sexta-feira, 29 de outubro de 2010

SANTOS E “PECADORES”

Em vésperas da Solenidade de Todos os Santos e da Comemoração dos Fiéis Defuntos, duas datas tão queridas dos cristãos, embora a primeitra tão desvirtuada, aproveitamos para recordar os ensinamentos do Catecismo da Igrejai Católica, acerca da Comunhão dos Santos e do Purgatório. 


Estamos a chegar ao mês de Novembro, conhecido como o mês dos Santos ou como o mês das Almas. Tal denominação advém do facto de no primeiro dia do mês a Igreja celebrar a Solenidade de Todos os Santos e no dia 2 de Novembro a Comemoração de todos os Fiéis Defuntos, para além da Igreja exortar os cristãos, ao longo do mês Novembro, a orar pelos “irmãos que já partiram”.
Do que me tem sido constatar, parece-me que a grande  Solenidade de Todos os Santos tem passado um pouco à margem dos cristãos, sendo de algum manodo suplantada pelo Comemoração dos Fiéis Defuntos. Em parte é compreensível, pois são os Fiéis Defuntos que necessitam das nossas orações, enquanto os Santos dispensam os nossos louvores, mas não esqueçamos que eles são nossos intercessores junto de Deus.
No sentido de catequizar vamo-nos servir de alguns números do Catecismo da Igreja Católica que nos falam da comunhão da Igreja do Céu e da Terra.
Assim podemos ler: 
“Enquanto o Senhor não vier na sua majestade e todos os seus anjos com ele e, vencida a morte, tudo lhe for submetido, uns dos seus discípulos peregrinam na Terra; outros, passados esta vida, são purificados, e outros, finalmente, contemplam ‘claramente Deus trino e uno, como Ele é [...]. E, assim, de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo, mas antes, segundo a constante fé da Igreja, essa união é reforçada pela comunicação dos bens espirituais.” (C.I.C. 954 e 955)
Quando fala da “intercessão dos santos” no referido catecismo podemos ler:
“Porque os bem-aventurados, estando mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a Igreja na Santidade (...), não cessam de interceder, por Ele, com Ele e n’Ele, a nosso favor, diante do Pai, apresentando os  méritos que na Terra alcançaram, graças ao mediador único entre Deus e os homens, Jesus Cristo [...]. A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela sua solicitude de irmãos (C.I.C. 956),
Ao falar da ‘comunhão com os santos’, prossegue: “Não é só por causa do seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente ainda mais com o exercício da caridade fraterna. Pois assim como a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e cabeça, toda a graça e a própria vida do povo de Deus” (CIC 957).
Seguidamente o Catecismo fala da ‘comunhão com os defuntos’, dizendo: “Reconhecendo  claramente esta comunhão de todo o Corpo místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam cultivou com muita piedade, desde os primeiros tempos do cristianismo a memória dos defuntos; e, ‘porque é coisa santa e salutar rezar pelos mortos, para que assim sejam livres de seus pecados’, por eles ofereceu também sufrágios. A nossa oração pode não só ajudá-los, mas também tornar mais eficaz a sua oração em nosso favor”, continuando: “Todos os que somos filhos de Deus, e formamos em Cristo uma família, ao comunicarmos na  caridade mútua e no comum louvor da Santíssima Trindade, correspondemos à íntima vocação da Igreja” (CIC 958-959).
E se até agora falamos da Comunhão da Igreja e dos Santos, vejamos o que nos diz o Catecismo acerca das [Almas] do Purgatório: “Os que morrem na graça e amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do Céu”. “A Igreja chama ‘Purgatório’ a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. [...] A Tradição da Igreja, com referência a certos textos da Escritura, fala de um fogo purificador [...], pelo que [...] podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas, neste mundo e outras no mundo que há-de vir” (CIC 1030-1031).
E prossegue: “Esta doutrina apoia-se na prática da oração pelos defuntos [...]. Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o sacrifício eucarístico, para que, purificados, pudessem chegar à visão beatífica. A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos” (CIC 1032).
Que estes ensinamentos da Igreja nos ajudem a esclarecer a nossa fé, bastante deturpada neste campo, a honrar os Santos e a sufragar os nossos irmãos que já partiram!  

Chama n.º 768 | 31 Outubro ‘10

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