quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A LEI DO AMOR

Para o cristão a LEI DO AMOR não é só um mandamento, mas deve ser a razão de todo o seu ser, de toda a sua vida.

O trecho do Evangelho que hoje a Liturgia nos oferece é demasiado conhecido e parece simples, no entanto, e à luz que nos oferece a leitura do Êxodo, podemos descobrir a força sempre actual e difícil que conleva em si a Lei do Amor.
Talvez deveríamos agradecer àqueles fariseus, por terem dado a Jesus a oportunidade de condensar de uma maneira tão simples todo o seu projecto de vida.
Um doutor da Lei aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?", ou seja qual o caminho que deveria percorrer para alcançar a vida eterna.
Também nós hoje, entre tantas direcções em que se movem os nossos interesses, nos deveríamos perguntar o que é verdadeiramente importante, e Jesus dar-nos-á a mesma resposta: amar a Deus é o primeiro mandamento e o segundo, igual ao primeiro, é o amor ao próximo.
O amor a Deus é o primeiro mandamento de todos, que se formula biblicamente como "não terás outro deus além de Mim": um mandamento que segue sendo o mais radical de todos, contra os ídolos de antes y os de agora. Amar a Deus não é só o não blasfemar,
ou o santificar as "festas", é pôr o projecto de vida como uma prioridade absoluta nos nossos programas e na nossa mentalidade, é escutar a sua Palavra, encontrarmo-nos com Ele na oração, amar o que Ele amou!

Amar a Deus é colocá-lo por cima de qualquer outro valor (também como razão de ser do mesmo amor ao próximo, que para muitos parece ser mais prioritário, mas que Cristo põe como consequência do primeiro, o amor a Deus).
Contudo,Jesus, comparando o segundo mandamento ao primeiro, situa-os ao mesmo nível: amar a Deus, "obriga-nos" a amar o próximo como a nós mesmos, como consequência e semelhança do amor a Dios.
As questões sociais, hoje tão badaladas, são já muito antigas, como nos recorda o livro do Êxodo, de tal forma que os exemplos elencados na primeira leitura continuam a ser actuais: o desamparo das viúvas e dos orfãos, o aproveitar-se dos forasteiros (imigrantes, turistas, etc.) ou dos pobres. A ameça de Deus é dura: "se os explorais e eles gritam por Mim, Eu os escutarei", "porque sou compassivo".
Jesus une as duas direcções do amor, nada serve amar a Deus (ou dizer que se ama a Deus), e descurar o amor horizontal, sobretudo o amor dos mais pobres. Hoje, mais do que nunca, podemos enumerar os mais necessitados da sociedade, aqueles que todos marginalizam para se aproveitarem
deles e das suas debilidades, umas vezes no campo económico, outras no âmbito cultural, mas alguns pagam sempre a factura da ambição e usura de outros.
Também não podemos esquecer a dignidade da pessoa humana, que tantas vezes é humilhada, quer por motivos sociais, raciais, ideológicos ou religiosos, pois Deus assume como próprias essas humilhações.
Nos tempos que correm, muitos são os movimentos e instituições, ou mesmo partidos políticos, especialmente em períodos eleitorais, que se propõem estar ao lado dos mais carenciados e dos mais pobres, mas o discípulo de Cristo não o pode fazer por puro altruismo, e muito menos por interesses pessoais, mas sim como consequência do amor de Deus e do amor a Deus.
Muitos são os momentos em que podemos observar a LEI DO AMOR: na família, na comunidade eclesial, na sociedade, na escola, no trabalho.
Mil vezes ao dia temos ocsião de nos interrogar e de nos examinarmos: amamos verdadeiramente a Deus e ao nosso próximo? Quem nos pode dar a melhor resposta é Cristo: basta recordar como obedeceu, amando, a Deus, seu Pai, e como lidou com os demais, especialmente com os deserdados do Reino!
Para o cristão a LEI DO AMOR não é só um mandamento, mas deve ser a razão de todo o seu ser, de toda a sua vida. À tarde seremos examinados no amor, como dizia São João da Cruz.

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