sábado, 28 de maio de 2011

CAMINHAR COM MARIA

Estamos prestes a encerrar o mês de Maio, o mês de Maria. Por feliz escolha da Congregação para a Liturgia  no último dia do mês, dia 31, celebramos a festa da Visitação de Nossa Senhora.
Como Maria se pôs a caminho, mal soube que Isabel estava para ser mãe, também nós devemos pôr-nos a caminho para ajudar os nossos irmãos que necessitam de nós.
Somos, enfim, convidados a caminhar como[o] Maria!

Estamos a chegar ao fim do mês de Maio, o mês de Maria que encerramos com a festa litúrgica da Visitação de Nossa Senhora.
Ainda Maria não estava refeita da Anunciação do Anjo, mal compreendera as palavras que o mesmo lhe dirigira, em que anunciava a sua maternidade, tão inesperada como inexplicável, pois ela “ não conhecia varão”, e ainda mais misteriosa, pois o filho que ela ia gerar “será chamado Filho do Altíssimo”! Mas, o Anjo não se ficara por aqui, talvez para lhe mostrar que a Deus nada é impossível, comunica-lhe que a sua parenta Isabel, que certamente a jovem Maria não conhecia, apesar de ser de avançada idade, também esperava um filho na sua idosa esterilidade.
Maria tinha razões mais que suficientes para cuidar de si mesma, para permanecer tranquila em Nazaré. Necessitava de tempo para assimilar a sua inesperada maternidade. Ninguém podia exigir-lhe que, depois do susto, não reservasse para si alguns momentos para meditar em tudo o que estava a acontecer.
No entanto, ela deixou a aldeia de Nazaré e, sem pensar duas vezes, “apressadamente” diz São Lucas, pôs-se a caminho em direcção a Ain Karim, a povoação da sua parenta Isabel. Não se tinha ainda recuperado do assombro causado pelo anúncio do Anjo e já estava 
pensando na maneira concreta de dar uma ajuda. Os 160 quilómetros que separam Nazaré de Ain Karim foram testemunhas dos passos decididos de uma jovem solidária.
Na sua humildade e simplicidade, entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. Não o fez fazendo-se a importante, queixando-se da quantidade de coisas que teve de deixar em Nazaré para a vir colocar-se ao serviço de Isabel, pondo uma cara de sofrimento, exigindo subtilmente o reconhecimento. Ela entrou saudando; isto é, oferecendo com as mãos cheias a graça e a paz. Transbordou tanta alegria que inclusive o menino que Isabel trazia no ventre se sentiu afectado por essas ondas misteriosas de entusiasmo.
E Maria, como resposta entoa o cântico dos humildes, o “Magnificat”: 
“A minha alma glorifica o Senhor, e o meu  espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para a sua humilde serva. De hoje em diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada porque o Senhor olhou para a humildade da sua serva.”
Temos também que aprender a caminhar com(o) Maria. Como ela, todos nós temos os nossos problemas. Talvez não sejam muito grandes, mas mais de uma vez ter-nos-ão servido de pretexto para nos desculparmos, para não complicarmos mais a nossa vida. 
Encontramos tantas razões para nos esquivarmos a ajudar o nosso próximo: Estamos cansados, por isso deixei-nos descansar um pouco mais… e por isso não participamos na Eucaristia dominical; o dinheiro não estica … e, então, recusamos a partilha; as forças vão-nos faltando… e não nos dispomos a visitar o idoso que vive sozinho ou a vizinha que está doente!
De facto vivemos num mundo caracterizado por um profundo egoísmo, onde cada um procura olhar para o seu “umbigo”. Encontramos mil e uma desculpas para cruzarmos os braços, pois, embora, conscientes de que as pessoas que estão ao nosso lado têm tantas dificuldades, sempre encontramos uma justificação: “E, quem é que vai resolver os meus problemas?”.
Olhar para Maria é aprender como Ela a fazer a vontade do Pai; é saber dizer “sim”, mesmo quando o que nos é pedido ultrapasse a nossa inteligência e o nosso entendimento! Mas é também saber estar atento às necessidades dos nossos irmãos. 
Na anunciação Ela teve presente todos os homens, que desde Adão e Eva, estavam privados do paraíso. Na Visitação Ela olha individualmente para cada ser, e vai ao seu encontro, colocando-se ao seu dispor naquilo que ele necessitar.
O gesto de Maria, na visita à sua prima Isabel, não é um acto solitário, pois toda a sua vida Ela estará ao lado dos homens como o fez em Caná ou junto à Cruz de Jesus!
Caminhar com Maria é aproximar-se de Deus, é viver o Evangelho na alegria, mas a união com Deus não nos deve impedir de olhar para o nosso próximo e de estender a mão  a todo o necessitado mesmo que na sua vergonha não o manifeste! 

Chama n.º 798 | 29 Maio ‘11

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