sábado, 23 de outubro de 2010

COMENTÁRIO

Desde há vários domingos temos vindo a ler textos exclusivos de Lucas, ou seja textos que não se encontram nos demais evangelistas. Alguns desses textos apresentam um denominador comum: a atitude positiva de pessoas social e religiosamente marginalizadas e excluídas, sendo a sua presença uma constante no terceiro evangelho.
Hoje São Lucas oferece-nos a parábola do fariseu e do publicano. É verdade que estas personagens pertencem ao passado, mas devemos lembrar que Lucas não escrevia olhando somente para trás mas também projectando os seus escritos no futuro.
Na linha do que nos últimos domingos nos tem sido transmitido, mais uma vez Jesus aflora o tema da oração. Há dois domingos apresentava-nos a oração dos leprosos, que suplicavam a “piedade do Senhor” e a oração de acção de graças do samaritano que fora curado; no passado Domingo exortava-nos a ser perseverantes como o fora a aquela viúva que pedia justiça, e hoje fala-nos da “qualidade” da oração.
Assim apresenta-nos dois homens que se dirigem ao Templo para orar. Um era fariseu, e enquanto tal, a “oração” fazia parte do seu quotidiano; o outro era um publicano, um homem”perdido”, que certamente estava muito arredado da “oração”, e talvez porque momentos antes tenha cometido uma grande injustiça, também sente necessidade de pedir perdão a Deus. 
Ambos entram no Templo; o fariseu, como se sentia um “observante” amigo de Deus, aproxima-se do altar e começar a fazer uma “oração de acção de graças”, enquanto o publicano, possivelmente, porque se sentia indigno, ficou a distância, e começou a fazer, o seu “acto penitencial”, batendo, fortemente no peito, pedindo a “compaixão” do Senhor!
À primeira vista cremos que nada temos a censurar à oração de cada um deles. Ambos rezaram, como, aliás, era costume então. No entanto, parece-nos que o fariseu, que até era um homem cumpridor, “pecou”, porque ousou comparar as suas “virtudes” com os defeitos do publicano.
Hoje corremos o perigo de nos assemelharmos ao fariseu, pois muitas vezes rezamos, não para louvar o Senhor, mas para colher os louros, que pensamos merecer pelas boas obras que vamos praticando!

Chama n.º 767 | 24 Outubro ‘10

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