sábado, 29 de dezembro de 2007

(Olhar) A Sagrada Família de Nazaré (i)


Era família pobre mas não resignada
A família de Jesus era pobre, mas pobre mesmo. E naquele tempo não havia sequer o Rendimento de Inserção Social. Eram todos os seus membros devotados ao trabalho, pois nenhuma ajuda se poderia desprezar. José, talvez carpinteiro, talvez homem dos sete ofícios, fazia de tudo um pouco. Não me espantaria que soubesse fazer um arado de madeira e uma barca de pesca. Consertaria com igual facilidade uma cadeira ou um muro. As mãos eram pesadas e calejadas e os instrumentos muito primitivos. Mas em todas as milhas em redor não havia outras igual para afagar a cabeça de Jesus e ensiná-l’O a trabalhar, como Maria e o Pai Eterno bem testemunhavam.
Maria, ali bem perto da oficina, dedicava-se à casa. Era um regalo de música quase divina ouvir os seus dois homens a palrar as melhores soluções para o trabalho do momento. Era modesta nos arranjos da sua casa, onde nunca faltava água fresca que ia buscar, à cabeça, à fonte — a Fonte da Virgem como ainda hoje é conhecida em Nazaré. Jamais recriminou José por gastar água em demasia para lavar as mãos sujas do trabalho.
Nas suas mãos dançavam agilmente o fuso e a roca, e a cozinha não tinha segredos para si. Tão‑pouco os alimentos eram muito variados em sua casa...
José suava como os outros trabalhadores. Nalguma pausa do trabalho surpreendia-se a olhar para a mulher, e via-a serena e calma a rezar tal como no dia em que o Anjo a saudou.
Jesus saía aos dois. Em menino ajudou a Mãe em casa; depois, já mais crescidinho, ajudou o pai na oficina. Foi buscar água, trincou os dedos e carregou madeiras. A sua arte era mesmo a de aliviar os pais do peso do trabalho e contribuir para a casa.

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