sábado, 7 de maio de 2011

DA CORTE PARA O CONVENTO

Celebramos no próximo dia 12 a Solenidade de Santa Joana Princesa, Padroeira da diocese e cidade de Aveiro. Embora tenha vivido há mais de cinco séculos, nem por isso deixa de ter uma mensagem para os homens de hoje, que poderíamos resumir na renúncia às riquezas e  honras deste mundo, na reafirmação da vida consagrada e na sua opção pelos mais pobres! 

Celebramos no próximo dia 12, Quinta-feira, a Solenidade de Santa Joana Princesa, Padroeira da diocese e cidade de Aveiro. Como todos os Santos, também Santa Joana é filha do seu tempo, e, embora tenha vivido há mais de cinco séculos, nem por isso deixa de ter uma mensagem para os homens de hoje, que poderíamos resumir na renúncia às riquezas e  honras deste mundo, na reafirmação da vida consagrada e na sua opção pelos mais pobres!
Santa Joana nasceu em Lisboa no dia 6 de Fevereiro de 1452, sendo filha do rei D. Afonso V e da sua primeira mulher, D. Isabel.
O seu nascimento causou o maior entusiasmo e alegria na corte, pois era a primogénita, sendo por isso, ainda no berço jurada em cortes por princesa herdeira do reino, título que pela primeira vez se aplicava em Portugal. Até então só os varões poderiam ser jurados príncipes, sendo esta lei  alterada, segundo se crê, por influência  D. Filipa de Lencastre.
Desde muito nova mostrou uma inclinação pela vida religiosa, talvez devido à educação que a sua mãe lhe transmitiu. 
Tinha apenas quinze anos quando faleceu a sua mãe. D. Afonso V entregue-lhe o governo da casa com a mesma grandeza e fausto de outrora, com o respectivo mordomo. Mas a princesa continuou a sua vida  de piedade, sendo admirada por todos pelas suas elevadas virtudes, e pela forma e decoro como aliava à sua vida pessoal os rigores de uma grande austeridade, porque em público parecia uma “princesa”, mas  sob as nobres vestes ocultava a estamenha grosseira, o cilício e outros instrumentos de penitência. Participava nas festas e nas danças com o semblante alegre, mas não perdia um só momento para se entregar com humildade ao jejum, à oração, e sobretudo às muitas esmolas que repartia com largueza, e por sua própria mão, aos pobres. Tinha uma grande devoção à paixão do Senhor, escolhendo como brasão uma coroa de espinhos, mandando-a pintar em todas as salas do seu paço, e fazendo-a gravar em toda a sua baixela, e esmaltar em todas as suas jóias. 
Alguns príncipes pretenderam contrair casamneto com a Princesa, porém ela a todos se negou, porque o seu maior desejo era desposar-se com Cristo.  
Em 1471, quando D. Afonso V regressou da campanha de África, tendo conquistado  Arzila e Tanger, Joana tomou a decisão de cortar com tudo que se opusesse à sua vocação, e de tomar o hábito de religiosa. Esperou o pai, vestida com as melhores roupas, e adornada com as jóias mais belas, beijou-lhe reverentemente a mão, pedindo-lhe que o Rei, seu pai, lhe concedesse,em acto agradecimento a Deus, que lhe permitisse a sua consagração na vida claustral. Embora, contrariado, o D. Afonso V acedeu à vontade de sua filha querida.
Ingressou então no mosteiro de Odivelas, onde já se encontrava a sua tia de D. Filipa de Lencastre, mas desejando abraçar uma vida mais austera e observante, resolveu recolher-se no convento de Jesus, da ordem dominicana na nossa cidade de Aveiro. Entrou solenemente no referido convento a 3 de Agosto de 1472. Passados dois anos e meio após a sua entrada, a 25 de Janeiro de 1475, vestiu o hábito com todas as cerimónias da religião, com a intenção de fazer a sua Profissão.
Esta opção da princesa não foi do agrado de D. Afonso V e de seu filho, o príncipe D. João, que se opuseram energicamente,aliás como os Pares do Reino, pois da decisão da princesa, poderia surgir uma crise política, caso viesse a falecer o Príncipe, pois não haveria sucessor à Coroa.
É verdade que não pode professar, pois uma junta de teólogos (certamente a pedido do Rei) decidiu que Joana em consciência tinha de abandonar tal pretensão, mas ela, impedida de realizar o seu desejo mais profundo, contentou-se em continuar no convento  de Jesus como secular.
Após a morte do pai, e tendo subido ao trono o seu irmão, D. João II, vez voto solene de castidade em 25 de Novembro de 1481, continuando com os rigores conventuais até à sua morte, em 12 de Maio de 1490.
Desde então o povo começou a venerá-la como Santa, tendo sido beatificada a 4 de Abril de 1693, por Inocêncio XII. O Papa Paulo VI proclamou-a Padroeira Principal da Diocese de Aveiro, pelo Breve Sanctitatis Flos de 5 de Janeiro de 1965.

Chama n.º 795 | 08 MAIO ‘11

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