sábado, 27 de novembro de 2010

COMENTÁRIO

Quando falamos do tempo de Advento, para quem está minimamente familiarizado com a Liturgia, logo o relacionamos com o Natal. No entanto, ao lermos o Evangelho deste Domingo, podemos sentir-nos um pouco decepcionados, já que o mesmo não nos fala do nascimento de Jesus, mas sim do fim do mundo, numa linguagem aterradora e catastrófica.
Também aqui temos uma ocasião de nos catequizarmos, já que a liturgia do tempo de Advento nos oferece dois períodos nitidamente distintos. De facto a primeira parte do Advento, que decorre até ao dia 16 de Dezembro, fala-nos do “Natal” do Senhor que ainda há-de acontecer, ou seja da “vinda do Filho Homem”, do segundo “nascimento” de Cristo. Por sua vez os textos litúrgicos a partir  do dia 17 de Dezembro, preparam-nos para celebrar festivamente aquele acontecimento histórico que teve lugar há mais de dois mil anos na pequena cidade de Belém. O Cristão deve ter os olhos postos no futuro, mas sempre iluminado pelos acontecimentos salvíficos que tiveram lugar no passado.   
No trecho do Evangelho de Mateus, deste Domingo, Jesus compara a vinda do Filho do Homem ao que aconteceu aquando do dilúvio. Porém a vinda do Filho do Homem não será um dilúvio devastador, mas sim uma chuva suave e fecunda. O que acontece é que chega sem avisar, e as pessoas não estão preparadas nem se dão conta. Aliás, os grandes acontecimentos não se anunciam ao som de trombetas, nem de foguetes. O ladrão não costuma avisar, bem como a morte, as mudanças culturais, ou mudanças religiosas. Acontecem sem nos darmos conta!
Os homens, como nos tempos de Noé, comem, bebem, casam-se, trabalham, divertem-se, mas sentem-se insatisfeitos e vazios, contudo, não se dão conta de nada.
O Cristão corre o risco de se deixar seduzir por estas ondas, o que muitas vezes já acontece! Por isso devemos estar vigilantes para  acolher o Senhor que virá quando menos esperamos.

Chama n.º 772 | 28 Novembro ‘10

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