sábado, 8 de dezembro de 2007

Comungou o mistério de Cristo

No seu poema Romances sobre o Evangelho de São João, chave bíblica de toda a sua doutrina na perspectiva da história da salvação, a Virgem Maria aparece em esplendorosa comunhão com a Santíssima Trindade, no seu privilégio e missão de ser Mãe do Verbo Incarnado, na aceitação e consentimento da obra da salvação. São João da Cruz vê-a como testemunha do mistério, como «Mãe graciosa» que leva nos seus braços a Deus; ela é a Esposa-Igreja e é a Humanidade em quem se consumaram os desposórios de Deus com a homem: «abraçado à sua esposa, que nos seus braços trazia».
O cume desta comunhão vê-a Frei João alcançada na Cruz, onde a Virgem participa na dor do Redentor. Ela é a Imaculada; ainda que viva isenta de pecado ela sofre porque sempre viveu associada — e agora também — à acção do Salvador. Junto da Cruz a Mãe sofre, não por ter sido pecadora nem por precisar de ser purificada, mas em comunhão com a acção salvadora de Cristo.
(Chama 650, 9 de Dezembro de 2007)

Sem comentários: