sábado, 9 de abril de 2011

O SENHOR DA VIDA

Depois de se ter apresentado como a “água viva”,  quando dialogava com a Samaritana, e como a “luz do mundo” no relato da cura do cego de nascença, hoje, na narração da ressurreição de Lázaro, Jesus afirma ser a “Ressurreição e a Vida”. De facto Ele ressuscita o seu amigo Lázaro devolvendo-lhe a vida.
Também Ele nos quer resssucitar comunicando-nos a verdadeira Vida que brota de Deus, e que apaga todo o pecado que há em nós.  


O Quinto Domingo da Quaresma é popularmente conhecido como o “Domingo de Lázaro”, porque no mesmo se lia o trecho do Evangelho de São João que nos narra a ressurreição de Lázaro, aliás, como ainda acontece no Ciclo A. 

Há quinze dias, no Terceiro Domingo da Quaresma, o Evangelho apresentava-nos Jesus Cristo como aquele que é a fonte de água viva que brota em nós para nos dar a vida. O Evangelho do Domingo passado apresentava Jesus como aquele que é a luz que nos conduz para a vida. Hoje  vai mais além dos  símbolos (água ou luz) para nos apresentar a realidade simbolizada: a vida. 
Estes três trechos do Evangelho, o da Samaritana, do Cego de nascença e do da ressurreição de Lázaro eram os utilizados pela Igreja dos primeiros séculos para catequizar aqueles que se preparavam para receber o Baptismo na grande e jubilosa celebração da Vigília Pascal.
Esta catequese tem sentido porque o Baptismo outra coisa não é do que incorporar-se a Cristo, submergir-se na verdadeira Vida, em Deus, e simultaneamente trazer Deus à nossa vida!
O trecho do Evangelho que hoje nos serve de reflexão fala-nos de um tal Lázaro, que morava em Betânia, e que estava doente.
Era irmão de Maria e de Marta. Maria, também chamada de Magdala, tornara-se amiga de Jesus, pois um dia fora por Ele curada, e mais de uma vez Jesus se hospedou em sua casa, e dessas visitas, terá conhecido a sua irmã Marta, que se “atarefava” para bem O acolher, como se depreende do diálogo de Marta com Jesus, travado num desses encontros. Cremos que da amizade com as duas irmãs terá surgido a amizade com Lázaro.
Marta e Maria, perante a doença do irmão, enviam a notícia a Jesus, comunicando-Lhe: “Senhor, o teu amigo está doente”. Não sabemos se a intenção daquelas santas irmãs era unicamente informar Jesus do que estava a suceder, ou se pelo contrário esperavam  d’Ele algum milagre, como Maria, aliás, já experimentara.
Quando Jesus recebe a notícia, seria de esperar que imediatamente se pusesse a caminho em direcção a Betânia, para visitar o amigo doente. No entanto, demorou-se ainda dois dias no local onde se encontrava! 
Embora o texto possa levar a pensar que este retardamento de dois dias, por parte de Jesus na visita ao amigo doente, foi provocado, e intencional, para que Ele pudesse fazer um milagre ao amigo, tal não se pode aceitar, pois seria um atitude  sádica por parte do Mestre, e seria uma farsa o seu choro e a sua profunda comoção.
Jesus não correu logo ao encontro de Lázaro, e de suas irmãs, porque a sua vida corria uma grande risco, como bem o deixam entender as palavras dos discípulos: “Mestre, ainda há pouco tempo os judeus procuravam apedrejar-Te, e voltas para lá?”, mas isso não impede que Jesus tome a determinação de enfrentar todos os perigos que os seus inimigos tinham urdido, para que os discípulos compreendam que Ele é a “luz deste mundo”, e quem se deixar iluminar por ela não tropeça.
Quer Marta, quer Maria, quando se encontram com Jesus, dizem-lhe: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”; ambas confessam que Jesus é o Messias, e Jesus consola a tristeza de ambas, e recompensa a sua fé, ressuscitando o seu irmão Lázaro.
Com o gesto da ressurreição Jesus dá uma vida  nova ao seu amigo que tinha morrido. É um acontecimento que simboliza o que Jesus quer para cada um de nós; quer dar-nos mais Vida, uma Vida que triunfe, dia após dia, sobre tudo o que em nós há de morte, isto é,  sobre tudo o que em nós há de pecado, de ódio, de egoísmo, de mentira, de violência, de injustiça, etc.
Jesus convida-nos a rever, a renovar, a nossa maneira de viver a fé cristã, em tudo o que   fazemos, nas nossas relações com os demais, no nosso trabalho de cada dia, na  nossa responsabilidade activa na sociedade e na Igreja.
Jesus Cristo também nos quer “ressuscitar”, para nos comunicar uma nova Vida que se manifeste em tudo o que pensamos, desejamos, dizemos e fazemos!

Chama n.º 791 | 10 Abril ‘11

Sem comentários: