sábado, 23 de janeiro de 2010

“UNITATIS REDINTEGRATIO”


A unidade dos cristãos é um dos tema que tem solicitado a Igreja, pelo que o mesmo foi reflectido no Concílio Vaticano II, e fruto dessa reflexão e estudo o Concílio deixou-nos o Decreto sobre o Ecumenismo, documento que em latim leva o nome de “Unitatis Redintegratio”. Deste documento conciliar transcrevemos alguns parágrafos:

Desde os primórdios do nascimento da Igreja, e porque a mesma é formada por homens, que no seu seio se criaram dissensões, como já nos recorda o livro dos Actos dos Apóstolos, como por exemplo o problema que levou à instituição dos Diáconos, ou as discussões entre Paulo e Pedro acerca do acolhimento ao não dos gentios no seio da Igreja, e, também, São Paulo, tantas vezes se lamenta das divisões que surgem nas suas comunidades, sendo por vezes duro em relação à sua querida comunidade de Corinto.
É verdade que quando há boa vontade e diálogo, os problemas podem ser ultrapassados, mas infelizmente nem sempre assim acontece, como bem sabemos. O mesmo aconteceu na Igreja de Cristo. Ao longo dos seus vinte séculos foi-se fragmentando e dividindo, contrariando a vontade do Mestre, como ele bem expressou na “Oração Sacerdotal”.
Porque o “Espírito sopra quando quer e onde quer”, em 1820 o Rev. James Haldane Stewart, da igreja Escocesa, publicou “Conselhos para a união geral dos cristãos com vista a uma efusão do Espírito”, e algumas décadas depois o Papa Leão XIII, em em 1894, começa a exortar, e a animar, a prática do Oitavário de Oração pela Unidade, no contexto do Pentecostes.
Mas foi em 1908 que Paul Watson propôs a
Semana de Oração Pela Unidade dos Cristãos entre os dias 18 e 25 de Janeiro, dias, então, dedicados respectivamente a estes dois apóstolos. E desde então várias confissões
cristãs se têm unido nesta celebração pelo que este ano celebramos o 102º “Oitavário de Orações pela Unidade dos Cristãos”.
A unidade dos cristãos é um dos tema que tem solicitado a Igreja, pelo que o mesmo foi reflectido no Concílio Vaticano II, e fruto dessa reflexão e estudo o Concílio deixou-nos o Decreto sobre o Ecumenismo, documento que em latim leva o nome de “Unitatis Redintegratio”. Deste documento conciliar transcrevemos alguns elucidativos parágrafos:
“Promover a restauração da unidade entre todos os cristãos é um dos principais propósitos do sagrado Concílio Ecuménico Vaticano II. Pois Cristo Senhor fundou uma só e única Igreja. Todavia, são numerosas as Comunhões cristãs que se apresentam aos homens como a verdadeira herança de Jesus Cristo. Todos, na verdade, se professam discípulos do Senhor, mas têm pareceres diversos e caminham por rumos diferentes, como se o próprio Cristo estivesse dividido. Esta divisão, porém, contradiz abertamente a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho a toda a criatura.
Antes de se imolar no altar da cruz como hóstia imaculada, rogou ao Pai pelos que crêem, dizendo: ‘Para que todos sejam um, como tu, Pai, em mim e eu em ti; para que sejam um em nós, a fim de que o mundo creia que tu me
enviaste’.
Na sua Igreja instituiu o admirável sacramento da Eucaristia, pelo qual é tanto significada como realizada a unidade da Igreja.
Suspenso na cruz e glorificado, o Senhor Jesus derramou o Espírito prometido. Por Ele chamou e congregou na unidade da fé, esperança e caridade o Povo da nova Aliança, que é a Igreja, como atesta o Apóstolo: ‘Há um só corpo e um só espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação. Há um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo’
Nesta una e única Igreja de Deus já desde os primórdios surgiram algumas cisões […] Aqueles, porém, que agora nascem em tais comunidades e são instruídos na fé de Cristo, não podem ser acusados do pecado da separação, e a Igreja católica os abraça com fraterna reverência e amor. Pois que crêem em Cristo e foram devidamente baptizados, estão numa certa comunhão, embora não perfeita, com a Igreja Católica. De facto, as discrepâncias que de vários modos existem entre eles e a Igreja católica [...] criam não poucos obstáculos, por vezes muito graves, à plena comunhão eclesiástica. O movimento ecuménico visa a superar estes obstáculos. No entanto, justificados no Baptismo pela fé, são incorporados a Cristo, e, por isso, com direito se honram com o nome de cristãos e justamente são reconhecidos pelos filhos da Igreja Católica como irmãos no Senhor.
Por isso, as Igrejas e Comunidades separadas, embora creiamos que tenham defeitos, [...] o Espírito de Cristo não recusa servir-se delas como de meios de salvação...
Em muitas partes do mundo, mediante o sopro da graça do Espírito Santo, empreendem-se, pela oração, pela palavra e pela acção, muitas tentativas de aproximação daquela plenitude de unidade que Jesus Cristo quis. O Concilio, exorta todos os fiéis a que, onde for possível, se reunam em oração unânime, [para] levar por diante o trabalho de renovação e de reforma.”

nº 738 I 24 Janeiro ‘10

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