundial do Doente

ADORAÇÃO DAS QUARENTAS HORAS
Em tempo de Carnaval, a Igreja, desde longa data convida os cristãos à Devoção das Quarenta Horas. Embora este costume se tenha perdido em muitos locais, em moldes diferentes, a nossa comunidade continua a viver essa devoção.
Desde já adiantamos o horário da mesma, para que se nos for possível possamos programar e dispensar alguns momentos a esta prática devocional:

SABADO I 13
» 17H.30: Adoração das Quarenta Horas

DOMINGO I 14
» 17h.30: Adoração das Quarenta Horas

SEGUNDA I 15
» 19h.30 - 21H.45: Adoração das Quarenta Horas

TERÇA I 16
» 19h.30 - 21H.45: Adoração das Quarenta Horas


nº 740 I 07 Fevereiro ‘10