sábado, 23 de janeiro de 2010

COMENTÁRIO


São Lucas, na linha da historiografia grega, é o único evangelista que procura dar razão dos seus escritos. Começa o seu Evangelho, com um prólogo, recordando que já outros, aqueles que foram testemunhas oculares do ministério de Jesus, o tinham feito, mas ele propõe-se fazê-lo, depois de ter investigado cuidadosamente tudo desde as origens, para que aqueles a quem foi anunciado a Boa Nova tenham conhecimento seguro daquilo que lhes foi ensinado.
A obra é dirigida a Teófilo. Tanto pode ser uma pessoa proeminente da primitiva comunidade, como pode ser a comunidade dos crentes, ou seja dos que amam a Deus, pois Teófilo quer dizer “amigo de Deus”.
Assim tem maior credibilidade a atitude que Jesus toma na Sinagoga, que nos oferece o trecho do Evangelho deste Domingo.
Era um Sábado, e Jesus, como tantas vezes fizera, vai à Sinagoga. No entanto, a sua fama estava em crescendo, pelo que não admira que, em Nazaré, terra onde tinha crescido, todos os que se dirigiram para o Culto, talvez em maior número que o habitual, tivessem grandes expectativas… E, não se sentiram defraudados, pois, o filho do Carpinteiro, levantara-se para fazer a leitura (geralmente era da Lei ou dos Profetas), a que se seguiria uma explicação ou homília.
Depois de ter lido o trecho do livro de Isaías que reza: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres; Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos e a proclamar o ano da graça do Senhor”.
Quando terminou, todos tinham os olhos postos em Jesus, esperando escutar o que sairia da sua boca, e O filho do Carpinteiro, inicia a sua pregação dizendo: “Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir”.
Neste contexto, estas palavras adquirem um duplo significado: Jesus é o ungido pelo Espírito para proclamar a Boa Nova, sendo os destinatários os pobres, os cativos, os cegos e os oprimidos.

nº 738 I 24 Janeiro ‘10

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