sábado, 1 de dezembro de 2007

A.D.V.E.N.T.O.

A.no novo
Com o Advento inicia-se o ano litúrgico, ou cristão. São, assim, distintos, os calendários que regulam a nossa vida: há o calendário civil, que começa em Janeiro; há o calendário escolar, que começo em Setembro. Começa também em Setembro o calendário político e, de certo modo, o calendário laboral, terminadas as férias de Verão.
Agora, em Dezembro, iniciamos um novo calendário litúrgico. Este ano compreende também doze meses, no entanto não está dividido em quatro estações, mas em tempos de diferente duração. Neste calendário não manda o clima, nem se divide em solstícios e equinócios.
No ano litúrgico manda a história das relações de Deus com os homens. O seu auge é a Páscoa ou o Tríduo Pascal com a celebração da morte e ressurreição do Senhor. Outro grande momento é o Natal, em que Deus, depois de Se fazer anunciar, monta a sua tenda entre nós. Finalmente, como coroação da Páscoa, aparece a grande festa de Pentecostes como dom de Deus para a Igreja de todos os tempos.

D.escida
O Advento é um tempo de preparação para a grande festa do Natal. Natal é descida, despojamento, esvaziamento. Desde a origem a Igreja sempre viu que o Filho de Deus ao incarnar‑se no seio de Maria aceitou os condicionamentos da natureza humana ferida pelo pecado. O nascimento de Jesus é uma abaixamento da glória, que tanto desce que será morto na Cruz.

V.ida
Deus não é um ser inerte, mas activo, quer na sua acção criadora e conservadora de quanto existe fora dele, quer na sua vida íntima.
Ao expressar o conhecimento que tem de si mesmo, é como Pai que gera o Filho; e ambos se identificam no amor pessoal do Espírito Santo. Num excesso de amor gratuito, quis alargar a comunhão da vida trinitária a seres espirituais distintos de si, criando, por um lado, os anjos e, por outro, o homem feito à sua imagem e semelhança, elevando-o à condição de filho adoptivo. Esta nossa condição permite, com a luz da graça, chegar ao conhecimento da vida íntima de Deus e de nela participar.

E.sperança
O Antigo Testamento viveu a esperança como o cumprimento das promessas do Deus da Aliança nesta vida; a instalação na Terra Prometida.
No Novo Testamento a esperança é focada sobretudo nas Cartas de S. Paulo.
Salvos na Esperança (Romanos 8,24) é a segunda Carta Encíclica de Bento XVI dada oportunamente à Igreja no início deste Advento, para nos recordar que a grande escola da esperança é a oração.

N.ascimento
O Natal que nos aprestamos para celebrar é o natal ou nascimento de Jesus. Trata-se da vinda ao mundo e aparecimento entre os homens do Verbo Divino incarnado para salvação de todos. Rigorosamente, o momento da entrada do Filho de Deus na história dos homens deu-se com o SIM dito pela Virgem Maria aquando da Anunciação, que a Igreja celebra a 25 de Março, nove meses antes do Natal
Segundo S. Lucas, o nascimento de Jesus aconteceu em Belém de Judá, a terra do rei David, de cuja linhagem era José, o esposo de Maria. O nascimento terá ocorrido no ano 6 ou 7 a.C.
Depois da Páscoa, que celebra o mistério da Redenção, o maior dia festivo do Ano Litúrgico é o Natal. A sua celebração é preparada pelo tempo do Advento, polarizado pela figuras bíblicas de Isaías, João Baptista e Virgem Maria.

T.abernáculo
Tabernáculo era o nome dado à tenda da Aliança ou da revelação, verdadeiro santuário de Israel durante a caminhada no deserto, na qual Jahvé se manifestava a Moisés. Constava do Santo, lugar onde se encontrava a mesa com os pães da propiciação, e do Santo dos Santos, onde se encontrava a Arca da Aliança.
Na liturgia católica significa o sacrário, que muitas vezes é construído sob a forma de tenda.
Espiritualmente, afirmamos que o seio virginal de Maria foi o tabernáculo mais puro onde repousou Jesus, Pão de vida.

Ó., Nossa Senhora do
Nossa Senhora do Ó é o título dado a Maria no mistério da Expectação, a que correspondia a mais antiga festa de Nossa Senhora celebrada na Península Ibérica, desde o séc. VII até à reforma do calendário litúrgico de 1960.
O “Ó” do título vem das antífonas de Vésperas e da aclamação do Evangelho das missas de 17 a 24 de Dezembro, todas elas ainda hoje começadas por este apelo à vinda do Salvador.
A Virgem grávida, esperando o natal de Jesus, é o melhor modelo de vivência do Advento.

(As entradas deste texto inspiram-se em grande parte na Enciclopédia Católica de D. Manuel Franco Falcão.)


(Chama 649, 2 de Dezembro de 2007)

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