sábado, 16 de janeiro de 2010

DOIS APÓSTOLOS DO MENINO JESUS DE PRAGA


De acordo com a tradição do Carmo Descalço, celebramos neste segundo Domingo do Tempo Comum a Festividade do Menino Jesus de Praga. Surgiu esta devoção no Santuário de Santa Maria da Vitória, dos Carmelitas Descalços, na Cidade de Praga. No entanto, não devemos esquecer dois grandes apóstolos desta devoção: o Pe. Cirilo da Mãe de Deus e a Venerável Margarida do Santíssimo Sacramento.

Segundo uma tradição do Carmo Descalço o 2º Domingo do Tempo comum é dedicado ao Menino Jesus de Praga. Esta invocação do Menino Jesus deve-se ao facto da mesma ter surgido na cidade de Praga, actual capital da República Checa, concretamente no santuário de Nossa Senhora das Vitórias, primeiro templo barroco da cidade, erigido de 1613 a 1644, pertença dos Carmelitas Descalços.
Tudo começou no século XVII, no primeiro período da sangrenta Guerra dos Trinta Anos, quando o Geral dos Carmelitas Descalços, o Venerável Frei Domingos de Jesus Maria, tinha sido enviado para o Império Austríaco para animar os exércitos católicos nas lutas do imperador alemão contra o príncipe eleitor do Palatinado, o calvinista Frederico. Em sinal de gratidão, em 1624 o Imperador Fernando II chamou os carmelitas para Praga, então capital do Sacro Império Romano Germânico, e ofereceu-lhes a igreja rebaptizada com o nome de Santa Maria da Vitória, pela ajuda concedida pela Mãe de Deus ao exército católico naquela batalha.
No ano de 1628, Frei João Luís da Assunção, então Prior dos Carmelitas Descalços da cidade, comunicou aos seus religiosos que tinha sentido uma força interior no sentido
de que venerassem de um modo especial o
Deus-Menino, para que Ele protegesse a
comunidade, e a fim de que os noviços aprendessem com Ele a ser pequeninos para entrarem no reino dos Céus.
Quase simultaneamente a Providência inspirou a Princesa Polyxene de Lobkowicz, que entretanto enviuvara, a oferecer ao convento carmelita uma imagem de cera do Menino Jesus, que possuía. A imagem representava Jesus, de pé, vestindo trajes reais, com o Globo na mão esquerda e a direita em atitude de abençoar. Essa imagem era uma querida recordação de família, pois a sua mãe, D. Maria Manrique de Lara, a recebera como presente de núpcias quando se casou com Vratislav de Pernstein, e a dera à filha também como prenda de casamento.
Ao desfazer-se da imagem a Princesa Polyxene disse ao Prior: “Eu vos ofereço, querido padre, o que mais quero no mundo. Honrai este Menino Jesus e assegurai-vos de que, enquanto O venerardes, nada vos faltará”.
O Pe. Frei João Luís agradeceu o presente, que vinha tão milagrosamente ao encontro do seu desejo, e ordenou que a imagem fosse colocada no altar do oratório do noviciado. Ali os carmelitas se reuniriam todos os dias para louvar o Divino Infante e encomendar-Lhe as suas necessidades.
No entanto, a devoção ao Divino Menino Jesus de Praga tem dois grandes apóstolos. O Frei Cirilo da Mãe de Deus e a venerável Margarida do Santíssimo Sacramento
O Frei Cirilo da Mãe de Deus, era religioso dos carmelitas da antiga observância, mas abraçara a reforma de Santa Teresa. Porém, no convento, em vez de encontrar a paz que tanto esperava, sentia-se como um réprobo, sofrendo as penas do inferno. Nada o consolava ou apaziguava.
O prior, notando-o triste e abatido, perguntou-lhe o que estava a acontecer. Frei Cirilo abriu-lhe o coração, contando todas as suas penas. “Uma vez que o Natal se aproxima - disse-lhe o Prior - por que não se põe aos pés do Santo Menino e lhe confia todas as suas penas? Verá como Ele o ajudará”.
Obedecendo, Frei Cirilo dirigiu-se à imagem do Menino Jesus: “Querido Menino, olhai para as minhas lágrimas! Estou a vossos pés, tende piedade de mim!” No mesmo instante, sentiu como que um raio de luz penetrar na sua alma, fazendo desaparecer todas as angústias, dúvidas e sofrimentos.
Comovido e sumamente agradecido, Frei Cirilo tornou-se um verdadeiro apóstolo do Divino Infante.
À venerável Margarida do Santíssimo Sacramento (1619-1648), Carmelita Descalça do Convento de Beaune, em França, coube a missão de incrementar a devoção ao Menino. Esta religiosa falecida com apenas 29 anos, entrara no convento, como pensionista, com apenas 11 anos. Entretanto, recebera a especial missão de propagar a devoção à divina infância de Jesus, que lhe revelara: “Eu te escolhi para honrar e tornar visível em ti a minha infância e a minha inocência, quando eu jazia no presépio”. A ela se deve a devoção dos dias 25 e da Coroinha do Menino Jesus de Praga.

nº 737 I 17 Janeiro ‘10

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